Até 2050, acredita-se que 70% da população mundial viverá em cidades. Embora representem pouco menos de 1% da superfície terrestre, os aglomerados urbanos são responsáveis por consumir até 75% da energia do planeta e por produzir até 80% das emissões de gases de efeito estufa.
Por esses e outros motivos, a
Siemens, uma das líderes mundiais em engenharia, decidiu descobrir como está o desenvolvimento ambiental de grandes metrópoles ao redor do mundo. Em 2009, o foco do estudo, realizado pela consultoria Economist Intelligence Unit, foram as grandes cidades europeias. Este ano, as da América Latina.
Dezessete capitais, incluindo as brasileiras São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília, foram avaliadas. O resultado deu origem ao Latin American Green Index (Índice de Cidades Verdes da América Latina, em tradução livre).
O objetivo principal é mapear as ações das cidades a partir de diferentes critérios: energia e CO2, uso da terra e construções, transporte, resíduos, água, saneamento básico, qualidade do ar e governança ambiental.
Ao examinar o relatório, uma das surpresas é que não parece existir uma relação clara entre o desempenho ambiental e a renda per capita das cidades.
- Pensar que apenas cidades ricas podem ser verdes é um grande mito – garantiu Peter Löscher, CEO mundial da Siemens.
A grande cidade verde apontada pelo índice latino é a paranaense Curitiba, que alcançou uma classificação considerada muito superior à média. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília estão acima da média, enquanto Porto Alegre encaixa-se um pouco abaixo, na média estabelecida.
Ainda assim, as políticas ambientais da capital gaúcha foram destaque ao lado do sistema de captação e tratamento de água, considerado um exemplo a ser seguido. Nenhuma das cidades brasileiras foi considerada bem abaixo da média ou abaixo da média, diferentemente das vizinhas Buenos Aires e Montevidéu.
Onde funciona melhor
Qualidade do ar
Quito, Belo Horizonte, Porto Alegre e Cidade do México
Uso da terra e construções
Buenos Aires e Quito
Resíduos
Puebla e Belo Horizonte
Boas ideias
Em São Paulo, uma iniciativa tenta impedir o acúmulo de lixo nas ruas. A cidade criou centrais de coleta para os resíduos que são grandes demais para as lixeiras convencionais, como móveis velhos, restos de construção e galhos de árvores. Já Santiago, no Chile, está trabalhando com instituições de caridade para incentivar a participação da comunidade na reciclagem.
Saneamento
Não tem destaques
Governança ambiental
Não tem destaques
Transporte
Curitiba, Bogotá e Buenos Aires
Boas ideias
Nos finais de semana, Quito limita a entrada de pedestres e bicicletas no Centro. Medellín usa teleféricos para integrar áreas empobrecidas da cidade.
A Cidade do México criou um sistema de transporte escolar obrigatório para reduzir o número de viagens dos pais em carros particulares.
Água
Porto Alegre
Energia e CO2
São Paulo
Boas ideias
Belo Horizonte é líder em energia solar. São 12 vezes mais coletores por pessoa em relação ao resto país.
Curitiba estuda uma taxa de absorção de carbono em suas áreas verdes para limitar as emissões da cidade.
Na Colômbia, o maior projeto hidrelétrico do país, perto de Medellín, deve começar a operar com oito geradores em 2018.
Por que Curitiba é destaque
Única cidade bem acima da média entre as avaliadas na América Latina, Curitiba é destaque na categoria resíduos e qualidade do ar. Parte dos resultados positivos se deve a ações que começaram na década de 60.
Com o rápido crescimento urbano e populacional, o município tentou conter a expansão urbana com investimentos em transporte público de baixo custo e alta qualidade. Já na década de 80, os esforços focaram a criação de novas áreas verdes, saneamento básico, reciclagem e gestão de resíduos.
Além da qualidade do ar e do transporte público de sucesso, Curitiba fica acima da média por, segundo os avaliadores, encarar o tema de forma holística.
As avaliadas
Curitiba
Belo Horizonte
Medellín
Buenos Aires
Guadalajara
Bogotá
Cidade do México
Montevidéu
Lima
Brasília
Monterrey
Rio de Janeiro
Porto Alegre
São Paulo
Puebla
Quito
Santiago