Ontem assisti ao empate entre Grêmio Barueri e Palmeiras (2 a 2) pelo Campeonato Paulista. A partida teve erros terríveis de arbitragem, prejudiciais ao Verdão, mas este assunto não é o tema do blog Preleção. O confronto nos apresenta outro debate.
Muricy Ramalho escalou o Palmeiras no 4-4-2. E com uma distribuição de posicionamentos e funções bem brasileira. A equipe teve uma linha defensiva de quatro jogadores, guarnecida por dois volantes. Pierre é o primeiro, pouco mais à direita; e Márcio Araújo o segundo volante, pela esquerda.
À frente, dois meias-articuladores, obedecendo ao mesmo critério. Pela direita, Sacconi um pouco mais recuado, enquanto na esquerda Cleiton Xavier é o meia mais ofensivo. O desenho do quarteto lembra duas diagonais. Não fecha uma figura geométrica, não me pareceu losango nem quadrado, mas sim duas diagonais – uma dos volantes, uma dos meias. Mas assisti a apenas um jogo.
No ataque, Diego Souza e Robert. Sim, Diego Souza, que no RJ começou como volante, chegou ao Grêmio como segundo homem de meio-campo, foi adiantado por Mano Menezes, ganhou mais terreno com Luxemburgo no Palmeiras, e agora é definitivamente um homem de área, ao lado do centroavante Robert.
Defensivamente, o Palmeiras faz a tradicional basculação, movimento bastante debatido e explicado aqui no blog Preleção. Os laterais alternam o apoio. Se Figueroa sobe, Armero fica – e vice-versa. Perdida a posse de bola, o lateral que permaneceu na base reúne-se aos zagueiros Léo e Danilo para a cobertura, movendo-se com a dupla de defensores no sentido do ataque adversário.
Ofensivamente, pela presença de dois homens de área que usam a força física, o Palmeiras ainda tem na bola aérea sua principal estratégia. Diego Souza e Robert sabem se posicionar na área, vencer zagueiros na disputa com o corpo, e são precisos na cabeçada – Diego Souza marcou um golaço desta forma ontem. Mas ambos também jogam pelo chão, recebendo passes para diagonais às costas dos zagueiros – principalmente em saídas rápidas na transição ofensiva (contra-ataque).
Como Muricy e o próprio Palmeiras estão há muito tempo trabalhando no 3-5-2/3-6-1 – principalmente o treinador – esta migração será lenta, acredito. No meio-campo, principalmente, algo falta ao Palmeiras. Há poucos movimentos sincronizados, parece-me que os volantes e os meias ainda não atuam com naturalidade em um quarteto que agora protege uma linha defensiva na marcação por zona, e não mais nas perseguições individuais dos três zagueiros.
Tomara que Muricy não desista tão fácil. Se ele conseguir um meia diferenciado para atuar ao lado de Cleiton Xavier, este 4-4-2 tem boas chances de engrenar. Ou então, se este meia não vier, dá para recuar Diego Souza e colocar um atacante de movimentação ao lado de Robert. Gostei, acima de tudo, de ver Muricy receptivo a um conceito tático diferente.
Postado por Eduardo Cecconi