A pedido do torcedor colorado Camilo – que deixou recado no post Felipão e Tite: táticas de sucesso no Grêmio – hoje reservei espaço no blog Preleção para fazer uma análise histórica do grande Inter Campeão Mundial de 2006. Mas como na retrospectiva do tricolor o paralelo com a temporada atual foi o 3-5-2 de Celso Roth, agora o gancho é a mudança de posicionamento de Alex no Inter.
A tática individual de Alex começou a mudar com a chegada de Guiñazu, no segundo semestre de 2007. Há anos no colorado sendo apenas um coadjuvante, entre a lateral, a ala e a meia-esquerda, Alex foi em 2006 um dos vértices do famoso “losango do Abel“. Lembram deste sistema tático? Foi com o 4-4-2 em formato de losango no meio-campo que o Inter foi Campeão Mundial.
Reparem na imagem do post: contra o Barcelona, o Inter atuou com uma linha de quatro jogadores na defesa; Edinho centralizado; uma linha à frente, Wellington Monteiro pela direita e Alex pela esquerda; e Fernandão completava o losango, também centralizado, fazendo a ligação com a dupla Iarley e Pato no ataque.
Neste sistema do losango, Alex era responsável pelo lado esquerdo, com menores atribuições ofensivas em comparação com a temporada 2008. Alex chamava o lateral Rubens Cardoso para o apoio, mas principalmente marcava quem caísse no setor – contra o Barcelona, passou toda a partida monitorando os avanços de Zambrotta e as diagonais de Deco. Alex foi o vértice esquerdo do losango de meio-campo porque Abel Braga contava com pouquíssimos canhotos no grupo. Não havia porque levá-lo para o lado direito, onde sobravam destros.
Mas Guiñazu chegou, com maior vocação para assumir esta função no losango. Um canhoto vigoroso na marcação e com energia para também apoiar em parceria com o lateral. Abel Braga então manteve o sistema tático – com o meio-campo em formato de losango, e se viu obrigado a encontrar um espaço para Alex na equipe. Na Copa Dubai, chegou a solução: Iarley saiu do time, Fernandão passou para o ataque ao lado de Nilmar, e Alex assumiu o papel do vértice centralizado de ligação com ataque. Foi quando o jogador começou a fazer gols e mostrar que era da intermediária ofensiva para a frente que deveria jogar. Desta forma, ele se tornou protagonista das conquistas de Dubai e do Gauchão – como o meia mais adiantado no auxílio a Fernandão e Nilmar.
Aos poucos, foram embora Iarley e Fernandão. Abel Braga também, e com eles a formatação em losango. Sem a dupla de atacantes, Tite fez diversas experiências táticas até definir um posicionamento ainda mais adiantado para Alex: primeiro, como um segundo atacante nato, e principalmente depois da chegada de D`Alessandro, um legítimo ponta-de-lança pelo lado direito (setor onde já havia sido escalado algumas vezes por Abel Braga).
Guiñazu, além de ser um volante moderno quase inigualável, ainda colaborou para que Abel Braga encontrasse a verdadeira posição de Alex: perto do gol, em contato direto com os atacantes.
Postado por Eduardo Cecconi