Preleção (Encerrado)

Assisti ao empate em 0 a 0 entre Cruzeiro e Santos, neste final de semana, e o time paulista mostrou uma alteração tática. Vanderlei Luxemburgo levou ao Santos o 3-5-2 que já utilizava desde os tempos de Palmeiras. A equipe era uma das poucas deste Brasileirão que ainda não havia experimentado o sistema com três zagueiros bastante usual no futebol brasileiro.

No 3-5-2 do Santos, Luxemburgo ofereceu uma pequena oportunidade de variação tática para o 4-4-2. Rodrigo Mancha é polivalente, joga nos dois setores desde os tempos de Coritiba, e foi posicionado como zagueiro pela esquerda. Eli Sabiá ficou na sobra, e Fabão do lado direito, em marcação individual sobre Kleber.

Em algumas circunstâncias – foram poucas, é verdade – Rodrigo Mancha se adiantou, ocupando o primeiro espaço do meio-campo, na variação para o 4-4-2. Mas a prioridade foi sua fixação na zaga, mantendo o 3-5-2 original. Pelas alas, sem Léo, Luxemburgo improvisou Pará na esquerda e promoveu a estreia de George Lucas na direita. Ambos apoiaram pouco, levando o Santos a concentrar sua articulação pelo meio.

A centralização do Santos não é tão condenável quando se percebe que no setor estão Rodrigo Souto e Paulo Henrique. Luxemburgo sistematizou uma espécie de triângulo, com Souto e Germano na primeira linha, e Paulo Henrique adiantado. Como no ataque Madson ocupava o lado esquerdo, Rodrigo Souta fazia a passagem pela direita, com grande qualidade no passe longo e inteligência para ocupar espaços vazios da marcação cruzeirense em seus movimentos verticais.

Paulo Henrique regeu o Santos, organizando a equipe como um pensador nato. Ele é daqueles meias que não corre, mas faz a bola correr. Um típico camisa 10 articulador brasileiro, estilo que consagrou mais recentemente Ricardinho (Corinthians) e Alex (Palmeiras). Recebe, levanta a cabeça, e distribui, sempre restrito a uma pequena faixa de campo.

O Santos é o próximo adversário do Grêmio. Mas, como o jogo será na Vila Belmiro, confesso que não sei se Luxemburgo vai manter o 3-5-2. Talvez – não acompanho os treinamentos da equipe paulista para atestar – o 3-5-2 seja o sistema para “jogos fora”, e ele reconstitua o 4-4-2 no Alçapão da Vila.

Um aspecto interessante para especulação até amanhã é o seguinte: fora de casa, contra o Palmeiras – que atuava no 3-5-2 – Paulo Autuori no 2º tempo alterou o sistema tático do Grêmio, voltando ao 3-5-2. E se Réver for confirmado no meio-campo em substituição ao suspenso Túlio, essa possibilidade de variação durante o jogo não pode ser descartada porque não seria necessária nenhuma substituição: bastaria o recuo de Réver e o reposicionamento de meio-campistas e laterais.

Postado por Eduardo Cecconi

O blog Preleção se caracteriza, há aproximadamente um ano, pela criação de um espaço para debate sobre sistemas táticos. Nos posts, eu sempre evito a opinião sem embasamento, e prefiro apenas fazer a análise do que eu vi, trazendo elementos da teoria tática. Vez que outra esta análise vem acompanhada de uma opinião, ou elogiosa, ou crítica, mas moderada. O enfoque é a análise de sistemas táticos.

Esta filosofia do Preleção criou uma comunidade de leitores que debate em alto nível. O pessoal que participa do blog deixa comentários bastante fundamentados. E mesmo quando discordam da minha análise, ou das minhas breves opiniões, trazem argumentos para contraponto. Uma interatividade muito qualificada.

Mas ontem bastou eu fazer um post sem análise tática, mas com muita opinião – os jogadores que escolhi para uma fictícia Seleção do 1ºturno do Brasileirão (uma brincadeirinha, apenas) e o nível dos comentários baixou. Muito. Desceu a ladeira aos trombolhões. Acredito que muitas pessoas acessaram o post pelo link nas capas do clicEsportes, sem ter visitado o blog antes, e apenas usaram o post para descarregar ódios, xingar, desacreditar, desqualificar e ofender – o que é bastante comum nos debates exacerbados entre torcedores de futebol, mas contraria a linha da nossa interatividade no Preleção.

Dá para perceber – quem puder, confira no post abaixo – exatamente quem é frequentador do Preleção, e quem é o torcedor que participa de qualquer fórum de debates apenas para odiar. Muitos leitores discordaram de alguns (ou de vários) pontos da minha Seleção e trouxeram argumentos, contrapontos, opiniões diversas embasadas. Contribuíram para a brincadeira em um exercício de valorização dos jogadores, treinadores e times que melhores desempenhos tiveram.

Estes são os leitores do Preleção. Discordam, mas sabem argumentar. Mas cabem algumas reflexões: será que é tão difícil manter a consistência do debate sobre o futebol? Porque temos tanta dificuldade em lidar com a opinião alheia quando ela contraria as nossas?

Postado por Eduardo Cecconi

Gosto de fazer estas seleções. Não passou Copa do Mundo em branco na minha infância, sempre escalava o time dos melhores da competição e reproduzia os sistemas táticos possíveis no Xalingão, com meus times de futebol de botão. Portanto, nada mais justo do que compartilhar com vocês este meu hobby propondo uma Seleção do 1º turno do Brasileirão.

Mas primeiro, quero deixar claro que esta não é a seleção dos melhores jogadores em atividade no Brasileirão. Mas sim a seleção dos jogadores que tiveram melhor desempenho neste 1º turno. Não vale reclamar, por exemplo, que o Ronaldo Fenômeno está de fora. Ele destruiu no Paulistão e na Copa do Brasil, é um dos maiores atacantes da história do futebol mundial, mas no Brasileirão não se destacou. Este é o raciocínio: é a seleção dos jogadores que tiveram melhor desempenho neste Brasileirão.

