De blazer preto, calça bem cortada e sapatos lustrados. Foi assim que Müller, ex-jogador multicampeão por São Paulo e outros grandes clubes, recebeu o blog nesta quinta-feira à beira da piscina de um hotel da cidade onde está hospedado para conceder a primeira entrevista como treinador do Blumenau.

Crédito: Rafaela Martins/Agência RBS
Com poucos dias para preparar a equipe para a estreia na Série B do Campeonato Catarinense, o treinador de 49 anos, falou da passagem pelo Imbituba em 2011, do desafio que terá para formar o Tricolor há poucos dias da estreia na competição e como planeja montar o time. Confira:
O que atraiu você para acertar com o Blumenau?
Müller – Primeiro porque é um novo trabalho, segundo porque é um novo desafio e terceiro porque Santa Catarina é um Estado muito legal, bonito e que gosto muito. Trabalhei no Imbituba e sei que o campeonato da segunda divisão é muito disputado, difícil. O pessoal que está fazendo a parceria com o Blumenau é um pessoal sério, que tem um projeto ousado.
A sua experiência no Imbituba, em 2011, não foi boa. O time acabou rebaixado e você demitido. O que você aprendeu com aquela experiência e pode aplicar agora no Blumenau?
Müller – Não foi bem assim. Perdemos quatro pontos pela escalação irregular de um jogador, o time sentiu demais e não teve poder de reação para conseguir os pontos nas quatro últimas partidas. Aí, na última rodada conversei com a direção, fizemos um acordo e saí. Agora, todo trabalho, independentemente de que seja bom ou ruim serve como lição de aprendizado. E a lição foi boa. Fui um dos poucos treinadores que permaneceu o campeonato todo.
Qual o estilo do Müller como treinador?
Müller – Sou muito calmo. O treinador não precisa ficar se esgoelando na beira do campo. O importante é o treinador ter autoridade e saber que o jogador tem confiança naquilo que ele está falando. E claro que no jogo o atleta vai colocar em prática aquilo que o time se preparou ao longo da semana.
No Fernandópolis-SP, além de treinador você entrou em campo. Aqui no Blumenau, você vai jogar também?
Müller – Não. Lá no Fernandópolis-SP fui como jogador, aí joguei treinando. Não foi uma proposta de treinador especificamente. Quando era jogador, no auge da minha carreira, sempre gostei de dar meus palpites e ajeitar o time dentro de campo. Já era um treinador jogando.
A Série B do Catarinense é uma competição deficitária financeiramente para os clubes. Você acredita que a tua contratação pode ajudar a atrair curiosos e ajudar a reforçar os cofres do clube?
Müller – A expectativa sempre vai gerar uma curiosidade e espero que a torcida possa comparecer e prestigiar a equipe. É uma coisa super normal e essencial para uma equipe.
Você terá menos de um mês para montar o time. O que dá para esperar da equipe?
Müller – Lógico que a gente está contra o tempo. Vou começar um trabalho atrasado. Então a possibilidade de dar errado é muito grande. Porém, como o futebol é muito dinâmico e a gente precisa trabalhar, então o importante é a gente contratar jogador com ritmo de jogo. Isso é fácil de encontrar, desde que o atleta se enquadre à realidade do clube. O futebol tem suas leis próprias e não vai mudar muito disso. A gente tem que montar um time competitivo, nunca deixando a qualidade de lado. A qualidade e a competitividade têm que caminhar juntas.
Você conhece algum jogador do grupo?
Müller – Não. Mas a gente vai montar um time competitivo, mesclando atletas jovens e experientes.
Você pediu a contratação de algum atleta em específico? Quem?
Müller – Não. Primeiro preciso ver os atletas que estão aqui para depois ver o que é preciso contratar. Não sou refém de jogador, sou refém do meu trabalho. Bom jogador tem em qualquer lugar, desde que tenha uma mentalidade positiva porque a cabeça joga tanto quanto os pés. Claro que tem um jogador ou outro que você conhece, que acha que pode dar certo dentro daquilo que você pensa. Mas não sou refém de jogador. Sempre digo que quem vive de passado é treinador, jogador vive de momento. Se estiver bem no seu momento ele vai jogar, senão ele dá oportunidade para outro que esteja melhor.