Hoje o Wolfsburg, futuro time do ex-zagueiro gremista Réver, empatou com o Hamburgo – 1 a 1, pelo Campeonato Alemão. Excelente oportunidade para falarmos sobre esta equipe que no ano passado conquistou seu primeiro título da Bundesliga, mas que nesta temporada enfileira maus resultados.
O Wolfsburg atua no 4-4-2, com meio-campo em losango. A estratégia aplicada a este sistema tático, entretanto, é bastante defensiva. Josué, primeiro vértice da figura geométrica, joga poucos metros adiante da linha defensiva. Ele se posiciona centralizado na intermediária, movimenta-se pouco, atendo-se exclusivamente à proteção dos zagueiros, e à cobertura das diagonais ofensivas dos adversários. Na linha defensiva, os laterais também apoiam pouco.
Com cinco jogadores prioritariamente defensivos, o Wolfsburg sobrecarrega os meias criativos. Na segunda linha do losango, Gentner e Hasebe abrem pelos lados. Eles reprisam os carrilleros argentinos, ou os box-to-box ingleses, como é comum nos 4-4-2′s em losango: sem a bola, marcam e combatem no auxílio ao volante central; com a bola, apoiam pelos lados e tentam chegar na área adversária.
Misimovic é o cérebro da equipe, praticamente abandonado na tarefa de distribuir as jogadas. Na frente do articulador do Wolfsburg, há uma dupla que beirou a genialidade na temporada passada: o brasileiro Grafite à direita, e o bósnio Dzeko à esquerda. Sou grande fã de Dzeko. Ele e Grafite aliam força física e tempo de bola para as disputas pelo alto - como centroavantes, e velocidade, explosão e técnica para as jogadas que partem de fora da área para dentro - como atacantes de movimentação.
Réver deve rivalizar por posição com o italiano Barzagli, que atua pelo lado esquerdo – assim como Réver e, portanto, é quarto zagueiro. Barzagli é considerado o herdeiro de Cannavaro na seleção Azzurra. Faz 29 anos em maio, e além do Wolfsburg – onde atua desde 2008 – já passou por Chievo e Palermo. É um jogador técnico, assim como o ex-gremista: em 19 jogos na Bundesliga 2009/2010, levou apenas dois amarelos, e nenhum vermelho. Mede 1,86m e pesa 79kg. Estava no grupo campeão mundial da Itália na Copa de 2006.
Além de se preparar para a disputa com um jogador de certo prestígio na Europa, Réver precisa estar atento para algo ainda mais importante: ele será muito exigido. O posicionamento inicial dos jogadores, e a estratégia aplicada ao 4-4-2 em losango, fazem do Wolfsburg uma equipe muito recuada e defensiva. Desta forma, é natural que o adversário tenha mais posse de bola, e consequentemente crie muitas chances de gol.
No empate de hoje, o Wolfsburg teve apenas 30% de posse de bola. Passou 70% do jogo sendo atacado. A bola passa muito tempo no campo do atual campeão alemão. Réver precisará, caso ganhe a disputa com Barzagli, atuar em estado de alerta constante. A bola vem por cima, por baixo, por todos os lados. Talvez esta estratégia explique a má fase da equipe na Bundesliga: quem atrai o adversário e abre mão da posse de bola corre o risco de perder pela insistência.
Afinal, a melhor maneira de frear um adversário é manter a posse de bola, e não esperar por ele.