Escalei o time no 3-5-2. Isso porque este é o sistema tático mais utilizado na soma das 20 equipes, ou como preferencial (Avaí, Barueri, Botafogo, Palmeiras, Vitória, Flamengo, Fluminense, Sport) ou como alternativa (Grêmio, Atlético-MG…). E entre todos os treinadores adeptos dos três zagueiros, reconheço em Silas (Avaí) o mais destacado. Isso porque Silas não iniciou com esta convicção, mas conseguiu identificar no seu grupo de jogadores características que possibilitaram a arrancada na tabela ao adotar o 3-5-2.

Na defesa, à frente do goleiro Eduardo Martini (Avaí – sim, eu sei que ele é atrapalhado, mas surpreendentemente vai muito bem no campeonato) meus zagueiros seriam Welton Felipe (Atlético-MG) pela direita, Danilo (Palmeiras) na sobra, e Anderson Martins (Vitória) na esquerda. Para cada setor, nos times que estão no 3-5-2 não vi ninguém mais competente do que este trio. Welton Felipe muito vigorosos na marcação, e Danilo lidando com o conceito brasileiro de “zagueiro da sobra” com simplicidade.

Nas alas, Apodi (Vitória – mistura de Sorín com Paulo Baier) na direita, e Thiago Feltri (Atlético-MG) na esquerda. São apoiadores eficientes, e como no 3-5-2 brasileiro os alas precisam apenas avançar pelos lados, são os mais efetivos e agressivos, com velocidade e qualidade técnica.

Protegendo os zagueiros está Sandro (Inter), com um apoiador pela direita – Cleiton Xavier (Palmeiras) – e um ponta-de-lança pela esquerda – Diego Souza (Palmeiras), cada um reproduzindo nesta seleção as funções que desempenham com grande destaque em suas equipes.

E na frente, Dagoberto (São Paulo) em velocidade pela direita, e Diego Tardelli (Atlético-MG) combinando movimentação e presença na área. Dagoberto é o símbolo da recuperação do São Paulo na era Ricardo Gomes, derrubando a dobradinha de centroavantões que norteava a estratégia do Muricy. E Diego Tardelli superou todos os centroavantes, embora não seja o artilheiro da competição.

Sei que teve muito jogador também com bom destaque, e merecem ser citados alguns, como Guiñazu, Maxi López e Souza, Eltinho (Avaí), Serginho (Atlético-MG), Thiago Humberto, Leandro Castan e Fernandinho (Barueri), Adriano (Flamengo), Ricardo Conceição e Marcel (Santo André), Jorge Wágner (São Paulo). E eu certamente esqueci mais gente.

Respeito opiniões contrárias. E deixo aberto o espaço para quem quiser trazer a sua Seleção do 1º turno do Brasileirão.

Postado por Eduardo Cecconi

Quem não viu, recomendo vasculhar a internet em busca de, pelo menos, um bom compacto de Everton 1 x 6 Arsenal. Hoje, o camisa 4 dos londrinos ensinou como joga um articulador nato. Fábregas comandou no gramado o abate do anfitrião Everton, como fazem os toureiros espanhóis nas arenas de areia.

Arsene Wenger manteve o sistema tático 4-5-1 que o caracteriza à frente do Arsenal. Também denominado por alguns analistas de 4-2-3-1, em função do desenho de meio-campo – dois volantes guarnecendo uma linha de três meio-campistas. Apesar dos desfalques, e do descrédito, em função das perdas no elenco e das raríssimas contratações, o Arsenal deve ter dado um grande salto nas casas de apostas britânicas após esta goleada histórica fora de casa.

No meio-campo, Wenger elegeu a dupla Denilson-Song, o primeiro à esquerda, o segundo na direita, para desempenhar o combate. Os dois volantes protegeram a linha defensiva, cobriram laterais, fecharam a frente da área e se revezaram no ataque. Denilson saiu mais, e marcou o primeiro – belíssimo – gol da partida. À frente deles, um articulador centralizado e dois wingers pelos lados. Um atacante fazendo o pivô. Nestas duas frases, com uma grande novidade.

Wenger contrariou a lógica e inverteu Van Persie e Bendtner. Com mais características para jogar pelo lado, embora já tenha sido atacante e organizador no Arsenal, Van Persie foi o atacante-pivô. E Bendtner, um centroavante de referência, assumiu a função de meia-extremo pela direita, com Arshavin na esquerda. Deu certo. O Arsenal apostou bastante nas viradas de jogo pelo alto, com Clichy e Arshavin acionando Bendtner, que de cabeça escorava para Van Persie.

Mas o maestro foi Fábregas. Embora vestindo a 4, o espanhol deu uma aula de como ser um camisa 10. Organizador nato, típico, tradicional, conforme manda o manual. Fábregas centralizou a articulação da equipe, pelo chão, com técnica, visão de jogo, e um elemento primordial para seu sucesso na função: o toque de primeira.

Fábregas parecia em um treinamento em campo reduzido. Brincou de não dominar a bola. Recebia e passava no mesmo toque. Prática que exige muita visão periférica para observar a movimentação dos companheiros. A visão periférica se caracteriza pela fixação do olhar em determinado ponto ampliando a percepção. Quem a domina, ao mesmo tempo olha para a bola e para o deslocamento dos companheiros. Antecipa, desta forma, a jogada que executará. Antes da bola chegar, sabe onde vai lançar. O que permite o toque de primeira. E para fazer isso, não pode ser comum. Tem que ser diferenciado. Tem que estar acima da média.

