Intitulada “Caos no Hospital Infantil”, transcrevo nota remetida por Gilberto Lopes Teixeira: “Escrevo, na madrugada, ao lado do leito hospitalar de meu sobrinho/afilhado, em recuperação. Após cinco longos dias, desabo em palavras, antes que a loucura, indignação, lágrimas e o cansaço me consumam por completo. Falta de leitos, quase todos incompletos e sucateados, falta de estrutura médico-hospitalar, falta de medicamentos, escassez de médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais em número suficiente para suprir o fluxo diário. Ironicamente a abundância de técnicos e auxiliares camufla a imensa carência de pessoal experiente para atender a demanda dos enfermos anjos da terra e seus pais. Vejo vigilantes terceirizados despreparados para lidar com o público, familiares e visitantes. Pacientes juvenis, meras crianças, são lançados ao descaso continuo das autoridades públicas. Pais sofridos multiplicam as suplicas pelos seus entes adoecidos. A vida efêmera vale um sopro, a morte vagueia pelos corredores do que um dia foi um hospital de referência, formado por profissionais com dignos salários e condições de exercer a profissão plena. Viro a noite acordado ao lado do leito, sem dormir, pois, por duas vezes, quase trocaram as medicações das crianças agrupadas em um quarto apertado, desumano, sem as mínimas condições. São informações perdidas, desencontradas – pasmem – falta de identificação das crianças nos leitos. Protocolo na ouvidoria da casa de saúde minha indignação, mais uma talvez. Do que adiante o pagamento de impostos e planos médicos particulares se o único hospital Infantil do Estado, Joana de Gusmão, beira aos caos? Não sendo pior ante a presença de alguns bravos profissionais que ainda encontram força e coragem para doarem-se nesta luta diária. Clamo providencias do Ministério Público, OAB, Conselhos Regionais de Medicina e Enfermagem e das autoridades omissas. Vergonha para Santa Catarina. Por agora, durma em paz, sobrinho amado, ao teu lado estarei: “Oh meu bom Jesus, que a todos conduz, olhai as crianças, do nosso Brasil”.