DNA de centroavante: filhos de Alcindo aprendem com o pai a arte de fazer gols
17 de junho de 2011 51Por Lucas Rizzatti Fotos Félix Zucco
Ray e Yur carregam no DNA o raro talento para marcar gols. Filhos de Alcindo, o Bugre, os jovens centroavantes sonham em renovar nos campos a fama do pai, maior artilheiro da história do Grêmio, com 264 gols.
Ray, 15 anos, joga na categoria infantil do Grêmio, e Yur, 18, defende os juniores do São José, depois de cinco anos na base tricolor. Engana-se quem pensa que o treinamento se encerra nos clubes. As aulas seguem em casa, diariamente. Alcindo tem muito a ensinar.
Ray, Alcindo e Yur: família de centroavantes
Obstinado, Alcindo leva os garotos à frente da TV e mostra jogos de todos os cantos do Brasil e do mundo. Aponta os erros dos centroavantes — “corneteia”, como brinca Ray. Depois, leva a dupla para o campinho em seu terreno na zona sul de Porto Alegre e coloca a teoria em prática.
Além dos treinos no Grêmio, Ray cursa ensino médio e inglês. Yur está às vésperas de começar a faculdade de Educação Física. Sonha em ser técnico de futebol. Mesmo com a rotina apertada, os guris não reclamam das aulas extras de “centroavância” em casa. Aprenderam com o pai que dedicação é tudo. Em sua época de Seleção, Alcindo cansou de ver Pelé ser o último a deixar os treinos.
— Na área, coloca, não chuta forte. Enquadra o corpo, sem deixá-lo sobre a bola — orienta, calmo, para depois elogiar os filhos. — São bons e têm o mais importante para a função: força. Quando joga a bola na frente, o centroavante tem que passar por cima do zagueiro.
E físico não falta a Ray e Yur. Com apenas 15 anos, Ray já mede 1m85cm e pesa 84kg. Yur, que se recupera de lesão no joelho direito, é um pouco mais baixo, 1m83cm, com 82kg.
Quase idênticos na aparência, também sustentam o mesmo discurso. Definem-se como centroavantes clássicos: reúnem força, bom cabeceio e chute potente com ambas as pernas. Alunos dedicados, assimilam fácil os ensinamentos do pai.
— Tem que bater em gol, assim que abrir a brecha — afirma Yur.
— Também é preciso ser frio na frente do goleiro — lembra Ray.
O esmero em ensinar o caminho do gol aos filhos tem uma explicação: Alcindo vê um futuro de trevas para a sua antiga função. Segundo o ex-jogador, os centroavantes estão cada vez mais isolados e ainda com a obrigação de ajudar na marcação. Cita Leandro Damião, não entende por que o artilheiro colorado precisa dar carrinho na bandeira de escanteio. Enfim, suspira: não se joga mais em função do camisa 9.
— Estão matando o centroavante — lamenta.
Com o pai e os irmãos mais velhos, Dayó, oito anos, também quer ser jogador
A previsão não assusta o pequeno Dayó, oito anos, filho mais novo de Alcindo. Único canhoto entre os guris, já mostra entrosamento com a bola. Como se já fosse um atleta profissional rodeado de câmeras e microfones, fala sério sobre seu futuro:
— Quero ser jogador de futebol. Só tenho que perder um pouco de peso.
Pelo jeito, a “escolinha” de Alcindo ganhará um novo aluno em pouco tempo. Tudo em nome da camisa 9.
Confira vídeo com os garotos em ação:
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