Quando a bola vinha dos volantes, Fábregas já acionava um dos wingers. Quando vinha dos lados, completava a inversão ou chamava o pivô de Van Persie. Sempre de primeira. Tocando e saindo para oferecer alternativa de retorno da bola. Sincronia de movimentos que desestruturou a marcação do Everton. Ninguém achou Fábregas. Que teve tempo ainda, apresentando-se para completar jogadas que iniciava, de marcar dois gols.

Outra boa credencial do Arsenal foi a bela apresentação do zagueiro belga Vermaelen. Impecável na zaga, e artilheiro na frente – fez um. Gallas e Eduardo, que saiu do banco, fecharam o placar. Embora com o mesmo sistema tático do ano passado, Wenger conseguiu dar uma revigorada no seu 4-5-1 com a inversão de Van Persie e Bendtner, e com a valorização de Fábregas no meio-campo.

Há um desconto. O Everton foi mal. Mas não se pode eximir de culpa um clube que aposta no “segundo escalão” do futebol mundial. Suas referências são um belga (Felaini), um sul-africano (Pienaar) e um australiano (Cahill). E quem escala o limitado Jô para ser o único atacante, convenhamos, está pedindo para não fazer gol.

Postado por Eduardo Cecconi

Na quarta-feira, o confronto Atlético-MG x Palmeiras proporcionou a observação de uma prática bastante comum entre treinadores brasileiros, quando identificam um jogador “diferenciado” no adversário: a marcação individual. Celso Roth determinou que seu camisa 19, o volante Jonílson, acompanhasse individualmente Diego Souza.

Eu parto do seguinte princípio: quem joga para anular, acaba anulando-se. Tanto uma equipe inteira (quando se posiciona tão defensivamente que não consegue se articular com a bola), como também um jogador específico. Mas a questão principal, e acredito que Celso Roth pesou isso na balança, foi medir até que ponto Jonílson seria importante para o Atlético-MG, comparado à relevência de Diego Souza para o Palmeiras.

Na prática, Diego Souza não jogou. Foi anulado. Mas, confirmando o princípio no qual me amparo, Jonílson também não jogou. Anulou-se. Confiram no diagrama tático que ilustra o post a simulação desta simbiose. Celso Roth definiu o Atlético-MG no 3-5-2, tendo Jonílson como uma espécie de líbero. Com a bola, o jogador posicionava-se ora à frente, ora às costas dos zagueiros. Mas quando o Atlético-MG perdia a posse, ele automaticamente ligava-se a Diego Souza, que jogou em uma área do meio para a esquerda ofensiva, às costas do primeiro volante e de frente para o zagueiro destro.

No livro Me gusta El fútbol, do genial Cruyff, o holandês lançou a seguinte sentença: “a pressão deve exercer-se sobre a bola, não sobre o jogador”. Para mim, perfeito. A frase, entretanto, contraria a marcação individual, e também a marcação por função (também chamada de mista, uma combinação de zona com individual) aplicada no 3-5-2 à brasileira. Nestes dois casos, o marcador exerce pressão sobre o adversário. Na marcação por zona, típica dos clubes europeus e argentinos, por exemplo, a pressão se exerce sobre a bola. O combate se dá quando a bola entra na zona do marcador, não quando o adversário ingressa nela.

Eu não sou fã da marcação individual. Atlético-MG e Palmeiras jogaram com 10 atletas cada. Jonílson e Diego Souza fizeram um duelo alijado da partida. Celso Roth partiu do princípio de que vale a pena anular alguma virtude da própria equipe em nome do combate à virtude alheia. Eu acredito no inverso: é mais oportuno valorizar as próprias virtudes. Em todo caso, ele obteve êxito, garantindo a anulação de Diego Souza.

*Atualização (com apontamentos de leitores): êxito relativo, afinal, Diego Souza fez a jogada do gol de Ortigoza. Valeu a pena perder um jogador da própria equipe para marcar durante 90min um adversário, se em um único descuido ele permitiu que este adversário fizesse a jogada do gol?

Outro aspecto interessante da partida foi a escalação do Palmeiras (para variar, com Muricy) em um 3-6-1 sem ala-esquerda. O técnico Alviverde posicionou o volante destro Souza no setor. O Palmeiras não teve jogada pelo lado na esquerda. Souza jogou praticamente como um 4º zagueiro, para cuidar as investidas de Éder Luís.

O interessante é que o Atlético-MG não tem um ala-direita de ofício. Carlos Alberto também é volante de origem. E sem ninguém para combater – Jonílson cuidava Diego Souza, Renan observava Cleiton Xavier, Ortigoza estava entre dois zagueiros, e Souza não apoiava – Carlos Alberto fechou para o meio, formando um losango de articulação (o movimento está descrito no diagrama tático que ilustra o post). Para compensar, não sei se por orientação de Roth ou por iniciativa própria, o volante Serginho fez algumas belas diagonais da esquerda para a direita, apoiando às costas de Souza e em cima de Marcão. Faltou, quem sabe, a passagem de Jonílson, que não podia sair para o jogo por estar preso a Diego Souza.

Foi um jogo de dois treinadores que priorizam o combate, um no 3-5-2, outro no 3-6-1, ambos com estratégia de bola longa com a posse de bola. Mas, pela qualidade de alguns jogadores, e também por algumas alternativas táticas inusitadas, não foi um mau jogo.

Postado por Eduardo Cecconi

Depois de conquistar a Eurocopa, fazer bela campanha nas Eliminatórias, mas frustrar as boas perspectivas na Copa das Confederações, os espanhóis democratizam o debate sobre o sistema tático da seleção nacional. Hoje, diversos jornais da Espanha apresentam a discussão sobre as variações da Fúria, após a emocionante virada de 3 a 2 sobre a Macedônia em partida amistosa.

