Não tem sido comum, mas às vezes acontece de o Barcelona perder. Ontem, a invencibilidade catalã no Campeonato Espanhol caiu fora de casa para o Atlético de Madrid, placar de 2 a 1. E o time da capital, embora não tenha modificado sua característica de jogo, foi bem sucedido na estratégia escolhida.
O Atlético de Madrid jogou no 4-4-2 em duas linhas, seu sistema preferencial. Nada de novo, portanto, atuar desta forma contra o Barcelona. O português Tiago, recente reforço, foi o box-to-box mais à direita, com Paulo Assunção de volante marcador, e a dupla Simão-Reyes como wingers de pés invertidos nos extremos da segunda linha. À frente, a dupla Forlán e Aguero. Ontem, inspiradíssimos.
No Barcelona, Guardiola definiu um 4-3-3 com variação para 4-4-2, tendo Iniesta como o terceiro atacante que retorna para formar o quarteto de meio-campo. Movimento já realizado outras vezes, sempre nas eventuais ausências de Thierry Henry. O Barça se manteve fiel, ainda, à manutenção da posse de bola como estratégia prioritária, controlando a partida por quase 67% do tempo.
O Atlético venceu na eficiência ofensiva. Mesmo com 33% de posse, a equipe de Madrid criou o mesmo número de oportunidades do Barcelona – 13 contra 13. Marcou dois gols, sofreu um. Contou, é evidente, com uma tarde pouco inspirada dos atacantes do Barça, aliada a um domingo de qualidade dos seus próprios atacantes – principalmente Aguero que, mesmo não tendo marcado gols, foi responsável por metade das conclusões do Atlético.
Este modelo é o mesmo aplicado pelo Rubin Kazan na Liga dos Campeões: 4-4-2 em duas linhas; compacta meio e ataque, bloqueia infiltrações; permite ao Barcelona ter posse de bola em uma zona pouco criativa, entre-intermediárias; e aposta na perícia ofensiva quando sair em contra-ataque.
Estratégia arriscada, é claro, porque o Barcelona é uma equipe paciente. Gosta de jogar com essa posse de bola pouco objetiva, em busca de espaços. Permitir que seus jogadores troquem passes é abrir a possibilidade para eles identificarem os melhores espaços, ocuparem e concluírem com muita qualidade. Foi assim contra o Estudiantes, no Mundial. Mas às vezes dá certo. No 4-4-2 em duas linhas, o Atlético de Madrid ontem repetiu o Rubin Kazan, e venceu o invencível Barça.
Observei as duas linhas, a estratégia também. Concordo com a análise Cecconi, embora não acredite nas tantas semelhanças de estratégia com o Rubin Kazan.
O que achei interessante acrescentar é que o Barcelona joga com defesa alta, ou seja, linha defensiva jogando em fora-de-jogo e muito avançada. Isto é característica marcante do Barcelona e o Atl. Madrid soube trabalhar muito bem contra isto. O primeiro gol saiu de uma destas ocasiões.
Grande Abraço.
Ola Cecconi, algum outro por aqui se reclamava faz pouco tempo por uma percebida falta de volantes organizadores nesse momento no futebol mundial. Mas aqui com o Thiago do Atletico, eis um exemplo. O ‘doble pivote’ no futebol espanhol sempre foi concebido sob duas versões; um volante para destruir e um mediocampista refinado para organizar ou bem um box-to-box (mais comum nas equipes aguerridas e anglófilas como os bascos). Por isso, Luxemburgo foi tratado como uma piada em Espanha quando colocou como meiocampo um parceiro de volantes bem brasileiros no estilo: Emerson e Gravesen..pois o setor perdeu criterio, e as meias veiam-se sobrecargado de responsabilidades em dois setores para compensar.
Fala, professor!
Tô aprendendo: http://carlospizzatto.blogspot.com/2010/02/atletico-de-madrid-ajuda-rival.html
Abraços.
Resposta do Cecconi: bruxo, tu não precisa aprender, já sabes muito. Ambos só trocamos informações. Grande abraço.