A má campanha no começo do Campeonato Inglês e os desfalques de Adebayor e Van Persie indicavam que o Arsenal seria o azarão do clássico deste sábado, em Londres, contra o Manchester United. O sentimento foi reforçado quando no início da partida o zagueiro Silvestre deu uma recuada equivocada para Almunia. Completando a lambança, o goleiro do Arsenal segurou a bola com as mãos e o árbitro deu tiro indireto para o time de Alex Fergunson.
Nos primeiros 15 minutos, o 4-4-2 do Manchester logo se transformava num 4-2-4, com Cristiano Ronaldo, Berbatov, Rooney e Park trocando rapidamente do posição e confundindo a zaga do Arsenal. A aproximação de Anderson ao ataque, o avanço da marcação e os deslocamentos constantes criaram algumas oportunidades, muitas delas desperdiçadas por Rooney.
Os “Gunners só entraram em campo” a partir dos 20 minutos, e usaram a arma que iria definir o cássico: a saída veloz para o contra-ataque. Sagna e Clichy abriram jogo pelas alas e equilibraram a partida. No entanto, o primeiro gol de Nasri saiu em um rebote aos 22. A zaga do Manchester afastou mal e o jogador do Arsenal chutou forte na bola, que desviou em Neville antes de entrar.
Porém, a jogada que definiu a partida ocorreu aos 2 minutos da segunda etapa. O ataque do Arsenal girou a bola no campo de ataque de forma ágil e eficiente. Fabregas passa para Nasri. Walcott puxou dois marcadores para a esquerda e deixou um espaço livre para o francês marcar o segundo gol da equipe da casa.
Diferentemente da posse de bola que era tão valorizada por Carlos Alberto Parreira na Copa de 2006, o Arsenal trocou passes com rapidez, e não da forma cadenciada utilizada pela Seleção Brasileira na Alemanha. Manter o domínio do jogo só é eficiente quando os jogadores se deslocam com eficiência e os armadores conseguem antever os movimentos de seus companheiros para distribuir as jogada. De nada adianta trocar passes de um lado a outro, girando a bola de forma burocráttca e sonolenta, e se limitando a cruzar para um ataque quase sempre anulado por uma defesa bem postada.
O Grêmio também sofreu deste mal quando enfrentou o Flamengo na segunda rodada do returno do Brasileirão. Ao tentar repetir a tática que havia dado certo dois jogos antes, contra o Atlético-MG no Mineirão, o tricolor gaúcho foi atropelado no começo da partida por uma equipe que adiantou a marcação, impediu a saída de bola do adversário e tomou conta da partida com facilidade.
De qualquer forma, nem mesmo o Arsenal conseguiu repetir a produção neste sábado por um longo período. Após abrir 2 a 0, o técnico Arsene Wenger tirou Walcott, colocou Toure e resolveu esperar o Manchester. Mesmo o contra-ataque se tornou mais lento e a qualidade do passe piorou com o passar do tempo. Igualmente, o time visitante não conseguiu reproduzir os deslocamentos da primeira etapa, e o quarteto ofensivo tinha dificuldades de vencer a defesa do Arsenal. Prova disso foram os chutes de longa distância, e sem direção, de Anderson, Rooney e Neville. A qualidade do jogo despencou.
A partida só voltou a ter emoção quando Alex Fergunson colocou o jovem lateral Rafael, brasileiro de 18 anos, na equipe. Com personalidade, ele ajustou a marcação do Manchester, coibiu os avanços de Fabregas pelo setor e ainda conseguiu marcar um belo gol aos 44 minutos da etapa final. Não foi o suficiente para recolocar o seu time na partida, mas deu esperanças para quem há muito anseia por um lateral-direito confiável na Seleção. Para ser mais exato, desde 2002.