No El País, o artigo se intitula “Dr. Jekyll y Mr. Hyde”, comparando a transformação notada na passagem do 4-4-2 para o 4-5-1 na Espanha de Vicente del Bosque. Outros grandes jornais, especificamente esportivos, como o As, o Marca e o Mundo Deportivo, apimentam a discussão. Um adendo, antes de participar da discussão: como é bom ver um país onde a imprensa esportiva lida com o debate tático com naturalidade. Parece-me que lá os jornalistas realmente sabem do que estão falando, e incentivam o “povão” a participar. Nota 10.

A Espanha iniciou o amistoso no 4-4-2, e terminou o 1º tempo levando 2 a 0. Vicente del Bosque manteve seu sistema tático predileto, com desenho em duas linhas, e estratégia voltada às jogadas pelos lados. Na direita, em combinações do lateral Arbeloa com o extremo Cazorla; e na esquerda, setor mais forte, sincronizando o lateral Capdevila e o winger Silva.

Xavi e Xabi Alonso formaram uma dupla de meio-campistas centrais típicos do 4-4-2 britânico. São dois “box-to-box”, nunca volantes, dois meias que marcam e armam, que defendem e protegem os zagueiros sem a bola, e avançam, articulam, apresentam-se à segunda bola, lançam, passam e concluem de média distância, com a posse. Na frente, uma dupla ambidestra de matadores: Villa pela esquerda, Torres pela direita.

No 2º tempo, Vicente del Bosque mudou para o 4-5-1 (ou 4-2-3-1, como queiram). Xabi Alonso deu lugar a Busquets (Marcos Sena segue de fora), Fábregas substituiu Cazorla e Riera entrou na vaga de Villa – esta, a troca que proporcionou a variação tática. Conforme o diagrama tático que ilustra o post, na prática houve duas mudanças de posicionamento: Silva passou da esquerda para o centro, e Torres também centralizou, como atacante singular. Fábregas pela direita e Riera pela esquerda mantiveram a função de wingers desempenhadas respectivamente por Cazorla e Silva na etapa inicial.

No 4-5-1, a Espanha virou o jogo. Conseguiu um quase inimaginável 3 a 2. A mudança suscitou um retorno ao debate tático que é bastante comum aos espanhóis: qual o sistema que mais valoriza o meio-campo? O futebol espanhol é vocacionado ao agrupamento do setor. Como Paulo Autuori definiu, na Espanha fala-se sempre nas “pequenas sociedades”, ou seja, na formação de triângulos (tática de grupo) que mantenham sempre três jogadores – pelo menos – próximos o suficiente para a troca de passes.

Os articulistas da imprensa esportiva espanhola defendem que no 4-5-1 esta valorização do meio-campo é mais consistente. A equipe deixa de jogar “pelas bandas”, e consegue se articular melhor. Não li, entretanto, nenhuma análise se o crescimento se deu realmente pela variação tática, ou pelas trocas de nomes. Afinal, saíram Villa e Xabi Alonso! E entrou Fábregas (que seria titular em, estimo, 99% das seleções mundiais). Até que ponto a vitória se deu pelo sistema, e até que ponto influíram as mudanças de nomes?

O debate vai permanecer, principalmente porque se aproxima a rodada das Eliminatórias Europeias. O sistema do 1º tempo foi utilizado também ontem, por exemplo, por Argentina e Inglaterra – a Argentina venceu a Rússia, e a Inglaterra buscou um grande empate com a Holanda, ambas fora de casa. Definitivamente, o 4-4-2 em duas linhas está longe de ser um sistema desprezível.

Outro aspecto interessante é a vocação tática de um país. A Espanha tenta se adequar a uma característica histórica sua. Tenta reafirmar a sua identidade tática. É como o próprio 4-4-2 britânico da Inglaterra (óbvio), ou o 4-3-3 da Holanda. Qualquer que seja o treinador, os ingleses sempre vão de duas linhas, e os holandeses não abdicam dos três atacantes. Qual a identidade da Espanha? O 4-4-2 “por las bandas” ou o 4-5-1 centralizado? Belo debate.

Postado por Eduardo Cecconi

Hoje na ronda matinal que faço diariamente pelos sites de jornais esportivos estrangeiros, encontrei um artigo primoroso no britânico The Guardian. Assinado por Jonathan Wilson, o texto analítico abre com a seguinte pergunta, direcionada à contextualização do futebol da Inglaterra:

O 4-4-2 está voltando?

Na temporada passada, o sistema tático mais tradicional da Inglaterra, com todas as suas variações, foi relegado pelos quatro grandes. O Chelsea transitou do 4-5-1 com Felipão ao 4-3-3 com Guus Hiddink; o Arsenal manteve o seu 4-5-1 (ou 4-2-3-1, como queiram), típico de Arsene Wenger; e simultaneamente, Sir Alex Ferguson no Manchester United e Rafa Benítez no Liverpool retrocederam para outros tipos de 4-5-1 (o 4-1-4-1 no ManUtd, e o 4-4-1-1 no L`pool).

– Lá se foi a inevitável marcha para o progresso. Como chegamos ao final da primeira década do século 21, os dois lados apontados pelos apostadores como os melhores da Inglaterra abrem as cortinas da nova temporada alinhando suas equipes novamente em variações do 4-4-2 – diz o primeiro parágrafo, citando Chelsea e Manchester United. As duas formações foram notadas na decisão da Supercopa da Inglaterra, que terminou empatada em 1 a 1 – e o Chelsea venceu nos pênaltis. (*parágrafo corrigido com apontamento de leitor)

O Guardian aponta que o Chelsea de Carlo Ancelotti – exatamente como analisamos aqui no blog Preleção – adotou o 4-4-2 na Inglaterra chamado de “diamando” (diamante), ou no Brasil, o 4-4-2 em losango. O mesmo sistema tático do Inter de Tite, mas com estratégia diversa, por liberar os laterais ao apoio e contar com meias-apoiadores mais ofensivos na segunda linha de meio-campo (Essien na direita e Malouda ou Zhyrkov na esquerda, mais abertos, desalinhando um pouco o losango).

