No Estádio Mineirão, o técnico Adilson Batista confirmou uma tendência inaugurada pelo Flamengo na Copa do Brasil. Os adversários tentam parar o Inter se utilizando do mesmo desenho do meio-campo colorado. No clichê do futebolês, é o que se chama de “confronto espelhado”. As expulsões do goleiro Lauro e do atacante Kléber desmancharam a estratégia cruzeirense, até porque Tite posicionou os meio-campistas em linha. Até então, entretanto, o espelho era claro.
O Cruzeiro armou-se no 4-4-2 com meio-campo em losango, também denominado de 4-4-2 diamante. A intenção era bloquear individualmente os quatro jogadores do setor colorado, e também forçar sobre eles as infiltrações assim que se abrissem espaços. Fabrício posicionou-se centralizado, no primeiro vértice, marcando Andrezinho; Marquinhos Paraná pela esquerda, e Henrique na direita, foram os apoiadores – o primeiro colado em Magrão, o segundo em frente a Guiñazu; e Wagner centralizou a articulação sobre Sandro.
O Flamengo, no 3-6-1, também fizera isso, principalmente na segunda linha do meio-campo, tendo Kléberson e Ibson se confrontando respectivamente com Guiñazu e Magrão. Ambos – Cruzeiro e Flamengo – deixaram evidente a estratégia de ocupar o espaço deixado pelos apoiadores colorados assim que eles passassem da linha da bola, investindo em contra-ataques pelo chão naquele setor desguarnecido.
Tudo indica que o Corinthians de Mano Menezes adote a mesma postura na decisão da Copa do Brasil. Não pelo simples plágio a Cruzeiro e Flamengo, mas porque na prática Inter e Corinthians naturalmente se espelham no meio-campo. Ou seja: Tite verá novamente seus apoiadores recebendo simultaneamente marcação individual, e precisando combater individualmente determinados jogadores.
Como já analisamos aqui no blog Preleção, o Corinthians atua no 4-3-3 com variação para o 4-5-1, ou com marcação inspirada no 4-1-4-1 (duas linhas de quatro e o volante Cristian entre elas), ou no 4-4-1-1 (com duas linhas de quatro e o meia Douglas à frente delas).
E neste desenho, automaticamente o meio-campo se espelha. D`Alessandro seria combatido por Cristian. Magrão defrontaria-se com Douglas. E Guiñazu duelaria com o vigoroso Elias, em um embate que promete muita intensidade. Mas há uma interrogação. Notaram que, nesta hipótese, Sandro está liberado?
Talvez seja esta a grande arma do Inter na final da Copa do Brasil: Sandro. Assim como já defendi uma postura mais agressiva dele em um Gre-Nal, o que aconteceu no 2º tempo, e o Inter venceu a partida. O Corinthians joga com dois atacantes abertos pelos lados – Dentinho e Jorge Henrique – que se alinham a Douglas (ou Cristian) e Elias sem a bola, fazendo a marcação dos laterais adversários. E Ronaldo não marca sequer a própria sombra, está liberado para permanecer buscando espaços e receber a bola recuperada em contra-ataque terminal.
A passagem de Sandro, segurando Magrão ou Guiñazu (e o respectivo marcador, obviamente) pode ser o desafôgo colorado ao encaixe da marcação no meio-campo. A quebra do espelho. Mas, para isso, Tite teria de liberar mais o volante. Sandro precisa receber do treinador, caso o emparelhamento dos apoiadores e a marcação individual de Cristian sobre D`Alessandro se confirmem, permissão para avançar. A estratégia defensiva colorada, com um lateral-base, permite isto.
Postado por Eduardo Cecconi