
Manoel Martins e os roseirais em meados dos anos 1960. Foto: José Zugno, acervo pessoal de Ricardo Zugno, divulgação
Às vésperas da abertura da Semana do Meio Ambiente, dia 1º de junho, recordamos não apenas de um espaço que marcou época na cidade, mas também de um de seus principais personagens. Trata-se de Manoel Martins (1921-1992), o jardineiro responsável pelos roseirais do antigo Horto Municipal de Caxias do Sul.
Conforme a filha Clari Souza, além de ajudar na construção do muro da represa São Miguel, seu Martins auxiliou no plantio de centenas de pinheiros, eucaliptos e ciprestes que deram origem à exuberante floresta junto ao Arroio Dal Bó – era a época em que o funcionário trabalhava nos viveiros de mudas de árvores, sob a orientação do engenheiro agrônomo e titular da Diretoria de Fomento e Assistência Rural da prefeitura, José Zugno (1924-2008).
Em meados da década de 1950, Zugno e “Seu Manoelzinho”, como era carinhosamente chamado devido à baixa estatura e ao corpo franzino, viajaram ao município de Santa Rosa, em busca de mudas de roseiras e orientações de plantio. Iniciava-se aí o grande roseiral que abasteceria diversos jardins e praças da cidade, entre elas a mais lembrada de todas: a florida Praça Dante dos anos 1950, 1960 e 1970.
Na foto acima, um clássico registro de seu Martins em meio aos canteiros do horto, que na década de 1970 chegou a concentrar cerca de 65 mil pés de rosas. Hoje, o lugar é a sede do Jardim Botânico de Caxias do Sul, inspiração para o belo ensaio fotográfico que você confere clicando AQUI.
Leia mais sobre a história do Horto Municipal e veja fotos das antigas roseiras da Praça Dante clicando AQUI.

Horto Municipal nos anos 1960: o menino Nereu Antonio Martins, filho de seu Manoel, e as rosas que abasteciam as praças e parques de Caxias do Sul. Foto: José Zugno, acervo pessoal de Ricardo Zugno, divulgação

Em 1965: jardins como os da Praça Dante Alighieri eram abastecidos pelas rosas do Horto Municipal e serviam de cenário para fotos como a de Tereza Marta Zugno, filha do engenheiro agrônomo José Zugno. Foto: José Zugno, acervo pessoal de Ricardo Zugno, divulgação

Nostalgia da Praça: Tereza Marta Zugno em meio ao colorido das rosas em 1965. Foto: José Zugno, acervo pessoal de Ricardo Zugno, divulgação
Rosas em família
Nascido em Torres, seu Manoel morou por décadas no Horto Municipal e teve sua vida atrelada ao lugar. Conhecedor de cada espécie pelo nome, batizou uma das filhas – adivinhem! – de Rosa.
Já a filha Elisabeth recebeu esse nome em homenagem à flor Queen Elisabeth (Rainha Elisabeth), uma das variedades que mais encantava os frequentadores da praça de 50 anos atrás.
Os roseirais também fizeram parte da infância do filho Nereu Martins. O pequeno cresceu em meio ao horto, juntamente com os filhos de José Zugno. Naquele início dos anos 1960, as crianças auxiliavam no plantio e também em “outras funções”.
– A gente tinha que ficar fazendo pose um tempão, até o pai ajustar o foco e a luminosidade da câmera – recorda o filho Ricardo Zugno, na foto abaixo com o amigo Nereu (à esquerda) e a irmã, Tereza Marta Zugno (que saiu cortada na imagem original, de 1963).
Uma frase da filha Clari resume bem a trajetória de seu Manuel.
– As rosas fizeram parte de sua vida, de suas alegrias.
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Infância florida: Nereu Martins, Ricardo Zugno e Tereza Marta Zugno nos jardins do Horto Municipal em 1963. Foto: José Zugno, acervo pessoal de Ricardo Zugno, divulgação

Nereu Martins, filho do jardineiro Manoel Martins, o seu Manuelzinho. Foto: José Zugno, acervo pessoal de Ricardo Zugno, divulgação
Pais e filhos
Além de Nereu, Rosa, Clari e Elisabeth, seu Martins teve mais três filhos: Remi, Rui e Adair, frutos de seu casamento com Verginia Gazziero em 9 de setembro de 1950, na Catedral Diocesana.
Vida agrícola
Na coluna Vida Agrícola, publicada na edição de 9 de dezembro de 1992 no Correio Riograndense, José Zugno recordou das antigas exposições de flores e do fiel jardineiro:
Era tão apaixonado pelo seu trabalho no roseiral que deu nome de rosas às suas diversas filhas (…) Homens como ele, simples, trabalhadores e honestos, contribuem mais para o bem de uma comunidade do que tantas figuras vistosas e badaladas que conhecemos. Na hora derradeira da despedida, disse a seus filhos que eles, em cada rosa que virem, seja nas praças, jardins ou em qualquer lugar, terão sempre presente a memória honrada e amorosa do pai.
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