No Manchester United, depois de tantos erros provocados por um injustificável defensivismo, sem Cristiano Ronaldo – o principal sacrificado da temporada passada – Sir Alex Ferguson repensou e adotou novamente o 4-4-2 britânico. Confiram no diagrama tático que ilustra o post a formação titular que iniciou a partida no famoso “duas linhas de quatro”. Com dois wingers (meias-extremos) pelos lados da segunda linha, dois meio-campistas marcadores pelo centro, dois atacantes e laterais que se revezam entre a base e o apoio.

Jonathan Wilson trouxe outro excelente tema para debate:

– O 4-4-2 não é mais ou menos ofensivo do que o 4-1-2-3, o 4-2-3-1, o 4-3-2-1 ou qualquer variante do 4-5-1. As formações são neutras; a aplicação delas é que as torna positivas ou negativas – diz o cronista inglês. Brilhante.

Esta é a discussão que trago ao Preleção há muitos meses: a diferença entre sistema tático e estratégia. Duas equipes dentro de um mesmo sistema tático podem adotar estratégias absolutamente distintas. Enquanto o sistema tático é o “dos numerozinhos” (o 4-4-2, o 4-5-1), que se refere à distribuição dos atletas – o posicionamento, a estratégia leva em consideração as táticas individuais e e as táticas de grupo. Ou seja, refere-se à função de cada jogador e de cada setor. Com diversos atributos, entre eles o sistema de marcação escolhido, que influi de maneira muito relevante.

O exemplo já citei no texto. Inter e Chelsea – e incluo aí também a Inter de Milão – jogam no mesmo 4-4-2 em losango. Mas cada uma com jogadores de características diferentes, com estratégias diferentes (Inter com um lateral base, Chelsea com apoiadores ofensivos, Inter de Milão com vocação para a direita…). O sistema é igual, a distribuição das funções é completamente diferente.

A análise é bastante extensa. Quem tiver um tempinho, recomendo acessar o link lá no primeiro parágrafo deste post. O cronista traz diversos exemplos, comparando todos, de formações das mais diferentes equipes inglesas e seleções nacionais de todos os tempos, falando sobre as variações, e suas consequências.

Ao final, entretanto, ele dá uma opinião desfavorável ao 4-4-2. Segundo ele, abdicar das variações do 4-5-1 para retornar ao 4-4-2 – qualquer que seja o desenho de meio-campo – é um retrocesso:

– “Futebol”, disse Viktor Maslov, pioneiro técnico do Dynamo de Kiev considerado o pai do futebol moderno, “é como um avião. Quando a velocidade aumenta, a velocidade também sobe, e você precisa alinhar a frente”. Por quarenta anos ele esteve certo: o retorno ao 4-4-2 soa como se a evolução tivesse parado para respirar – conclui Jonathan Wilson.

Eu discordo, mas a tese é tão fundamentada e rica em exemplos, que é inevitável respeitar a opinião do cronista inglês, e trazer o assunto ao debate em tempos de retrocesso brasileiro ao 3-5-2 – sistema tático sequer citado nas centenas de linhas do artigo do The Guardian.

Postado por Eduardo Cecconi

Os três técnicos dispensados nesta semana no Brasileirão utilizavam o sistema tático 3-5-2 como o preferencial. Saíram Ney Franco do Botafogo, René Simões do Coritiba, e Paulo César Carpegiani do Vitória. Ney Franco já se empregou novamente: assumiu o lugar de René no Coxa centenário.

Seria leviano afirmar que foi o 3-5-2 que derrubou estes treinadores. Entram no cálculo diversos outros fatores, como a qualidade (baixa) dos elencos, as lesões, as suspensões, a preparação física…mas não deixa de ser uma coincidência no mínimo reveladora. Como no futebol o resultado é imperativo, em detrimento muitas vezes do desempenho, o conceito vencedor no momento transforma-se também na tendência padrão.

E com Muricy Ramalho tricampeão brasileiro no 3-5-2, com Celso Roth vice no 3-5-2, com o exemplo recente de Tite no Grêmio, com o Sport na Libertadores, até mesmo Luxemburgo sucumbiu e adotou este sistema no Palmeiras. Os três zagueiros, seja no 3-5-2, seja no 3-6-1, com as mais diversas estratégias e os mais diferentes desenhos, disseminaram-se desde os mais pequenos do interior (no RS é uma verdadeira febre) até os poderosos do Brasileirão.

No Botafogo, Ney Franco apostou na versatilidade dos atletas escolhidos. Conforme o diagrama tático que ilustra o post, o Alvinegro baseava seu 3-5-2 na presença de jogadores versáteis. Na defesa, um volante (Leandro Guerreiro) e um lateral (Eduardo) pelos lados, com Juninho na sobra, fazendo uma saída interessante para o apoio, como um líbero. Na ala, um meio-campista (Batista). No meio-campo, um apoiador nato (Jônatas) e um articulador (Lúcio Flávio), com dois homens de área muito fracos tecnicamente (Victor Simões e André Lima).

No Coritiba, René Simões sempre mexeu demais na estrutura da equipe. Carlinhos Paraíba foi ala, volante e meia, Marcelinho Paraíba jogou no meio e no ataque, Pedro Ken da mesma forma. Na defesa, o trio de zagueiros não emplacou em nenhuma formação. O time não conseguiu se estabilizar.

