
Instituto Hércules Galló, cujas casas restauradas foram entregues em 2012, abriga o primeiro núcleo do Museu de Território de Galópolis. Foto: Luiz Chaves, divulgação
Galópolis entra em uma nova etapa de sua história a partir deste sábado (28). Às 10h inaugura oficialmente o primeiro núcleo do Museu de Território. A iniciativa, pioneira na Região Sul, mapeia e valoriza o patrimônio cultural, arquitetônico e natural da localidade, com a participação ativa dos moradores.
A cerimônia de abertura ocorre no Instituto Hércules Galló, na chamada Casa 2, construída pelo empreendedor italiano em 1908 e restaurada em 2012. É lá que o projeto tem largada, a partir da musealização de dois de seus cômodos e da colocação do primeiro totem-símbolo do Museu de Território.
A partir de 2016, essas estruturas devem ser estendidas a outros pontos históricos do bairro, como a antiga Vila Operária, a Igreja Matriz, a Cascata Véu de Noiva, o Cine Operário, o Lanifício São Pedro, o Círculo Operário Ismael Chaves Barcellos e a praça.
Ensaio fotográfico: a Vila Operária e o casario antigo de Galópolis.
A primeira etapa
Idealizado pela museóloga e pesquisadora Tânia Tonet, o Museu de Território inicia-se com a entrega da Casa 2 devidamente harmonizada. Entram aí o “museu exposição” e o “museu ambientação” – neste último enquadram-se o vestíbulo e a sala de jantar onde Galló e família reuniam-se para as refeições. Estão lá a mesa, as cadeiras, as cristaleiras, louças, toalhas, talheres e diversos outros utensílios originais.
O núcleo familiar engloba ainda a Casa 1 (construída em 1904), o jardim (que foi musealizado e vem recebendo o plantio de flores da época, como camélias, margaridas, jasmins e hortênsias) e a Sala Multiuso Edwige Galló (esposa de Hércules).
O foco, no entanto, não são as peças em si, mas o contexto em que estão incluídas.
– A essência é musealizar o território e territorializar o museu, a partir de um trabalho de interação com a comunidade. É ela quem escolhe o que estará sendo preservado como marco, sem tombamento, sinalizando os locais históricos e compondo um grande cenário cultural – explica Tânia.
Um desses pontos seria, inclusive, uma das grandes atrações naturais de Galópolis: a árvore onde centenas de garças se reproduzem, às margens da BR-116.
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Exposição Janelas de Galópolis destaca a arquitetura típica do bairro.

Ambiência Sala de Jantar remete o visitante ao antigo espaço de refeições da família de Hércules Galló. Foto: Felipe Nyland
Espaço físico e interação digital
A partir deste sábado o vistante poderá acessar toda essa história secular por meio de duas linguagens: a física e a digital.
Na física entram, além dos espaços ambientados, os painéis com depoimentos e as vitrines com objetos e roupas usados pelas famílias que habitaram a casa – além de Galló, o casarão abrigou os Schenke, os Solio e os Canutto. Outra atração são algumas peças e amostras de tecidos disponibilizadas pela Cootegal, a partir do acervo do antigo Lanifício São Pedro.
Na parte digital, telas de touch screen destacam reproduções de antigas fotografias cedidas pelas famílias da comunidade e dois vídeos sobre a imigração e a industrialização, produzidos pela produtora Spaghetti Filmes. Uma belíssima e inédita vista aérea do bairro, captada por drone, é outro destaque.
Museu de Território de Galópolis: uma viagem à infância.

Renato Solio, bisneto e um dos diretores do Instituto Hércules Galló, mostra o rico acervo de imagens que o Museu de Território oferece. Foto: Felipe Nyland
Pertencimento e valorização da identidade
Para o arquiteto Renato Solio, bisneto de Hércules e um dos diretores do Instituto, a ideia é despertar na comunidade esse sentido de pertencimento e integração com o lugar.
– O Museu de Território é um testemunho arquitetônico e do envolvimento das pessoas com o seu entorno. É algo que mexe com a valorização da identidade de Galópolis – avalia Renato, que morou no casarão durante parte da infância.
Toda essa iniciativa dialoga ainda com outro ponto fundamental: fomentar o enorme potencial turístico de Galópolis, oferecendo aos visitantes experiências que extrapolam as paredes de um museu.
– Não estamos produzindo o cenário, o cenário já existe. Galópolis toda é o museu – completa Tânia Tonet.
Museu de Território de Galópolis: um vínculo comunitário.

Livros em várias línguas e objetos que pertenceram à família Galló também compõem o acervo. Foto: Felipe Nyland

Antigos utensílios de cozinha e depoimentos de moradores conduzem o visitante a uma viagem no tempo. Foto: Felipe Nyland

No segundo pavimento, uma das salas traz peças usadas pelas crianças da família Galló. Foto: Felipe Nyland

Documentos de Ercole Solio e Antonia Tumelero (dona Lina), um dos casais moradores do casarão. Foto: Felipe Nyland
No Brasil
O Museu de Território foi viabilizado com o apoio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura e de empresas participantes, por iniciativa do Instituto Hércules Galló.
No Brasil existem projetos semelhantes na cidade de Itabira (MG), terra-natal do poeta Carlos Drummond de Andrade, e em Paraty, no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul, é o primeiro.
Em 1947: Galópolis ganha uma nova igreja.
Galópolis antiga: Grupo de Bolão Explosivo em 1945.
Família Rigon e os povoadores da antiga Colônia Caxias.
Visite
* O quê: inauguração do primeiro núcleo do Museu de Território de Galópolis, no Instituto Hércules Galló
* Quando: neste sábado, 28, às 10h. A visitação segue até as 17h30min. No domingo, visitação das 13h30min às 17h30min. Horário normal: terça a sábado, das 13h30min às 17h30min
* Onde: BR-116, 1.579, Galópolis
* Quanto: entrada franca
Muito bacana relembrar a origem de Galópolis.