Se o 4-5-1 utilizado por dezenas de equipes – como a Inter de Milão, o Chelsea e a Roma – é o sistema tático da moda na Europa, o velho e romântico 4-3-3 ainda não morreu. O esquema com três atacantes permanece vivo, apesar das lufadas de defensivismo que bafejam o futebol.
O Márcio Gomes já falou aqui no blog Preleção sobre o 4-3-3 do Hoffenheim, que enfileira vitórias na Alemanha. Domingo, assisti à vitória de 1 a 0 da Lazio sobre o Catania pelo Italiano. E o time romano, do técnico Delio Rossi, atua no mais legítimo e nostálgico 4-3-3.
A Lazio joga neste 4-3-3 com apenas um volante. E libera os laterais. São duas parcerias pelos lados, na verdade. Na direita, o lateral Lichtsteiner apóia mais, enquanto o meia Brochi se posiciona na cobertura; já na esquerda, o lateral Radu sobe menos, abrindo espaço para as investidas do talentoso meia canhoto Mauri. O volante Ledesma joga centralizado, como um poste. Protege a dupla de zaga e pouco ultrapassa o círculo central.
O diferencial deste sistema tático está na movimentação dos “falsos pontas”. O argentino Zárate, ex-Velez Sarsfield, é o craque do time. Preferencialmente ele ataca pela direita, mas freqüentemente inverte a posição com Rochi, o falso ponta da esquerda. Zárate tabela muito com os laterais e chama os meias para o jogo, sempre acionando o centroavante Pandev – o furo do time – que apesar da imposição física, invariavelmente desperdiça as jogadas.
Para quem pensa que este sistema tático é “faceiro”, eu advirto: a Lazio marca com sete jogadores no campo de ataque. Dependendo do lado de saída do adversário, permanecem na defesa os dois zagueiros e o lateral inverso. Todos os outros jogadores da Lazio adiantam o posicionamento, sufocando o outro time. A marcação é forte, e se o adversário ultrapassa o meio-campo, o bloco se reagrupa.
O placar contra o Catania decepciona, mas a atuação foi boa. Na verdade, em Roma, o Catania jogou totalmente fechado. Abdicou do jogo. E no 4-3-3, a Lazio manteve uma posse de bola próxima dos 70%. Conseguiu marcar aos 40min do 2º tempo, depois de muita pressão, com o atacante reserva Foggia. Tanto ele como o Inzaghi (irmão do famoso centroavante do Milan) são melhores que Pandev.
Mas, independentemente das atuações pontuais dos jogadores, é importante destacar este ressurgimento do 4-3-3, revigorando os conceitos táticos de quem acredita fazer o futebol mais competitivo com a retirada de atacantes. O sistema tático pode assustar pelo número “3″ na frente. Entretanto, a estratégia – e principalmente a marcação adotada – tornam a Lazio um time equilibrado, embora não seja brilhante.
Postado por Eduardo Cecconi