Parece um contrasenso o título do post, falar em falta de articulação em uma equipe que conta com Giuliano e D`Alessandro, dois dos melhores meias em atividade no futebol brasileiro. Mas é o que aconteceu com o Inter no jogo-treino deste domingo, contra o Inter B – vitória do time principal por 2 a 1, em Bento Gonçalves.
Primeiro, as ressalvas relevantes: o Inter está há apenas cinco dias treinando. Jorge Fossati comandou dois treinos táticos e um coletivo antes do jogo-treino. É cedo para qualquer avaliação, ainda mais para qualquer definição. Mas também é oportuno começar a analisar tendências, caso o sistema seja mantido.
Fossati escalou o Inter no 3-6-1, mas com desenho diferente daquele descrito no post abaixo. Ao invés de um losango, ele adiantou Giuliano e armou uma configuração mais brasileira. Dois volantes na base, dois meias alinhados à frente, com pés invertidos – o destro Giuliano na esquerda, o canhoto D`Alessandro na direita – ambos com liberdade para trocar de posição sempre que o jogo apresentasse boas alternativas para tal.
O desenho é bem parecido com o 3-6-1 trazido ao Inter ano passado por Mário Sérgio. Digo bem parecido para não falar absolutamente igual, porque mudam alguns nomes. Mas a ideia de um quase quadrado no meio, com articuladores de pés invertidos, e um homem de referência na frente, é a base daquele sistema que utilizado pelo antecessor de Fossati.
Nesta formação o Inter criou pouco. Alecsandro ficou isolado, obrigou-se a recuar e buscar jogo, deixando o Inter na prática sem ninguém na frente. Foram duas chances em bolas cruzadas para a área, ambas concluídas para fora pelo centroavante. E, ao final, um gol de Giuliano em infiltração que faltou durante todo o tempo.
Esta é a constatação principal, acredito: Fossati precisa trabalhar melhor as infiltrações de Giuliano e D`Alessandro pelo meio. Os dois saem muito pelos lados, atraindo os alas para jogadas de linha de fundo. É uma boa opção quando o time está saindo em contra-ataque, abrir o jogo e contar com apoio simultâneo dos alas assessorados pelos meias. Mas, com a posse de bola, é preciso que Giu e D`Ale sejam mais incisivos na aproximação com Alecsandro.
Como fazer isso? Tarefa para Fossati. Talvez equilibrar aproximando mais a dupla. D`Ale e Giu não poderiam nesse caso, por exemplo, abrir pelos lados ao mesmo tempo. Seria melhor um abrir e outro fechar pelo meio, deixando-os a distância suficiente para jogarem juntos, fazer tabelas, acrescentar Alecsandro às triangulações…pode ser uma alternativa.
O restante do time funcionou. A defesa com três zagueiros anulou Walter, que tinha se dado bem sobre os reservas no primeiro tempo. Sandro e Guiñazu proporcionaram boa cobertura aos alas e fecharam a frente da área. Kleber – para mim o melhor dos titulares no jogo-treino - segue com muita qualidade no avanço e nos cruzamentos precisos, mesmo que às vezes pareça desinteressado da partida. Bruno Silva foi melhor do que nos treinos.
Faltou a aproximação dos meias com Alecsandro, de maneira organizada, mantendo-os próximos e em condições de organizar jogadas. Por enquanto, neste 3-6-1 ainda incipiente de início de temporada, o melhor recurso do Inter é a jogada de linha de fundo com Kleber.
Postado por Eduardo Cecconi/Bento Gonçalves