Gostei do Newell’s Old Boys, apesar da derrota fora de casa para o Emelec por 2 a 1, e da consequente eliminação na pré-Libertadores. Os argentinos criaram mais, foram melhores, mas não conseguiram vencer o inspiradíssimo goleiro do Emelec. Merecia o Newell’s integrar o Grupo 5 da competição. Melhor para o Inter.
O Newell’s do técnico e ex-jogador Sensini joga no 4-4-2 com meio-campo em losango. Muitos analistas táticos desdobram esta formação em quatro faixas de campo, e chama de 4-3-1-2. Segundo o jornalista britânico Jonathan Wilson, no livro Inverting the Pyramid – um resgate histórico da evolução tática no futebol – este modelo de 4-4-2 é tradicional na Argentina.
Foi com o 4-4-2 em losango que a Argentina conquistou a Copa do Mundo de 1978, derrotando a Holanda. Esta formação disseminou ainda os conceitos de duas funções: os carrilleros e os enganches. Carrillero é o apoiador, que faz o vai-vem sobre o mesmo eixo (faixa paralela à linha lateral) de campo. Defende sem a bola, ataca com ela. Na Inglaterra, chama-se box-to-box. E o enganche é o típico camisa 10 argentino, o jogador que pensa, organiza, lança, passa, e aproxima-se do ataque para tabelar e concluir. Um ponta-de-lança.
No 4-4-2 do Newell’s, os carrileros são Barrientos e Vangioni, e o enganche é Formica. Não contando tanto com o apoio de Dolci na lateral direita, Barrientos sobe menos do que faz Vangioni na esquerda, em companhia do lateral Insaurralde. Mas é Formica, com uma movimentação incansável de lado a outro, alguma técnica e muita disposição, quem articula a equipe e concentra a organização. Um enganche típico.
Na frente, forma-se uma dupla de segundo atacante – Achucarro – e centroavante – Boghossian. Nenhum deles é brilhante, mas são ambos participativos. Achucarro aparece mais, é um baixinho daqueles “parrudos”, trombador, que vai para cima do marcador e conclui de qualquer lugar. Boghossian resume-se mais à referência e ao pivô.
O sistema defensivo posiciona-se em linha, com os laterais na base ao lado dos zagueiros Schiavi e Alayés. Quarteto guarnecido pelo volante Bernardi, primeiro vértice do losango, um marcador que cobre as duas laterais e protege os zagueiros pelo centro, sempre preocupado em manter-se fiel ao posicionamento.