O resgate do meio-campo com desenho em losango pelo técnico Jorge Fossati repetiu-se ontem na vitória de 3 a 0 do Inter sobre o Deportivo Quito, e com muito mérito. Este modelo de 4-4-2, disseminado na Argentina pós-Copa de 1978, um dos prediletos de José Mourinho, e recentemente comum entre os clubes brasileiros, apresenta boas alternativas para que o campo inteiro seja utilizado na articulação ofensiva.
No 4-4-2 com meio-campo em losango, o Inter aproveitou as três faixas horizontais do gramado: lado direito, centro, e lado esquerdo. Não foi uma equipe “capenga”. Pelo contrário, teve equilíbrio e variação de jogadas. Constatação proporcionada pela estratégia aplicada ao sistema tático.
Na direita, houve parceria entre o lateral Nei e o apoiador Andrezinho; na esquerda, combinaram-se o lateral Kleber e o apoiador Guiñazu; e pelo centro, D’Alessandro transitou de lado a outro, ora aproximando-se da dupla destra, ora da dupla canhota, e ora atraindo os dois apoiadores para as tabelas centrais.
Como já debati outras vezes, três jogadores são os maiores beneficiados: D’Alessandro, por atuar próximo dos atacantes, e pela quantidade de opções para as jogadas curtas pelo chão, que são as suas prediletas; Walter, pela liberdade de circulação em ambos os lados, embora mais ligado à esquerda para compensar a assimetria do losango (Andrezinho mais adiantado que Guiñazu); e Alecsandro, que acaba sendo municiado pelos jogadores das três faixas, sem abandono, sem precisar sair da área. Ontem, o camisa 9 recebeu vários cruzamentos e assistências, mas não teve sorte nas finalizações.
Sei que há ressalvas. A principal é a aplicação quase incomum dos jogadores do Inter ontem. Todos atuaram em alto nível. Destaco principalmente os laterais Nei e Kleber, o meia Andrezinho, e o zagueiro Sorondo. Houve muito empenho, raça, dedicação, disciplina tática, e ousadia para tentar jogadas ofensivas sem burocracia. Sandro, recuando para marcar um dos atacantes e permitindo aos laterais subirem despreocupados, também teve grande atuação. E a segunda ressalva é a precariedade do Deportivo, equipe sem ambição, com um sistema desequilibrado, e com jogadores pouco qualificados na comparação com os colorados.
Mas o bom desempenho se presta na análise comparativa com o próprio Inter. O 4-4-2 com meio-campo em losango tem se mostrado o sistema mais equilibrado, e que melhores condições oferece para capturar dos protagonistas suas principais virtudes. Foi assim ano passado quando o Inter de Tite viveu boa fase.