No dia 05 de outubro, há praticamente um mês, portanto, escrevi no blog Preleção sobre as indefinições táticas do Real Madrid, que não consegue encontrar o melhor desenho para seu meio-campo – leiam aqui. Hoje, contra o Milan, o técnico Manuel Pellegrini tentou compensar colocando em prática um grande repertório de variações, tanto de sistema, como também – e principalmente – de posicionamento (inversões entre os jogadores).
Taticamente, vi o Real atuando no 4-4-2 com meio-campo em losango assimétrico – vértice esquerdo adiantado. Mas em algumas situações da partida, não seria incorreto diagnosticar uma variação para o 4-5-1 com dois volantes e três meias ofensivos, também desdobrado em 4-2-3-1. Percepções diferentes provocadas pelas inversões entre os jogadores.
Do meio para a frente, apenas dois atletas tiveram posicionamento e funções fixos. Xabi Alonso foi o primeiro volante, centralizado na intermediária defensiva, e Diarra foi o segundo volante em uma linha mais adiantada, à direita, ora combatendo as investidas de Zambrotta, ora auxiliando Sérgio Ramos na marcação a Ronaldinho Gaúcho quando o brasileiro recuava.
No 4-4-2 em losango assimétrico, o desenho da figura geomética se completava com Kaká pela esquerda, mais adiantado em comparação a Diarra, e Marcelo (sim, o lateral-esquerdo Marcelo) centralizado, na ponta-de-lança. Ambos trocaram bastante de posição, mas na prática Kaká centralizava apenas quando o Real Madrid estava sem a bola, levando Marcelo para o lado, na marcação a Oddo ou Seedorf.
Mas quando o Real recuperava a posse, na transição os dois brasileiros faziam um movimento rápido de inversão. Marcelo voltava ao meio, e Kaká na diagonal inversa saía do centro para o lado esquerdo. Este “X” proporcionou o gol de Benzema, por exemplo: Real recupera a bola, no contra-ataque Marcelo lança Kaká, que abre pela esquerda, e retorna em diagonal a dribles, concluindo com o “pé invertido” (destro na esquerda); no rebote de Dida, Benzema marcou.
Outra variação se dava quando Kaká adiantava-se muito além da linha de Diarra, equiparando-se a Higuaín – aberto na direita. Formava-se uma espécie de 4-5-1 desalinhado, com Xabi Alonso centralizado, depois Diarra na direita, depois Marcelo no centro, depois Kaká e Higuaín pelos lados.
Benzema foi o atacante mais adiantado. Mas também participou das inversões, trocando de função com Higuaín – algumas vezes o argentino adiantou-se, para que o francês abrisse por algum dos lados.
O losango assimétrico com Kaká na esquerda e Marcelo na ponta-de-lança, a partir da posse de bola, foi o sistema e a formação que perduraram por mais tempo, principalmente do meio do 1º tempo em diante. Como no 4-3-3 do Milan os atacantes Pato e Ronaldinho marcavam os laterais do Real, a estratégia de Pellegrini deu certo domínio do meio-campo aos visitantes, sobrepondo 4 ou 5 jogadores ao trio formado por Pirlo, Ambrosini e Seedorf.
Mas não foi um controle associado à objetividade. Kaká arriscou muitos chutes de longe, chamou companheiros para a tabela, mas faltou algo. Talvez o apoio dos laterais, muito presos aos atacantes do Milan. Ou a definição de um homem de área típico (Nistelrooy estava no banco). Kaká já declarou que prefere jogar como ponta-de-lança. Vê-lo na esquerda, com Marcelo por dentro, não deixa de ser uma pequena “invenção”. A partida terminou com empate em 1 a 1.
Postado por Eduardo Cecconi