Hoje assisti à derrota do Napoli fora de casa para a Inter de Milão por 2 a 1, pelo Campeonato Italiano. E como um leitor do blog Preleção havia pedido, quito a dívida trazendo uma análise tática da equipe consagrada por Maradona e Careca entre o final da década de 80 e o início dos anos 90.
Foi o primeiro jogo que vi do Napoli, e ainda por cima fora de casa. Talvez em Nápoles a postura seja diferente – principalmente a atitude. Mas taticamente pouca coisa deve mudar.
O sistema do Napoli é bastante complexo e varia muito durante o jogo. A base tática é um 3-5-2 diferente do habitual que conhecemos. Não há um armador, um protagonista, alguém mais próximo da dupla de atacantes. Os três meias jogam absolutamente alinhados com os alas, formando uma linha de cinco jogadores à frente dos três zagueiros.
Na zaga não há líbero nem sobra. Também estão em linha os zagueiros P.Cannavaro pela direita, Rinaudo no meio e Aronica na esquerda. À frente deles, outro trio: Pazienza, Gargano e Hamsik. O destro Mannini é ala pela esquerda, e Maggio faz esse papel do outro lado. Na frente, o badalado argentino Lavezzi e Zalayeta completam o time do técnico Edoardo Reja, que tem o goleiro Iezzo fechando os 11.
Invariavelmente, o time fica capenga. Hamsik chama o jogo, todos o procuram, e como ele está na esquerda, é dali que o Napoli se articula. Lavezzi e o ala Mannini completam as triangulações no setor, mas jogar somente por um lado, sem articulação no meio e sem viradas de jogo, torna a equipe um tanto previsível. Com a bola, o Napoli insiste demais nas jogadas do trio Mannini-Hamsik-Lavezzi muito distante da área. Pazienza e Gargano são dois baixinhos mais para volantes, que apenas carimbam a bola e arriscam muitos lançamentos longos direto para os atacantes.
Sem a bola, o Napoli se defende com duas linhas de quatro. O ala do lado que está sendo atacado recua, fechando a primeira linha com os três zagueiros. Os três meio-campistas e o ala do outro lado formam a segunda linha. Os atacantes marcam somente no campo adversário. Recuperada a bola, o ala que recuara se adianta, o meio reagrupa a formação original e o time parte no 3-5-2.
Para terminar, encerro falando sobre o Lavezzi. Não havia gostado dele no amistoso da Argentina contra a Escócia. Hoje novamente o atacante não me agradou. Posso estar enganado, ou sendo injusto, mas o Lavezzi é muito individualista. Todas as jogadas ele tenta o drible em velocidade, de cabeça baixa – talvez isso aconteça porque não há meias próximos do ataque, e ele fica muito isolado com Zalayeta.
A primeira vez que Lavezzi soltou a bola foi aos 36min do 1º tempo: e a tabela com o uruguaio resultou em um belo gol do atacante argentino. O lance prova que ele é talentoso, mas precisa ser menos “fominha”.
Postado por Eduardo Cecconi