Grêmio no 4-4-2. Inter no 4-4-2. Grêmio com dois volantes e dois meias. Inter com dois volantes e dois meias. Desenhos semelhantes nos dois meio-campos. Jogadores com característica defensiva na lateral-esquerda, e apoiadores na direita. Um atacante de movimentação e um centroavante. Grêmio e Inter entraram em campo encaixados taticamente um no outro, nesta tarde de domingo, no clássico Gre-Nal 380.
Treinadores e teóricos da tática no futebol são praticamente unânimes. Quando há um “encaixe”, quando duas equipes atuam com formações e estratégias semelhantes, sobressai-se a iniciativa pessoal. Foi o próprio Jorge Fossati quem disse isso nesta semana.
E, neste aspecto, os jogadores do Grêmio obtiveram vantagem. Neuton na lateral-esquerda ousou mais do que Juan. Borges foi mais participativo que Alecsandro. Os jogadores gremistas venceram disputas pelo alto – dois gols de cabeça em lances de bola parada. Willian Magrão e Ferdinando (depois Adilson) combateram com supremacia os articuladores do Inter. Do lado colorado, apenas Walter demonstrou iniciativa, vitórias pessoais, e criou as melhores chances de gol para seu time, sempre em conta própria.
Silas optou pelo 4-4-2 com o qual venceu o primeiro turno do Gauchão 2010. Dois volantes centralizados – Ferdinando pouco mais recuado que Willian Magrão – e dois meias mais adiantados, e abertos (Hugo na esquerda, Leandro na direita). Edilson e Neuton receberam autorização para apoiar alternadamente, enquanto Jonas partida da direita para a esquerda, sempre em movimentação, e Borges manteve-se fixo no jogo corporal sobre Bolívar, em pivô.
Fossati também escolheu o 4-4-2, mas pouco diferente dos últimos jogos. Andrezinho adiantou-se, desfazendo o losango. O desenho do meio-campo praticamente igualou-se ao do Grêmio. Sandro mais recuado que Guiñazu – ambos centralizados – e dois meias adiantados e mais abertos. De início, Andrezinho atuou pela direita e D’Alessandro pela esquerda, mas em função das derrotas para os marcadores, eles inverteram os lados e não mais mudaram até o final.
Faltou, entretanto, o apoio dos laterais. As iniciativas de Neuton seguraram Nei, que não conseguiu responder. Do outro lado, Juan também apenas marcou Edilson, sem jogar às suas costas. Andrezinho e D’Alessandro submeteram-se à marcação, embora Hugo e Leandro pouco tenham contribuído pelo outro lado também.
Com tanto equilíbrio, encaixe tático na reprodução de sistemas e estratégias semelhantes, o Grêmio contou com a iniciativa de seus jogadores para se desvencilhar deste emaranhado de igualdades técnicas e táticas. Neuton foi o melhor em campo, mas Jonas, Borges e Edílson também se destacaram. A dupla de zaga, embora Mário Fernandes tenha perdido jogadas de corpo para Walter, foi bem da mesma forma.
Foi um resultado justo, pelo que produziram os jogadores do Grêmio. Não há o que se contestar no placar. O Grêmio mereceu vencer pelo aproveitamento das oportunidades e pelo empenho e aplicação com os quais controlou o segundo tempo, após leve domínio colorado a partir da metade da etapa inicial.