Na partida da Argentina contra a Colômbia, assisti a um posicionamento que presumo seja inédito no futebol, ou pelo menos no futebol recente. Maradona posicionou a equipe anfitriã em um sistema 3-4-3 que pode ser traduzido, para quem gosta de quatro algarismos na descrição tática, em um 3-3-1-3. Com um detalhe: enviesado para a esquerda.
Em comparação com seu 3-4-3 anterior, Maradona fez uma troca: Verón por Maxi Rodriguez. Mas não posicionou La Brujita do Estudiantes na extrema direita da linha de meio-campo, como fazia com Maxi. Sem alterar o posicionamento dos outros jogadores do setor, colocou Verón à frente desta linha – agora com três jogadores – fazendo a ligação do meio com o trio de atacantes.
Assim, Maradona abriu um buraco no lado direito da equipe. Gutiérrez permaneceu como meia-extremo pela esquerda, Mascherano como meia-marcador centralizado à esquerda, e Gago como meia-marcador centralizado à direita. Sem meia extremo. Retirado Maxi, Maradona não reposicionou os outros três jogadores do setor. Simplesmente colocou Verón mais adiantado, e pronto.
Logo ali, na clareira argentina, a Colômbia conta com seu apoio mais efetivo. É na esquerda de ataque que a Colômbia faz dobradinha entre Armero e Marín. Por ali, mais à frente, Rentería abre para receber e fazer a diagonal. E ali a Argentina não tinha ninguém para marcar. Maradona deixou os zagueiros Díaz e Demichelis absolutamente expostos ao apoio de Armero, Marín (dono do jogo no 1º tempo) e Rentería. Gago tentava fazer a cobertura, chegando sempre atrasado – justificadamente, pois precisava sair do meio campo até o lado.
No intervalo, Maradona consertou. Reconstituiu o 3-4-3 com uma troca simples: Gago por Zanetti. E o veterano argentino, que já foi zagueiro e lateral com Maradona na seleção, atuou como o meia-extremo. E Verón foi recuado para a posição onde estava Gago, como meia-marcador sem a bola, e apresentando-se para a articulação, distribuindo o jogo e organizando a Argentina.
O primeiro resultado foi este: Marín morreu na partida. Tanto que foi substituído logo em seguida. Zanetti parou o setor produtivo da Colômbia. A Argentina venceu com um gol de escanteio, sem relação com a troca, mas correu menos riscos e controlou melhor a partida.
E uma constatação a partir da escalação e da mudança, é esta: Verón ganha espaço com Maradona na Argentina. O técnico da seleção sempre disse que faria a equipe jogar em função de Riquelme. Após a briga com o camisa 10 do Boca Juniors, ficou sem articulador, mas nunca escondeu sua preferência pela presença de um organizador, do centralizador da articulação, em seu time. Verón começou a ser convocado para a reserva, aos poucos foi entrando, e contra o Colômbia viu Maradona arriscar uma variação tática toda voltada ao seu protagonismo. Não deu certo, mas quem saiu do time foi Gago.
Verón ficou. É titular. Será ele o camisa 10 pretendido por Maradona?
Postado por Eduardo Cecconi