O treino na tarde desta sexta-feira foi diferente para as meninas da equipe de ginástica rítmica de Blumenau, no ginásio da AABB, na Ponta Aguda. As garotas ensaiavam os passos para a disputa dos Joguinhos Abertos de Santa Catarina, que iniciam este fim de semana em Itajaí, quando a coreografia foi trocada por um misto de gritos e aplausos. Animadas, as meninas celebravam o retorno da colega Jéssica Sayonara Maier, dona de três medalhas nos Jogos Pan-Americanos de Toronto.

Crédito: Patrick Rodrigues/Agência RBS
A timboense de 20 anos chegou do Canadá ao Vale do Itajaí na quarta-feira e aproveitou para rever as colegas de treinos antes de voltar a se integrar ao grupo da Seleção Brasileira, em Aracaju (SE). Esboçando um largo sorriso, por alguns minutos ela posou para fotos, conversou com as meninas e recebeu cartas, cartazes e flores em homenagem às conquistas.
– Espero que essas conquistas sirvam de exemplo e inspiração para outras ginastas, principalmente para quem está começando – disse.
Jéssica começou a praticar ginástica aos quatro anos, em Timbó, sob influência da mãe e também da irmã mais velha, Juliana. Aos 12 anos conheceu Ana Paula Christen Mohr, sua técnica e conselheira. Juntas, as duas viveram bons e maus momentos. As constantes lesões e a falta de apoio financeiro quase interromperam a carreira da ginasta. Incentivada por Ana, seguiu a rotina de treinos e competições.
Competindo por Blumenau, o desempenho dela nos Jogos Abertos de Santa Catarina do ano passado, em Itajaí, onde conquistou nove medalhas (cinco ouros, três pratas e um bronze), serviu de alerta para a comissão técnica da Seleção Brasileira, que a convocou para participar de uma seletiva com 12 atletas. Do grupo, apenas seis foram aprovadas. Jéssica ficou entre elas e atualmente é uma das cinco titulares do conjunto nacional.

Crédito: Patrick Rodrigues/Agência RBS
Questionada sob como reagiu ao ver a pupila no pódio, a técnica Ana Paula não conteve a emoção. Em lágrimas e com a voz embargada, tentou explicar.
– Foi emocionante, um misto de muita coisa – afirmou a técnica, enxugando o choro.
A ginasta também se emocionou ao lembrar dos momentos no pódio:
– Passa um filme na cabeça. Pensei em tudo o que aconteceu comigo e as pessoas ao meu redor. Estar no pódio ouvindo o hino nacional do seu país, faz tudo valer a pena.
Jéssica nem sequer desfez as malas. Nos próximos dias ela volta para Sergipe, onde retoma os treinos de olho em duas importantes competições: em agosto disputa a Copa do Mundo, em Sofia, na Bulgária, e em setembro compete no Mundial de Stuttgart, na Alemanha.