Como diria a Dorotty, depois de aventurar pela terra de Oz, “não existe lugar como a nossa casa”. De volta a Joinville depois de seis dias em São Paulo batendo perna, respirando fumaça e enchendo os ouvidos de boa música, encontro a cidade quase submersa por causa da chuva que não pára de cair – é ônibus que não roda, é gente que não chega, é água que entra em casa e não baixa, é lama que desliza e apavora o cidadão, e por aí vai. Enquanto São Pedro castiga as ruas lá fora, aqui dentro tento sintonizar o Orelhada com o mundo atual, afinal, fique quase incomunicável nos últimos dias, sem acesso à internet (só na base do cartãozinho do hotel, e mesmo assim pra atualizar o blog) e lendo as manchetes dos jornais pendurados nas bancas paulistanas. TV, nem liguei. Pra piorar, os cds recém-adquiridos começam a ganhar proporções assustadoras sobre a mesa aqui do lado, e eu, sem tempo pra ouvi-los decentemente, já que há um atraso considerável pra tirar neste espaço. Portanto, vamos parar de enrolação e ir ao que interessa.
* Fevereiro da Silva tocou sábado passado no lendário 92º Graus, em Curitiba, ao lado das bandas Narciso Nada e Pão de Hamburger. Foi a primeira experiência dos samba-rockers joinvilenses fora de Santa Catarina, e garante o trompetista Hélio que a experiência foi das mais válidas, apesar da platéia a meio-pau e da odisséia que foi o grupo se achar na metrópole paranaense.
* Feveiro da Silva, aliás, é um dos nomes joinvilenses escalados pro Tschumistock 2008, que começa sexta agora (14) lá em Rio do Sul. Além do grupo, marcarão presença Ursulla, Old Machine e Karadura Blues Band, todos escalados pro sábado (15), sem dúvida o dia mais quente do evento – na mesma data se apresentarão Lenzi Brothers, Liss, Euthanásia, Headcutters e Variantes, entre outras boas bandas catarinas, além dos Dissonantes, de Curitiba. Clicando aqui você pára lá no site do festival e fica sabendo de tudo, desde a programação até preço de ingressos e estrutura. Orelhada deve dar um pulo até Rio do Sul pela primeira vez na vida (acreditem), mesmo porque confirmou presença na van que embarcará os velhos de guerra do Old Machine e do Karadura. Só falta resolver umas questões relativas ao seguro de vida…
* Ah, claro. O Old Machine nem terá tempo de esfriar as máquinas, porque no domingo (16) parte para Balneário Camboriú pra ser uma das atrações de abertura do show do Matanza no John Bull Pub. Chance de ouro pro furioso quarteto comandado por Chacal mostrar seu stoner de uma tonelada pra uma grande e ensadecida platéia. Anti-Heróis e Raul! abrem os trabalhos, às 17 horas. Ingressos a R$ 15 (1º lote) e R$ 20 (2º lote). Na hora, o preço já será outro.
- Falar de Rio do Sul é falar de Rafael Weiss, o homem por trás do blog Mundo47. Pois o grande sujeito manda avisar que o site mudou de provedor, perdendo o wordpress no endereço e passando a atender no www.mundo47.com . O que não mudou foi o talento, o empenho e o conhecimento de causa de Weiss da cultura rock em geral e da barriga-verde em particular. O reconhecimento adquirido pelo Mundo47 não é à toa, não.
* Weiss faz questão de avisar que domingo (16) vai voltar mais cedo do Tschumi porque tem um compromisso às 21 horas com o Expresso Rural no Teatro Municipal de Itajaí. Ótima desculpa. Assisti aos veteranos músicos no mês passado em Joinville e confirmo: é nostalgia pura, mas com o selo de qualidade do Inmetro. O show terá um gostinho especial porque o guitarrista Volnei Varaschim mora na cidade, assim como a cantora Louise Lucena, irmã do vocalista Daniel Lucena.
* Ainda falando em shows, sexta (14) tem Raimundos no Donna D, em Blumenau. Ainda restam ingressos (a R$ 25), mas algo me diz que eles não devem durar muito tempo. Se alguém conseguir falar com o Digão, alguém pode perguntar pra ele se leu a entrevista dada pel Rodolfo ao DC?
* Showzaço imperdível neste sábado (15) na Célula, em Floripa. Ninguém menos que Wander Wildner dá o ar da graça por lá pra mostrar as músicas de seu novo disco, “La Cancion Inesperada”. No repertório, além das novas canções e dos velhos e bons hits, constam duas contribuições catarinenses: “Não Contavam com os Pistoleiros”, dos próprios, e “Um Bom Motivo”, dos blumenauenses Stuart. Como se não bastasse, a noite ainda conta com Cassim & Barbárie e Pornô de Bolso.
* E até onde eu sei, o final de semana em Joinville é árido como o Sahaara em matéria de shows. Mas é só quarta-feira ainda.
* E parece que o Radiohead vem mesmo. Após anunciar shows em março na Cidade do México (16) e no Chile (27), o site da banda acrescentou Argentina e Brasil ao roteiro pela América Latina, mas não informou datas nem locais. No alto da página, em inglês, há um texto que diz: “Onde estiverem faltando locais ou datas, os detalhes serão anunciados mais tarde”. Acho que já dá pra ir guardando um dinheirinho, né não?
* O R.E.M. fez um segundo show em São Paulo na terça (11) e tocou nada menos do que 10 músicas que não estavam no set list da apresentação do dia anterior, vista por Orelhada. Entre elas, as estupendas (e antigonas) “Driver 8″ e “Begin the Begin”, além de “Exhuming McCarthy”, retirada do “Document” (87), o disco da vida deste jornalista. Pena que a grana só deu pra um show.
* Ainda bem que sobraram umas moedas pra, como de costume, encher a mala com cds difícilimos de encontrar por aqui, ainda mais com preços não-abusivos. Orelhada conseguiu colocar as mãos numa edição nacional de “Send Away the Tigers”, do Manic Street Preachers, de 2007, que a Sony-BMG lançou no Brasil sem dar muito bola. É um discão que recupera a veio roqueira perdida no meia-boca “Lifeblood” (2004). Agora, “Burned”, do Electrafixion, foi um achado mesmo. Trata-se do disco que Ian McCulloch e Will Sargeant lançaram em 95, após colocarem um fim no Echo & The Bunnymen (reativado anos depois). Vivia-se a era grunge, e os dois trataram de pôr as guitarras lá nas alturas. Mas as melodias continuavam inspiradíssimas. Corram atrás, é a melhor sugestão que posso dar. Até descolei o clipe da faixa “Zephyr” pra vocês não ficarem com dúvida.
Postado por rubensherbst