René Simões chegou ao Fluminense com um histórico bastante diferente. A carreira deste treinador foi construída em seleções caribenhas e até em seleções femininas, com pouca seqüência em clubes brasileiros de ponta – lembro de boas passagens por Vitória e Coritiba. E onde o futebol não é tão competitivo, o trabalho dele provavelmente nas seleções caribenhas e femininas tinha mais enfoque nos fundamentos básicos das partes técnica e tática.
Quando ele chegou ao Fluminense quase desconfiei, mas estava enganado. René Simões realiza um trabalho muito bom no tricolor carioca. Não apenas com resultados que praticamente livram a equipe de um rebaixamento que era dado como certo. Mas também nos aspectos táticos e motivacionais do grupo.
Assisti a alguns jogos do Flu sob comando de René e gostei do que vi. Ele utiliza bastante os lados do campo para jogar, e arma um bloqueio consistente à frente da área. O tricolor carioca joga no 4-4-2, com a defesa composta por dois zagueiros e dois laterais bem abertos e adiantados. Mas o diferencial está no meio-campo.
Nas partidas que vi, o Flu de René mantém uma linha adiantada de três meias, com um volante centralizado na sobra. Desta maneira, os meias que estão nos lados da linha somam-se aos laterais no apoio. E o volante atua praticamente como um líbero à frente da zaga, fazendo a cobertura de todo o meio-campo.
No ataque, René não abdica de um velocista na companhia de Washington. Em todos os setores, as escalações mudaram muito, com revezamentos na lateral-direita, em várias posições do meio e na parceria do camisa 9. Mas a estrutura tática se manteve.
René tem ainda um discurso motivador muito forte, baseado em conceitos filosóficos bastante incomuns para os boleiros. Tem dado resultado. Será este 4-4-2 com linha de três meias e um volante na sobra, laterais adiantados, ataque mesclando velocidade e imposição física, pelo qual os gremistas vão torcer contra o competente, entrosado e frio 3-5-2 do São Paulo na próxima rodada.
Uma das alternativas que vejo, confrontando os dois sistemas, é o avanço às costas de Jorge Wagner, com Ratinho (ou Carlinhos) e Monteiro (ou Romeu) juntando-se ao atacante Everton (ou Maicon) para triangular no setor – coloco nomes entre parênteses porque desconheço a escalação, e se tem alguém suspenso no Flu. Existe ainda a possibilidade de Arouca e Conca aproveitarem eventuais espaços deixados pelos volantes são-paulinos, que saem para o jogo, pelo meio. Na frente, Washington não teme o confronto direto na bola aérea.
Existem outras possibilidades, e será um grande jogo. Aos gremistas, cabe torcer para que Renè Simões confirme no Morumbi a boa fase dele e do Fluminense, batendo o São Paulo.
Postado por Eduardo Cecconi