Outro Stones de 1969, só que este em clima bem mais amistoso: tocando no Hyde Park, em Londres, apenas dois dias após a morte de Brian Jones e estreando o jovem (20 anos) e virtuoso guitarrista Mick Taylor.
Era pra ter sido uma gloriosa resposta dos Stones ao festival de Woodstock, mas acabou se tornando uma das maiores manchas no currículo da banda. O concerto gratuito em Altamont (EUA), em dezembro de 1969, foi uma confusão monumental do começo ao fim, coroada pela morte do espectador Meredith Hunter por um membro dos Hell’s Angels, contratados pra fazer a “segurança” do show. Apesar disso – ou melhor, por causa disso -, virou um filme clássico do rock, Gimme Shelter, de onde saem os dois registros abaixo.
Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts e Ron Wood renderam-se ao clamor popular e fizeram a primeira foto juntos desde 2008. Foi na quarta-feira, em frente ao prédio onde funcionou o lendário Marquee Club, onde os Rolling Stones fizeram seu primeiro show, há 50 anos. Hoje, uma agência bancária ocupa o prédio na Oxford Street. Será que eles aproveitaram o encontro pra definir futuros planos de disco e turnê?
A data celebrativa é hoje, 12 de julho, mas a Mojo deixou pro mês que vem uma matéria especial sobre as raízes e os primeiros anos dos Stones. Pra tanto, pintou um retrato daquele que, nas palavras da própria revista, foi o responsável por erguer a banda: Brian Jones. Era o líder nato quando o grupo era um peixe pequeno entre os tubarões que formavam a cena do blues londrino, instrumentista de mão cheia e carismático como poucos. Mas Brian também tinha uma personalidade difícil, de humores imprevisíveis, e quando a rotina descontrolada de excessos lhe tirou o foco – além do pouco pendor pra composição -, Jagger e Richards trataram de tirá-lo do jogo. E, em 1969, aos 27 anos, um acidente mal-explicado na piscina de casa encerrou de vez a breve, esfuziante e dramática vida de Brian Jones.
Só mesmo o mais arguto pesquisador poderia assinalar o número de shows que os Rolling Stones fizeram ao longo de 50 anos de carreira. Se o último deles, por mais próximo que esteja, é uma grande incógnita, o primeiro é de conhecimento geral e tido como marco histórico do rock, ponto de partida pra uma das mais espetaculares e longevas trajetórias musicais, boa parte dela percorrida em cima dos palcos. Keith Richards pode até dizer que o aniversário é coisa pra janeiro de 2013, quando completará meio século das entradas de Bill Wyman e Charlie Watts no grupo, mas a história do pop celebra o 12 de julho de 1962 como o início da saga. Foi naquele dia, no fervilhante clube de jazz e blues Marquee, em Londres, que os Stones fizeram sua estreia em público.
O line-up da época contava com Richards, Mick Jagger, Brian Jones, Dick Taylor (baixo), Ian Stewart (piano) e Mick Avory (bateria), se bem que, em uma entrevista no ano passado, o vocalista mencionou outros músicos de suporte para o trio inicial. Aliás, as memórias de Jagger são vívidas daquela noite: “O show foi incrível – o baterista estava ficando louco, Nicky (Hopkins) estava balançando o piano elétrico e eu lembro da plateia ficando absolutamente selvagem. Eu pensava em como estava cantando. Eles obviamente tinham que nos agendar novamente, este era o show mais chacoalhante que o Marquee já havia tido. Mas eles nunca o fizeram. (…) Eles viram o futuro e não gostaram dele. Era o nosso primeiro show e as pessoas que queríamos atingir não entenderam”. A decepção de Mick não durou muito, como vocês devem imaginar. De um ponto a outro da história, os Rolling Stones fizeram tudo o que queriam, inclusive uma revolução.
Os Stones voltaram a tocar no Marquee Club anos depois, já superfamosos e no auge da criatividade. E é com um vídeo dessa apresentação, em 1971, que o blog começa a série “Stones alive”.
Rubens Herbst, joinvilense, 20 anos de jornalismo, é colunista do Anexo, e quando não está fechando o Orelhada impresso, corre atrás de novas (ou nem tanto) do maravilhoso universo pop - daqui, dali e acolá - para contar para os internautas.
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