O deputado Sargento Soares, do PDT, envia e-mail com apreciações judiciosas sobre a diluição do poder político em Santa Catarina. Traz informações interessantes e faz projeções ainda mais instigantes. Merece leitura:
Caro Moacir,
Na sua coluna deste domingo, no DC, você informa que o PMDB pode chegar a 112 prefeitos eleitos no Estado se for confirmada a eleição de Dário Berger na Capital. Sei que a questão quantitativa não era o miolo de seu raciocínio, com o qual concordo, mas existe uma pequena diferença.
O número de 111 prefeitos é a informação do dia 6 de outubro, quando alguns casos estava na justiça. Não acompanhei isso em todas as cidades onde havia (há) lide judicial, mas em dois dos municípios onde era dado o PMDB como vencedor, a justiça já definiu e o PMDB perdeu a vaga.
São eles: Imbuia, no Alto Vale, onde constava como eleito o candidato do PMDB, mas o candidato mais votado, do PP, acabou vencendo na justiça e será empossado prefeito.
Em Laguna, no dia 6 de outubro constava o candidato do PMDB como eleito, mas o mais votado, Célio Antônio, do PT, venceu na justiça, e reassumirá em 1º de janeiro.
Em Mafra, ainda segue a disputa na justiça. Se Carlinhos da Farmácia, do PP, vencer na justiça, o PMDB perderá mais uma prefeitura. É provável que aconteça, pois o caso do Carlinhos é igual ao caso judicial do prefeito eleito e já garantido de Imbuia.
Com o resultado até aqui, o PMDB diminuiu perdeu duas prefeituras, uma para o PP e outra para o PT. Se a justiça der resultado favorável para o Carlinhos, em Mafra, o PMDB ficará com 108 cidades. Se Mafra ficar como está, o PMDB terá 109 prefeitos, somando 110 com a capital no caso da vitória de Dário.
Claro, pode ter tido outras perdas e ganhos pelo Estado afora, inclusive em benefício do PMDB. Vale é observar a nova composição na página do TSE, pois, se uns perdem, outros ganham.
Claro que para a sua reflexão, Imbuia (minha cidade natal) conta muito pouco, pois tem apenas 4 mil eleitores. Mas, Mafra no Planalto Norte e Laguna no Sul, embora não estejam entre as maiores, não deixam de ser polos de influência em suas micro-regiões. Laguna é a cidade natal do presidente do PMDB e aspirante ao governo em 2010. Com a perda de Laguna, já decidida em favor do PT, o PMDB não venceu em nenhuma das cidades importantes do Sul, e isso pode pesar na eleição de 2010.
Bom, vou parar de te importunar com isso, nesse dia em que o foco do mundo barriga-verde está em Fpolis e em Joinville.
Tirando esses casos pontuais, concordo com tudo que você escreveu: a coisa está bem dividida entre os cinco maiores partidos, o que deixa o campo indefinido para 2010. Uma coisa que você não explorou (e nem seria razoável num grande meio de comunicação na véspera da eleição), é a possibilidade de uma sexta força (quebrando ainda mais o PMDB) que pode surgir da saída do Dário para o PSB daqui a 18 meses. Dário, no PSB, em uma aliança com o PR do Nelson Goetem, poderia estilhaçar ainda mais o espectro político estadual. Claro que essa turma toda não dorme em serviço, e haverão composições mesmo entre os grandes partidos, mas mesmo essas composições não têm um direcionamento de fácil vislumbramento nessa altura da corrida.
E, diante de uma realidade de cinco ou seis forças com potencial inicial assemelhado, não dá para fechar os olhos para a possibilidade de nascimento de uma sétima força, de caráter efetivamente popular. Se essa turma toda não se acertar na hora de dividir o “espólio”, uma vaga ao segundo turno de 2010 pode ser despistada na faixa dos 15% (ou até menos) dos votos.
Mas deixemos a história se construir, com os agentes sociais e políticos interagindo com a sociedade. A crise econômica que está começando pode colocar elementos centrais nesse debate, elementos que hoje não estão na ordem do dia.
Abraços!!!
Sargento Amauri Soares,
Deputado Estadual
Postado por Moacir Pereira