Foi uma quarta-feira pesada. Não me entenda mal, eu obviamente me diverti muito em Paris (como não, né?), mas com o passar do dia fui perdendo a esperança de recuperar as minhas malas. Para quem perdeu a história, sugiro passar aqui nesse link. Tentei ficar calma e pensar positivo e estava até achando graça de estar tendo que comprar roupa nova todo dia, mas a TAM foi me dando cada vez menos retornos e, quando vinham, era lacônicos, com informações mínimas. No fim das contas, acreditam que o contato mais efetivo que consegui com a companhia foi pelo Twitter? Eu detesto me expor reclamando na internet, mas foi ali que me responderam. Não diziam nada, só que estavam averiguando, mas pelo menos respondiam, o que é um certo alívio em momentos de pânico.
No meio da tarde uma funcionária me ligou e disse que as malas chegariam ao nosso hotel à noite. Podres de sono, esperamos acordados até 23h. Chegaram, mas só as do Marcelo. Confesso, gurias: caí no choro. Meio por cansaço, meio por tristeza pelos itens (de valor financeiro e os de valor pessoal, especialmente) e muito por pensar que todo meu dinheiro que trouxe teria que ser investido comprando roupa para usar aqui. Sabe-se se lá quando iria resolver a pendenga, receber mais dinheiro da TAM, acionar seguro viagem. Fiquei um caco.
Falamos com o Renan, da nossa agência no Brasil (se chama Raphaelli Turismo e são uns queridos) e eles entraram no circuito para ajudar, pois os telefones que nos deixaram aqui de Paris caíam só em secretárias eletrônicas, os e-mails não eram mais respondidos tarde da noite. Minha cabeça explodia (algumas pessoas sabem que eu tenho enxaqueca pesada) e eu só conseguia lembrar que os remédios estavam na mala (os da bagagem de mão tinham terminado). Resumo da ópera: na madruga encontraram a minha mala. Tomei meu remédio e dormi bem. Agora acordamos e vamos para a Disney, um dos meus lugares preferidos no mundo, onde vou esquecer um pouco desse estresse.
Sei que existe muita coisa ruim no mundo e que perder malas é uma bobagem frente à fome, à guerra, mas é uma situação de impotência. Eu falo inglês, mas nem todo mundo no aeroporto de Paris se comunicava bem no idioma. Fiquei pensando se fosse com meus pais, que nem inglês falam. Se sentiriam sem ação, tenho certeza. E o que vai numa mala, só o dono sabe o valor que tem.
Tentando recuperar o bom humor e tocar a viagem para a frente, vou tentar fazer do limão uma limonada. Fiz uma entrevista vi e-mail ontem com o Omar Ferri Jr., um advogado ligado a causas de direitos do consumidor que sempre foi uma ótima fonte no meu trabalho de jornalista. Gentilmente, ele respondeu as minhas perguntas e eu deixo aqui um guia. Salvem nos favoritos, passem para amigos que vão viajar. Se acontecer essa caca das malas serem perdidas, é assim que você deve proceder.
A bagagem não apareceu no aeroporto. Qual a primeira coisa que devo fazer?
O consumidor deve avisar a companhia aérea imediatamente. Procure um funcionário da empresa e solicite o preenchimento do Registro de Irregularidade de Bagagem (RIB) ou algum formulário similar, pois a companhia pode ter o seu próprio formulário (Property Irregularity Report (PIR). Este é como se fosse um boletim de ocorrência, lá devem estar todos os dados como: (nome, número do vôo, destino final – tipo de mala, etc). Se houver negativa da companhia em registrar, procure saber se há no aeroporto um posto do Procon, se não tiver vá até o DAC- Departamento de Aviação Civil (DAC), e comunique o fato.
A mala chegou avariada.
Mesmo que a mala chegue ao seu destino e que você não tenha um prejuízo sobre seus pertences que estiverem no seu interior, você tem direito também a realizar a reclamação na companhia. E solicitar a substituição de sua mala ou o conserto se for o caso.
Existe um prazo solicitar uma indenização caso a mala não apareça?
Quando uma mala não for encontrada dentro do prazo de 30 dias, o consumidor tem direito a indenização pelo extravio. Para voos internacionais ponto a ponto prevalece a convenção de Varsóvia que tem uma indenização até mais ou menos US$ 400,00. Quando tratar-se de voo internacional em que a cia é brasileira ou que o ponto de partida for o Brasil, não importando a companhia, o consumidor poderá utilizar-se do CDC Código de Defesa do Consumidor, que prevê a efetiva devolução comprovada de todos os pertences que haviam na bagagem, não importando o valor.
Como posso me virar no primeiro dia sem as minhas coisas?
Algumas empresas aéreas oferecem uma ajuda de custo ao passageiro quando este não estiver na cidade onde mora. O importante é o consumidor guardar todas as notas fiscais de produtos essenciais ao dia dia (vestuário e higiene), para depois solicitar o ressarcimento. Se a companhia se negar há a possibilidade de ajuizamento de ação no JECs (juizado Especial Civil).
Dicas importantes para evitar transtornos:
- Identifique todas suas malas, sacolas ou pacotes por dentro e por fora, colocando o nome, endereço e telefone. Além disso, enfeites coloridos ajudam a destacar suas bagagens das demais;
- Use um cadeado para evitar arrombamentos. A alfândega dos Estados Unidos, por exemplo, pode abrir seus pertences caso suspeitem de algo. Para não danificar seus pertences, compre cadeados homologados pela TSA.
- Certifique -se de os comprovantes de entrega da bagagem vão para o mesmo destino que o seu;
- Leve pertences como joias, aparelhos eletrônicos, documentos e dinheiro sempre na sua bagagem de mão. Se possível, leve também uma muda de roupa.
- Alguns cartões de crédito oferecem seguros de viagem caso sejam utilizados para comprar as passagens aéreas. Verifique com sua operadora se o seu cartão possui esse benefício e se ele também cobre o extravio de bagagens.
- Caso você não concorde com os valores reembolsados poderá recorrer ao Procon; fazer um queixa formal junto ao ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) que encaminhará a reclamação ao presidente da empresa envolvida ou em último caso entrar com uma ação judicial para reaver seus direitos.
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Queridíssimo Omar, muito obrigada! De tudo o que o Omar contou aí em cima, algumas aconteceram comigo. No momento do extravio, ainda no aeroporto de Milão (via por onde chegamos à Europa) , a TAM nos deu 38 euros para o dia, mas nos dias seguintes, ainda com a mala desaparecida, não entrou mais em contato. Eu estava pronta para acionar o seguro viagem quando tudo se resolveu. Aliás, dá uma lidinha boa no seguro. Ele é obrigatório e gente imprime e nem lê. Valeu também pelos desejos de que tudo ia dar certo. Confesso que estava assustada.
Agora retomo minha viagem mais calma. Ontem revimos alguns pontos que amamos da primeira vez e hoje iremos rever um que sempre me faz sentir bem.

No Louvre, de roupitcha comprada no improviso. Monalisa mandou beijos. Está com a mesma carinha de sempre. Essa moça parece que não envelhece!

Mais doído que transtorno, só a saudade desse rapaz. Mas dei um jeito de trazer ele a Paris de outra forma, além de no meu coração.
Pessoas amadas que deixaram recados