Após três temporadas apegado de maneira ortodoxa ao 3-5-2, o técnico Muricy Ramalho apresentou ontem no São Paulo três variações táticas bastante ofensivas, na partida contra o Defensor. O sistema predileto do treinador retornou à pauta apenas no final da partida, como quarta opção, para segurar o resultado quando o Tricolor já vencia de virada por 2 a 1.
Muricy surpreendeu ao iniciar a partida no 4-4-2. O zagueiro Renato Silva foi sacado, para a entrada do volante Arouca. Acredito que, com esta iniciativa, o treinador são-paulino tenha pensando em liberar mais Hernanes, utilizando o apoiador na articulação, a exemplo do que Adilson Baptista faz com Ramires no Cruzeiro. Para compensar, os laterais não apoiaram simultaneamente. A equipe começou com Rogério Ceni; Zé Luis, André Dias, Miranda e Junior Cesar; Jean, Arouca, Hernanes e Jorge Wagner; Borges e Washington.
E no 2º tempo, frente à lesão do lateral-direito Zé Luís, Muricy – que perdia o jogo – colocou o atacante Dagoberto. Neste 4-3-3, Arouca passou para a lateral, e Dagoberto foi utilizado aberto pelo lado, como um ponta-direita à moda antiga, ora chegando à linha de fundo, ora procurando a dupla de ataque na diagonal.
Mas o treinador do São Paulo armou uma estratégia ainda mais interessante. Em determinados momentos, o São Paulo variou do 4-3-3 para o 3-4-3. Pela esquerda, Júnior César fechava a defesa, deixando Miranda na sobra; no meio-campo, formava-se uma linha, com Jorge Wágner e Arouca nos extremos, Hernanes e Jean pelo meio. E na frente, Borges e Washington mantiveram a sincronia de vai-vem – Washington recua para disputar a primeira bola no alto, Borges entra neste espaço para pegar a segunda bola.
Ainda assim, com um adversário totalmente fechado, Muricy novamente contou com a eficiência da bola aérea da equipe, e das jogadas pelos lados com Jorge Wágner na esquerda e Dagoberto na direita. O primeiro gol surgiu de um cruzamento alto, com duas ajeitadas de cabeça até Borges completar. E o gol da vitória partiu de uma jogada incisiva de linha de fundo pela esquerda. Novamente Borges marcou. E todos os melhores lances – incluindo uma bola na trave – saíram desta ligação direta pelo alto. O 3-5-2 voltou no final, com a entrada de Renato Silva no lugar de Borges.
Mas no 3-4-3 – e principalmente no 4-3-3 – o São Paulo também teve na estratégia ofensiva outras opções. Jorge Wágner e Hernanes protagonizaram boas triangulações com bola pelo chão, buscando Washington ou Borges, na entrada da área. Júnior César também apoiou, levando Arouca a fechar a defesa pelo outro lado. E Jean é um apoiador importante, conduzindo a bola quando os armadores estão marcados.
Se no 3-5-2 o São Paulo parecia burocrático, e previsível, Muricy Ramalho dá o sinal de luz: veremos em 2009 variações táticas, mais ofensivas, e com alternativas diferentes de jogadas pelo chão no Tricolor. Má notícia para os adversários.
Postado por Eduardo Cecconi