De vez em quando a gente descobre um novo cantinho, que vale a pena recomendar. Ontem almocei num pequeno bistrô, no Centro, que se chama “Del Barbieri”. Diz que ele já existe há uns dois anos. Como eu saio muito pouco, sou retardatário nas descobertas. Mas, acreditando que existam outros como eu, vale a dica aí.
Localização inusitada, quase na esquina da Jerônimo Coelho com a Avenida Borges de Medeiros. Na medida certa, o espaço é pequeno: cinco mesinhas em madeira e um balcão com, talvez, quatro assentos. Destaque para o piso em ladrilho hidráulico. Nas paredes, paisagens de Porto Alegre e fotografias de uma barbearia.
Sim, parte do inesperado do local está no fato de que ele se dispõe dentro de uma velha e tradicional barbearia. Vitrines entrecortam a parede que divide o bistrô da barbearia, fundada em 1947. A transparência nos permite proximidade ao ofício dos barbeiros que ainda estão ali, trabalhando, em torno de seus clientes, acomodados em elegantes cadeiras de ferro, antigas, cadeiras de barbeiro. Bela evocação de respeito a este importante ofício. Inteligente mutualismo entre o novo e a tradicional ambiência.
O chef, Marcelo Schambeck, que herdou a barbearia do pai e ali instalou o bistrô, atende pessoalmente aos clientes, com um sorriso generoso.
A comida é surpreendente. Refinada e bem cuidada, como num típico bistrô parisiense. O local abre para café e almoço e cada dia tem menu fixo. As porções são pequenas, mas, como na França, é mais do que suficiente.
Eu tive o prazer de provar uma entrada de verdes, tomatinhos cereja, com ricota e cubos de melancia; uma brusqueta de maçã com roquefort; o prato principal eram camarões VG, pousados sobre uma farofinha preparada com passas e mel; a tortinha de amoras era dos deuses!
Tudo muito fresco e saboroso. Parecendo vir direto das feiras de rua ou do Mercado Público para a cozinha.
A freqüência é civilizada. Você não encontrará ali nenhuma Cat das Pampas encarnando a sua versão da Hora do Espanto 7, com assustadores megahairs, a pele laranja de tanto bronzeamento artificial, a cara rebocada de maquiagem, parecendo massa corrida, e a total incapacidade de articular uma frase que faça sentido; nenhuma Guinchadeira aos uivos, em excitação coletiva com as amigas. Nenhuma miserável TV ligada para os idiotas sem assunto na hora do almoço. Não, nada disso!
Só gente conversando sobre cinema, literatura, o que se pode descobrir em uma caminhada pela Avenida Cristóvão Colombo, receitas interessantes, ou sugestão de passeios em Buenos Aires. Enfim, não ouvi ninguém enchendo o saco com as últimas novidades da Luis Vitton.
O preço? Muito justo: R$ 21,00 por pessoa! É melhor fazer reserva! Olha o site deles aí: http://caffedelbarbiere.blogspot.com/