Para minha surpresa, a bela contratação do equatoriano Bolaños foi anunciada no Inter por Fernando Carvalho como “a chegada de um atacante”. O ex-jogador da LDU chega para ser utilizado, em primeiro momento, como reserva de Taison na segunda função ofensiva, enquanto Alecsandro se fixa como suplente de Nilmar. Por isso, proponho o debate.
Bolanõs atuava como meia-extremo pela esquerda na LDU, que à época se utilizava do 4-4-2 em duas linhas de quatro jogadores. Posição que no 4-4-2 britânico é chamada pelos ingleses de “winger”, ou seja, o jogador que fica na ponta da asa. Para que a imagem tenha paralelo, os mais recentes wingers de sucesso do futebol inglês são Beckham e Cristiano Ronaldo, por exemplo.
Como a LDU atuava ano passado – na Libertadores e no Mundial – no 4-4-2 britânico (confiram no diagrama tático que ilustra o post, recuperado de análise sobre a LDU postada no link desta frase) – a tática individual de Bolaños em nada se altera na comparação com os tradicionais wingers. O jogador equatoriano tinha como função marcar por zona com pressão sobre a bola, e atacar pelo lado do campo, alternando avanços rumo à linha de fundo com diagonais na direção dos atacantes.
Esta é minha dúvida: porque a convicção de Carvalho sobre a posição de Bolaños? Ele chega como segundo atacante, mas na LDU a dupla de frente era formada por Manso e Bieler. Na linha de meio-campo, Bolaños era extremo pela esquerda, Guerrón (depois Reasco) o extremo-direito, e centralizados os meio-campistas Urrutia e Vera (ou W.Araújo).
Mas uma constatação, vinda do futebol inglês, pode ser fonte de boas perspectivas para o Inter. Jogadores que atuam como wingers costumam se dar bem no ataque. E o mesmo acontece quando se escala um atacante pelo lado da linha de meio-campo. Na primeira situação, temos o exemplo de Cristiano Ronaldo atuando adiantado no Manchester. E no segundo exemplo, o recuo de Rooney para o meio (também no Man.Utd), e a afirmação de Kuyt como winger no Liverpool, ele que sempre foi atacante e assim atua na seleção da Holanda.
Por isso, acredito que Bolaños não se limite ao ataque, nem ao meio-campo. Ele deve oferecer ao técnico Tite boas alternativas de variação tática. Excelente contratação, caso confirme tecnicamente aquilo que já fez na LDU. O equatoriano certamente será observado pela comissão técnica como um polivalente nas posições e funções do meio para a frente.
Além de concorrer com Taison no ataque, como quer Fernando Carvalho, Bolaños proporciona ao treinador a possibilidade de novos desenhos de meio-campo, conforme as exigências de cada partida: em linha, fazendo um dos extremos; em quadrado, auxiliando D`Alessandro na articulação, com dois volantes; ou até mesmo dentro do losango, em parceria a Magrão ou Guiñazu, forçando uma saída mais rápida pelo lado.
Aguardo seu aproveitamento nos treinos do Inter para saber o que pensa Tite sobre Bolaños. E se algum leitor do blog quiser contribuir com o debate, apresentando sua avaliação sobre o aproveitamento tático de Bolaños no Inter, fique à vontade…
Postado por Eduardo Cecconi