Estou em Bento Gonçalves, cobrindo para o clicEsportes a pré-temporada da dupla Gre-Nal. Fui privilegiado, portanto, com a oportunidade de acompanhar aos treinos de Jorge Fossati no Inter. Que logo de cara quebrou o paradigma da preparação física brasileira, introduzindo desde o primeiro dia trabalhos táticos com bola, como defende José Mourinho e seus pupilos.
E Fossati, no primeiro treino, sistematizou o Inter no 3-6-1. Diferente, entretanto, daquele 3-6-1 da estreia de Mário Sérgio no Colorado, há cerca de três meses. O antecessor de Fossati armava o meio-campo em quadrado, com meias de pés invertidos – Taison na esquerda, D`Alessandro na direita – alinhados. Na verdade, o novo Inter (claro, vale lembrar que é o primeiro treino, talvez ele mude mais adiante) é uma simbiose de Mário Sérgio e Tite.
O 3-6-1 de Fossati tem um losango no meio-campo. E exatamente o losango que levou o Inter de Tite a seus melhores momentos no Brasileirão. O restante da estrutura – três zagueiros, dois alas, e um centroavante de referência – remanescem de Mário Sérgio.
A estratégia principal é sair em velocidade pelos lados do campo. Transições ofensivas muito rápidas. Contra-ataques. Fossati a todo momento para as atividades táticas para destacar a importância da aproximação dos jogadores mesmo sem a posse de bola. Ele deve manter o Inter muito agrupado quando estiver na marcação.
E, retomada a posse, este mesmo agrupamento sobe em conjunto. Fossati repudia a ligação direta e a bola longa. O técnico do Inter pede que toda a equipe avance de maneira organizada, sincronizada e compacta. Hoje, por exemplo, em uma atividade tática a equipe só podia fazer a transição depois que ao menos um zagueiro, um volante, um meia e um ala tivessem tocado na bola. Sempre de primeira.
Isto exige que os passes sejam curtos, e que os jogadores estejam próximos, aumentando a precisão. O contra-ataque do Inter promete contar com a participação de muitos jogadores até que os espaços sejam encontrados e aproveitados.
Fossati armou a primeira defesa com Índio, Bolívar e Eller, mas depois trocou Índio por Sorondo, passou o uruguaio para a sobra, e Bolívar para a direita. Nas alas, primeiro Bruno Silva e Kleber, mas Nei entrou voando baixo na direita. O losango do meio teve Sandro no vértice central, com cobertura primorosa; Giuliano e Guiñazu de “carrilleros”, marcando e apoiando, na segunda linha; e D`Alessandro na ponta-de-lança, organizando todas as transições, participando de cada movimento da articulação, e aproximando-se de Alecsandro.
A principal saída, até o momento, é o lado esquerdo. Eller empurra Kleber, que chama Guiñazu e atrai D`Alessandro. Por isso do outro lado Nei se saiu melhor que Bruno Silva, por aparecer mais, chamar mais o jogo, e assim equilibrar as ações de lado a outro.
Todos que acompanham o blog Preleção sabem que não sou entusiasta dos sistemas com três zagueiros. Também é cedo para aprofundar demais a análise. O que se pode fazer é destacar o posicionamento inicial, o desenho tático, a função de cada jogador e a estratégia escolhida. Fossati pode fazer mudanças, estes treinos podem ser apenas testes.
Mas, acredito, o Inter encaminha-se para jogar desta forma em 2010: no 3-6-1, com alguma variação para o 3-5-2, meio-campo em losango (triângulo de base alta no 3-5-2, com Sandro no vértice, D`Alessandro e Giuliano – ou Andrezinho – alinhados), e ênfase nas velozes transições ofensivas – o famoso contra-ataque rápido.
Postado por Eduardo Cecconi