Dos três dispensados, Carpegiani parecia o de melhor resultado. Não gostei, entretanto, de uma alteração dele no Vitória. Contra o São Paulo, tirou Apodi da ala e o fixou como segundo atacante. Jackson saiu do meio para o lado direito. E o time perdeu exatamente a surpresa que era a diagonal do Apodi, a passagem pelo lado, o avanço forte dele. Apodi se tornou refém dos zagueiros, e Jackson matou o avanço lateral. Colocou no coldre a principal arma.

Com Ney Franco, o 3-5-2 deve ser mantido no Coritiba. Estevam Soares foi confirmado no Botafogo, e também pode levar o 3-5-2 que utilizava no Barueri para o Alvinegro. O mesmo sistema tático perdura ainda no Palmeiras (Muricy), no Atlético-PR (Antônio Lopes), no Goiás (Hélio dos Anjos), no Flamengo (Andrade), no Fluminense (Renato Portalupi) e no Avaí (Silas). São pelo menos 8 equipes no 3-5-2, e pode subir para 10, caso o Barueri contrate um treinador que mantenha a estrutura de Estevam Soares, e o Vitória faça o mesmo com a base de Carpegiani (*post atualizado). Número que varia, porque alguns treinadores adotam circunstancialmente o 3-5-2 – Celso Roth no Atlético-MG, Autuori no Grêmio…ou seja, mais da metade dos times do Brasileirão, na média, jogam no 3-5-2.

Dependendo do desempenho deles, os resultados podem influenciar mais equipes a adotar este sistema, ou então – se forem ruins – a concretizar o ocaso do reativo 3-5-2 da marcação por função que hoje é a principal tendência tática do futebol brasileiro. Façam suas apostas.

Postado por Eduardo Cecconi

A supremacia do Porto no Campeonato Português corre perigo. O Benfica, que conquistou apenas três títulos nacionais nas últimas 20 temporadas, larga em vantagem – pelo menos, na teoria. Hoje, o blog Preleção apresenta as negociações da janela de transferências no mercado do futebol em Portugal.

O campeão Porto perdeu bons jogadores e não soube gastar o dinheiro arrecadado. Contratou Falcão García, um centroavante que não faz gols, para uma posição que já conta com o artilheiro e ídolo Hulk. A se lamentar, as saídas de Lisandro López, Lucho González e Cissokho. Cristian Rodríguez está em péssima forma. Desestruturou a base do 4-3-3 de sucesso da última temporada. Assisti ao Porto na Copa da Paz, e a equipe foi muito mal, sem opções, e previsível na articulação.

Já o Benfica, apesar das contratações no atacado, algumas incompreensíveis (que contribuição podem dar Weldon e Marcel no sistema ofensivo???), armou uma bela equipe. Já analisamos aqui o sistema tático 4-4-2 com meio-campo em losango, extremamente ofensivo. Há opções de sobra em cada uma das posições.

Javi García é um grande primeiro volante. Para a segunda linha do losango, tem Ramires, Di María, Carlos Martins…Aimar na articulação, Saviola e Cardozo na frente, com Keirrison como opção. Uma bela defesa formada por Sidinei e Luisão. Acredito que o Benfica dê a partida com o favoritismo em Portugal.

Reparem que a maioria das equipes contratou muito, e também se desfez de diversos jogadores. O movimento do mercado português é constante. Confiram as negociações da Super Liga:

Acadêmica Coimbra
Chegou: Ricardo (Leiria), Paulo Sérgio (Al Ittifaq), Vouho (Santa Clara), André Fontes (Tourizense), Barroca (Tourizense), Emídio Rafael (Portimonense), Traquina (Tourizense), Bruno Amaro (Nacional), Bru (Paphos), Vítor Vinha (Estrela Amadora) e Miguel Fidalgo (Nacional)
Saiu: Peskovic, Saleiro, Piloto, Júlio César, Gonçalo, Pedro Roma, Vítor Vinha e Sarmento

Belenenses
Chegou: Yontcha (Otopeni), Igor Siqueira (Sevilla B), Nélson (Estrela Amadora), Celestino (Sporting), Devic (livre), Ivan Santos (Estoril), Alves (Oriental), Thiago Schmidt (Feirense), João Paulo (Olhanense), Barge (Estoril), Diego (Covilhã) e Fellipe Bastos (Benfica)
Saiu: Silas, Maykon, Costinha, Organista, Saulo, Tininho, Avalos, Wender, Baiano e Julio César

Benfica
Chegou: Luís Filipe (Guimarães), David Simão (Benfica sub-19), Leandro Pimenta (Benfica sub-19), Yartey (Benfica sub-19), Javi García (Real Madrid), Weldon (Sport), Andrés Díaz (Barcelona Guayaquil), João Pereira (Benfica sub-19), Julio César (Belenenses), Leandro Silva (Coritiba), César Peixoto (Sporting), Saviola (Real Madrid), Shaffer (Racing), Rúben Lima (Aves), Freddy Adu (Monaco), Fábio Coentrão (Rio Ave), Carvalhas (Olhanense), Patric (Brasa), Zoro (Setúbal), Makukula (Bolton), Ramires (Cruzeiro), Keirrison (FC Barcelona), Edcarlos (Fluminense) e Marcel (Kobe)
Saiu: Suazo, Miguel Rosa, Fellipe Bastos, Binya, Carvalhas, Katsouranis, Reyes, Ivan Santos, João Pereira, Ribeiro, Yartey, Leandro Pimenta, Rúben Lima, David Simão e Leandro Silva

Braga
Chegou: Kalaba (Gil Vicente), Hugo Viana (Valencia), Palmeira (Ribeirão),
Edu (Sporting sub-19), Castanheira (Leixões), Paulão (Naval), Wender (Belenenses), Yazalde (Rio Ave), Diego (Ribeirão), Kieszek (Setúbal), Andrés Madrid (Porto), Rodrigo Possebon (Manchester United), Diogo Valente (Porto), Ney Santos (Estrela Amadora), Peña (Estudiantes), Linz (Grasshoppers), Fernando Alexandre (Estrela Amadora) e Kazeem (Gil Vicente)
Saiu: Rentería, Orlando Sá, Edimar, Felgueiras, Baylón, Paulo Jorge, Stélvio, Pizzi, Luis Aguiar, César Peixoto, Diego, Castanheira, Edu, Palmeira e Wender

