
Point do bairro São Pelegrino: o Bar Danúbio em meados dos anos 1950. Foto: acervo pessoal de Elda Fochesato, divulgação
Bem antes de consagrar os filés e baurus e se transformar em um ícone do bairro São Pelegrino – e da cidade –, o Restaurante Danúbio funcionava como bar e sorveteria. Nas décadas de 1950 e 1960, era lá que os moradores das redondezas, especialmente as crianças, se deliciavam com os sorvetes vendidos pela família Fochesato.
A oferta de sabores não chegava nem perto da quantidade de hoje – resumia-se a chocolate, morango, creme, nata e outros poucos –, o que não impedia o consumo de latões e latões da iguaria no verão.
Cleide Fochesato Caldeira, 65 anos, era uma das crianças do bairro naqueles tempos – morava, inclusive, na Av. Itália, em um daqueles clássicos casarões de madeira ao lado do bar.
– Era o ponto de encontro, todo mundo comprava lá, e o sorvete era uma atração para nós – recorda a ex-moradora, que disponibilizou a imagem acima a partir do acervo de fotos da mãe, Elda Fochesato, viúva de Tercílio Fochesato, um dos irmãos fundadores.
Clique na imagem abaixo para ler o texto original da inauguração em 1953.

Anúncio dos anos 1950 destacava o local como o ponto preferido do bairro. Foto: reprodução jornal Pioneiro
Inauguração em 1953
O Danúbio abriu as portas em finais de outubro de 1953, sob o comando dos irmãos Tercílio, José e Enói Fochesato, filhos de Caetano Fochesato. Reportagem do jornal Diário do Nordeste de 1º de novembro de 1953 detalhou a inauguração do bar, definindo-o como “mais um estabelecimento que vem ao encontro das aspirações dos moradores do populoso e progressista bairro São Pelegrino”.
O texto destacava a moderna estrutura, com “balcões graníticos, sorveteira-balcão, refrigerador embutido e rádio-eletrola, enfim todo o necessário para oferecer aos habitués um ambiente saudável, confortável e seleto, próprio para reuniões familiares”.
Sem falar no sortimento de produtos: bebidas, refrigerantes, frios, doces, pastéis, sorvetes, cafés, cigarros e demais especiarias. Já o espaço do subsolo era conhecido por “Reservado Especial”.
Além dos proprietários e convidados, a solenidade de inauguração teve o discurso do amigo Aparício Postali, dentista cuja atuação também marcou época no bairro São Pelegrino.
Detalhe: conforme o texto da foto acima, em 1953 a Av. Itália era conhecida por Av. Brasil, uma mudança decorrente da Segunda Guerra Mundial. Já Castro Alves era o nome original da Rua La Salle. A alteração deu-se em 1961, por decreto do prefeito Armando Biazus, em homenagem ao 50º aniversário da Congregação dos Irmãos das Escolas Cristãs em Caxias do Sul.
Com a colaboração do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
Veja mais fotos antigas do bairro São Pelegrino clicando AQUI.
Caravaggio e a Via Sacra de Locatelli em 1960.
Vídeo: a inauguração da Via Sacra de Locatelli em 1960.

O proprietário Tranqüilo Carniel e o prato que é um clássico da gastronomia caxiense. Foto: Julio Soares, acervo Restaurante Danúbio, divulgação
O Bauru Rei
Localizado na esquina da Av. Itália com a Rua La Salle, o Danúbio passou a funcionar como restaurante a partir de meados dos anos 1960, quando o famoso Bauru Rei começou a tomar forma.
O carro-chefe do lugar, inclusive, já faturou o prêmio de melhor prato da cidade em uma das edições do Guia Divina Cozinha Top, elaborado pela Dolaimes Comunicação.
Desde os anos 1980, o Danúbio está sob o comando da família de Tranqüilo Carniel.
Histórias de São Pelegrino na Cafeteria Tres.
Igreja de São Pelegrino nos tempos do pintor Emilio Sessa.

Livro sobre o bairro tem lançamento em 17 de agosto, no Shopping San Pelegrino. Foto: reprodução Editora Belas Letras
São Pelegrino em livro
A memória do bairro ganha evidência em agosto, quando será lançado o livro São Pelegrino – Quem Te Viu…Quem Te Vê….
Fruto de uma parceria entre a Três Tempos Memória Corporativa, o produtor cultural Cláudio Troian e o Shopping San Pelegrino, a obra traça um panorama das transformações dos espaços públicos e estabelecimentos industriais, comerciais e de serviços, incluindo seus colégios e instituições de ensino, como o La Salle e o São Carlos.
O livro conta ainda com um ensaio fotográfico atual do bairro, captado por Guilherme Jordani, além de depoimentos de antigos e atuais proprietários de endereços marcantes.
O lançamento ocorre dia 17 de agosto, às 19h30min, no Shopping San Pelegrino, durante a Semana Municipal do Patrimônio Histórico de Caxias do Sul, de 12 a 18 de agosto.
O livro sai pela Editora Belas Letras.
Que delícia ler essa matéria sobre o bar Danúbio. Toda vez que visito a cidade não deixo de comer o seu famoso Bauru! Como neta do vô Tercílio, já ouvi muitas histórias sobre os sorvetes tão esperados pela criançada. Parabéns, Rodrigo! Adorei o blog.
Adoro o bauru do Danúbio, foi um dos primeiros lugares que comi ao chegar em Caxias do Sul no ano de 2008. Sempre que vou a Caxias, tento passar por lá e matar a saudade. Obrigado por mais uma matéria excelente. Acompanho o seu blog a muito tempo. Parabéns!
Alguém ensinou a receita do bauru e deve ter sido um paulista! Melhor contar essa história direito.
Sim, a história da criação do bauru, o início do bar Cigana e as adaptações que foram sendo feitas ao longo dos tempos merecem um post extra. Recordaremos isso numa coluna temática sobre o bar Cigana. Você teria mais informações e fotos sobre ele? Obrigado! Um abraço!
Oi, Rodrigo. Infelizmente, não tenho fotos. Estou na expectativa pra saber mais sobre o Cigana e a história do bauru caxiense, pois pelo que me consta, é um prato típico paulistano e o professor só pode ter vindo de lá. Ouvi uma versão dessa história, quero ver a de vocês. Abraço e parabéns.