Aconteceu hoje o que se repete há praticamente duas temporadas no Manchester United. Sir Alex Ferguson recorre ao “sistema para jogos de Champions League e clássicos da Premier League”, com uma estratégia defensiva. E deixa a competição europeia, com merecimento, apesar da vitória de 3 a 2 sobre o Bayern de Munique, no Estádio Old Trafford.
O Manchester United atuou no 4-5-1, com duas variações. Sem a bola, a equipe apresentava um desdobramento em 4-1-4-1. Entre as duas linhas, Carrick centralizado; no meio-campo, Valencia e Nani de wingers marcandos os laterais, Fletcher e Gibson por dentro, sobre Van Bommel e Schweinsteiger, e Rooney na saída de bola.
Com a bola, o ManUtd variava para o 4-4-1-1. Fletcher alinhava-se a Carrick, empurrando Gibson para o apoio pela direita, no “enganche” com Rooney. Assim nasceu, por exemplo, o primeiro gol. Gibson fez a transição, tabelou com Rooney no pivô, e abriu o placar. Os outros dois gols dos ingleses nasceram das combinações de wingers: Valencia abre pela direita, Nani fecha para a área na diagonal da esquerda para o meio.
Apesar da opção teoricamente defensiva – o 4-5-1 – a estratégia inicial do Manchester United surtiu efeito, pelo posicionamento dos jogadores. Ferguson adiantou as linhas e encurralou o Bayern. Os ingleses pressionaram a saída de bola, recuperando a posse e fazendo uma transição rápida pelos lados, principalmente na direita, com Rafael, Valencia e Gibson.
Mas Ferguson sobrepôs ao seu vitorioso currículo o estilo recente de trabalho. A partir do 3 a 0, recuou o Manchester, e tentou tirar proveito do 4-1-4-1 apenas para bloquear espaços, e fazer o tempo passar. Sofreu um gol circunstancial de Olic no final do primeiro tempo, retornando para a etapa final convicto em apenas se defender.
Com a expulsão de Rafael – para mim, exagerada – o Manchester retraiu-se ainda mais. Trouxe o Bayern para o próprio campo. O mesmo havia acontecido há poucos dias, quando Ferguson ofereceu terreno e espaços ao Chelsea, sendo derrotado em casa com muita justiça. A punição saiu no final, quando Robben marcou um gol de exceção e classificou os alemães pelo saldo qualificado.
Ferguson me parece – posso estar enganado – andar na contramão da tendência tática do futebol moderno. Ocupar espaços no campo ofensivo mesmo sem a bola, controlar a posse, valorizar a articulação com jogadores próximos, são características mais eficazes que a busca pelo bloqueio defensivo, sem posse, permitindo ao adversário sondar a própria área, para apostar exclusivamente no contra-ataque.
Sei que sou um dos poucos a pensar assim, e respeito quem pensa o contrário. Como eu destaco, apesar da estratégia defensiva, a pressão inicial do Manchester United resultou em três gols, e a equipe sofreu dois em jogadas circunstanciais. Mas, também é fato, quem permite ao adversário controlar a posse de bola, corre o risco de levar gols fortuitos. Marcar com a bola, ocupar espaços e propôr o jogo são maneiras mais seguras de não levar gol.