Leixões
Chegou: Faioli (Vasco), Léo (Paulista), Trombetta (Nueva Chicago), Tucker (Quilmes), Pouga (Sevilla B), Tiago Cintra (Amarante), Diego (Santo André), Cauê (Santo André), Bruno Gallo (Vasco), Fábio (Espinho), Nelson (Freamunde) e Pedro Seabra (Padroense)
Saiu: Beto, Angulo, Sandro, Roberto, Élvis, Vasco Fernandes, Rodrigo Silva e Castanheira

Marítimo
Chegou: Adriano (Bragantino), Alonso (Nacional), Claudio Pitbull (Porto), Aldo (Cruzeiro), Ruca (Porto sub-19), Camilo (Cruzeiro), Robson (Setúbal), André Pinto (Paços Ferreira), Sidnei (Marítimo B), Pedro Moutinho (Rio Ave), Peçanha (Thrasyvoulos), Miguel Angelo (Trofense), Roberto Sousa (Vigo) e João Coimbra (Gil Vicente)
Saiu: Marcos. Gutiérrez, Zé Gomes, Júnior, Gonçalo, van der Linden, Fernandes, Bruno Grassi, Sidnei e Christopher

Nacional
Chegou: Pecnik (Celje), Anselmo (Estrela Amadora), Rodrigo Silva (Leixões), Filipe da Costa (Levski Sofia), Wellington (Figueirense), Adriano (Boavista), Amuneke (Timisoara) e Elisson (Cruzeiro)
Saiu: Nenê, Bruno Amaro, Juninho, Igor Pita, Fidalgo, Alonso e Juliano

Naval
Chegou: Ouattara (Volos), NKake (Villemomble) e Tandia (Villemomble)
Saiu: Igor, Dudu, Tiago Freitas, Paulão e João Mendes

Olhanense
Chegou: Carlos Fernandes (Marítimo), Jaime (Louletano), Miguel Garcia (livre), Fábio (Mafra), Zequinha (Porto), Stéphane (Porto), Lamardo (Fátima), Gomis (livre), Rabiola (Porto), Ventura (Porto), Sandro (Leixões), Tengarrinha (Porto) e Éder Baiano (Rio Preto)
Saiu: Paulo Renato, Bruno Mestre, Cohene, Dani, Edson Cruz, Marco Couto, João Paulo, Branquinho, Carvalhas e Jaime

Paços Ferreira
Chegou: Romeu Torres (Aves), Leal (Rebordosa), Fábio Pacheco (Rebordosa), Leandrinho (Herediano), Mário Rondon (Pontassolense), Coelho (Benfica sub-19), Tiago Valente (Aves), Jorginho (Rebordosa), Olímpio (Gil Vicente), Carlitos (Oliveirense), Baiano (Belenenses), Filipe Mendes (Estrela Amadora), Manuel José (livre), Maykon (Belenenses), Ciel (Villa Rio) e Danielson (Khimki)
Saiu: Danielson, Ferreira, Guedes, Carlos Carneiro, Dédé, André Pinto, Leandro Tatu, Edson, Kiko, Chico Silva, Bruno Conceição, Livio Prieto, Pedro, Filipe Gonçalves, Tiago Valente e Filipe Mendes

Porto
Chegou: Vieirinha (Saloniki), Váleri (Lanus), Bura (Covilhã), Edson Cruz (Olhanense), Belluschi (Olympiacos), Falcao Garcia (River Plate), Josué (Porto sub-19), Beto (Leixões), Álvaro Pereira (Cluj), Bruno Moraes (Setúbal), Miguel Lopes (Rio Ave), Maicon (Cruzeiro), Varela (Estrela Amadora), Nuno André Coelho (Estrela Amadora), Orlando Sá (Sporting), Bruno Vale (Setúbal), Ivanildo (Gil Vicente), Prediger (Colon)
Saiu: Benítez, Zequinha, Monteiro, Stéphane, Bruno Gama, Candeias, Ibson, Hélder Barbosa, Diogo Viana, Leandro Lima, Cissokho, Rentería, Kaz, Claudio
Pitbull, Stepanov, João Pedro, João Paulo, Steven Vitória, Andrés Madrid,
Pedro Moreira, Scoppa, Rui Pedro, Paulo Ribeiro, André Pinto, Edson, Tengarrinha, Pedro Emanuel, Pelé, Maxi Asis, Lucho González, Lisandro López, Nuno Coelho, Sektioui, Rabiola, Hugo Ventura, Diogo Valente, Paulo Machado, Josué, Vieirinha, Bura e Edson Cruz

Rio Ave
Chegou: Pedro Trigueira (Boavista), João Tomás (Boavista), Ricardo Chaves (Setúbal), Valdir (livre), Zé Gomes (Marítimo), Sidnei (Boavista), Bruno Gama (Porto), Adriano (Coritiba) e Carlos (Foolad)
Saiu: Miguel Lopes, Livramento, Jorge Humberto, César, Daniel Henz, Niquinha, Yazalde, Pedro Moutinho, Delson, Paiva, Fábio Coentrão e Rogério Matias

Sporting
Chegou: Paulo Renato (Olhanense), Purovic (Kayserispor), Tiago Pinto (Trofense), Stojkovic (Getafe), André Marques (Setúbal), Saleiro (Coimbra), Matías Fernández (Villarreal) e Caicedo (Manchester City)
Saiu: Derlei, Rosado, Rui Fonte, Celestino, João Martins, Marco Matias, Luis Páez, Bruno Matias, Zezinando e Romagnoli

