Do professor aposentado Aloisio Antoni, em comentário intitulado “Magistério: uma greve sem futuro”, via e-mail:
“Com vivência de 36 anos de magistério, tendo participado de aproximadamente uma dezena de greves ,algumas com êxito e outras com fracassos, permito-me fazer uma análise a atual paralização e ao mesmo tempo sugerir alguns passos a serem dados de forma a levar a classe novamente à auto-estima e valorização. Não creio no êxito desta greve pelos pressupotos que analisarei, e que aliás foram por mim expostos neste blog em diiversas intervenções de alerta antes de eclodir o movimento , surpreendentemente proclamado pelo SINTE na Assembléia Geral , à revelia de significativa parte das Assembleias Regionais cuja recomendação era de cautela e negociação.
Os vícios que provavelmente a abortarão são vários, tanto do SINTE como do Governo.
Em relação ao SINTE podemos analisar: : a) A descrença da classe no seu próprio Sindicato, que aceitou terminar a greve passada sem lavrar um documento com valor jurídico e divulgá-lo fartamente na mídia contendo as obrigações aceitas pelo governo como condição do encerramento da greve :pagamento do reajuste de 22%,Concurso Público de Ingresso e elaboração imediata de Plano de Carreira. b) Atuação pífia do Sindicato no Grupo de Trabalho ou a pouca divulgação de sua participação, se existiu. c) Contaminação do movimento grevista por política partidária pela manifestação ostensiva de repulsa aos Deputados da Situação e ênfase a pessoas diretamente ligadas a política partidária como candidatas a eleições vindouras. d) O magistério está depauperado, pois há 10 anos vive à mingua. Não há professor que não tenha prestações a pagar: carro, casa própria, aluguel, cartões etc.Isto lhe tira a tranqulidade e já está levando gente a psiquiatras e grande parte não aguentará este novo desgaste que uma prolongada greve requer…f) O SINTE, pelo que está-se observando, não tem uma Assessoria Jurídica atuante e confiável pois há muito já deveria ter acionado o governo, cobrando na justiça o cumprimento das obrigações federais.Isto dá insegurança aos professores e a prudência os manda recuar..
Da parte do Governo , ele possui armas poderosas, contra as quais dificilmente a categoria terá condições de reagir:a) SEAD age de má fé distorcendo a verdade pelo exorbitande aumento dado à classe inicial do magistério, leia-se ACTs,como forma de burlar a lei federal do PISO, com propaganda enganosa na mídia à custos muito elevados, somas que o SINTE não possue para o desmentir .b) A SEED tem um contingente de quse 50% do magistério posta entre a espada e a parede, pois se de um lado recebeu um aumento generoso e inesperado , do outro está passível de demissão a qualquer hora caso não se submeta aos ditames superiores.c) O governo acena com promessas de reinício de negociações condicionadas à volta as aulas, o que dá a falsa impressão aos pais de alunos que os maus da história são os professores que radicalizam ao não quererem negociar.
Analisando o conjunto deste quadro, nítidamente desfavoravel aos professores, a tática recomendavel seria aceitar o desafio do governo de voltar às aulas porém exigindo a imediata reabertura de negociação transparente, com divulgação dos atos na mídia, onde creio que este blog do jornalista Moacir Pereira teria grande papel, visto que democraticamente aceita registrar os comentários pró e contra. Alem disso o ingresso na Justiça contra a perda dos direitos adquiridos do Plano de Carreira seria outro ingrediente necessário à afirmação do professor,coerente com o que diz a lei do direito adquirido e também uma Ação obrigando o governo aos pagamento correto do Piso Federal a todos .
Aloisio Antoni – professor aposentado..