União Leiria
Chegou: Hélder Godinho (Feirense), Djuricic (Hajduk Kula), Diego Gaúcho (Gil Vicente), Sow (Chateauroux), Stélvio (Braga), Silas (Belenenses), Nuno Gomes (Varzim), Hugo Gomes (Estrela Amadora), Vítor Moreno (Estrela Amadora), Mamadi (Feirense) e Pedro Moreira (Buzau)
Saiu: Ricardo, Tiago, João Pedro, Ricardo Sousa, Wagnão, Maciel, Nélson, Pedro Moreira e Mamadi

Vitória Guimarães
Chegou: Kamani Hill (Wolfsburg), Milhazes (Timisoara), Vítor Bastos (Vitória Guimarães sub-19), Paulo Henrique (Covilhã), Tiago Ronaldo (Maria da Fonte), Rui Miguel (Lubin), Tiago Alencar (Corinthians-PR), Jorge Gonçalves (Racing Santander), Lazzaretti (Atlético-PR), David Mendieta (12 de Octubre), Alex (Wolfsburg), Targino (Randers) e Leandro Silva (Benfica)
Saiu: Luís Filipe, Arnolin, Fajardo, Nuno Santos, Felipe, Tiago Ronaldo, Vítor Bastos e Paulo Henrique

Vitória Setúbal
Chegou: André Pinto (Porto), Rui Fonte (Sporting), Keita (Geroskipou), Mário Felgueiras (Braga), Kaz (Porto), Hélder Barbosa (Porto), Severino (Gondomar), Luís Carlos (Estoril), Bruno Monteiro (Boavista), Djikiné (Covilhã), Matos (Varzim), Rui Varela (Estrela Amadora), Adul (Estrela Amadora), Lourenço (Beira-Mar), Nelson Benítez (Porto) e Rúben Lima (Benfica)
Saiu: Hugo , Leandro Branco, Auri, Joeano, Danilo Portugal, Milojevic, Pedro Alves, Bruno Vale, Robson, Leandro Carrijo, Kieszek, Ricardo Chaves, Janício, André Marques, Bruno Moraes, Zoro, Portela e Pedro Alves

Postado por Eduardo Cecconi

O Inter contratou o meia Edu, do Bétis. Para mim, com esta descrição da frase de abertura do post: o meia. É claro que existem várias denominações para descrever diferentes funções para meio-campistas – volante, apoiador, articulador, ponta-de-lança. E eu acredito que Edu seja, na essência, um ponta-de-lança. Claro que reúne versatilidade suficiente para jogar de outras formas. Mas parte desta origem.

No Bétis, seu melhor momento foi na formação de um trio ofensivo com Ricardo Oliveira e Joaquin. Oliveira, como todos sabem, é centroavante. Homem de área, de referência. Joaquin é um atacante lateralizado. E Edu o ponta-de-lança. Nesta trinca o agora jogador colorado se destacou e se tornou ídolo do time de Sevilha. (*parágrafo corrigido)

O que faz o ponta-de-lança? Para mim, o ponta-de-lança é o meia mais próximo dos atacantes. Ele não é o pensador, o jogador que coloca a bola no chão, levanta a cabeça e faz a distribuição das jogadas. Ele é o meia terminal, aquele que conduz a bola até os atacantes e faz a passagem, apresentando-se às tabelas e às conclusões. É o homem do penúltimo toque, e também da conclusão.

É diferente de D`Alessandro, por exemplo, que é um articulador. Ou de Andrezinho, que combina características tanto de articulador como também de apoiador (quem faz o vai-vem, ou box-to-box). O que eu quero dizer com isso? Que eles podem jogar juntos. Edu com D`Alessandro, com Andrezinho, ou até mesmo com ambos. No meio-campo. Desde que se adotem desenhos diferentes para o setor.

No 4-4-2 em losango predileto de Tite, entretanto, Edu é concorrente de D`Alessandro. Jogaria no último vértice da figura geométrica. Centralizado, e adiantado. Mudaria a característica – vai com a bola até os atacantes, enquanto D`Alessandro lança a bola aos atacantes. Mas seria ali a posição do ex-jogador do Bétis. A camisa 10 do Inter. Em um quadrado, entretanto, poderiam jogar um ao lado do outro, combinando essas características em uma parceria que considero ideal (mais ou menos o que torna a dupla Cleiton Xavier – armador – e Diego Souza – ponta-de-lança – se dar tão bem no Palmeiras).

Mas Edu também pode jogar como segundo atacante. Destacando sempre uma prerrogativa que ELE MESMO deixou clara em entrevista na Rádio Gaúcha:

“Eu prefiro vir com a bola dominada de trás”.

Ou seja. Edu é um meia. Um ponta-de-lança. No losango, é o camisa 10, concorre com D`Alessandro. Mas tem muita qualidade técnica, disciplina tática e versatilidade para atuar um pouco mais adiantado. Um pouco.

Edu pode jogar como um segundo atacante, aberto, para fazer as diagonais. Como faz hoje Taison, embora sem a velocidade. Edu agregaria a tabela curta, a movimentação inteligente e a capacidade de concluir pelo chão e também pelo alto, pois sabe cabecear e se posicionar na área. Mas como centroavante, de referência, acredito que ele possa atuar apenas em uma eventualidade, quase um improviso.

É difícil, entretanto, diagnosticar qual o estágio técnico de Edu. Os jogos do Bétis são pouco televisionados. Confesso que não assisti a muitas partidas dele nestes nove anos de Espanha. Sabe-se que ele é técnico, inteligente, gosta de jogar com a bola, de se aproximar dos atacantes, e faz gols. Mas em que condições ele chega, só saberemos quando Tite colocá-lo para jogar.

Postado por Eduardo Cecconi