Não surpreende que Muricy Ramalho, sem tempo para realizar treinos táticos desde que assumiu o Fluminense, indique a manutenção do 3-5-2 legado pelo ex-técnico da equipe, Cuca, na partida de hoje contra o Grêmio. É de se imaginar que, mesmo com todo o tempo do Mundo, o novo treinador do pó-de-arroz ainda assim teria se decidido pela permanência do sistema com três zagueiros.
É arriscado, sem assistir aos treinos, projetar o que Muricy pretende em sua partida de estreia. A base do post de hoje vem do noticiário da imprensa carioca – projetando a escalação, das declarações de Muricy sobre a base tática de Cuca, e de um post que publiquei no dia 08 de março sobre o Fluzão – leiam aqui.
O 3-5-2 do Fluminense deve ter três zagueiros convencionais, dois alas apoiadores, dois volantes que fazem boa saída de jogo, um meia que centraliza a articulação, um atacante de movimentação, e um centroavante de referência. O desenho provável do meio-campo é o triângulo de base baixa, o que sugere um desdobramento em 3-4-1-2, para quem gosta da descrição em quatro faixas de campo.
Pela característica de seus alas, o Fluminense deve jogar muito pelos lados do campo. Mariano é excelente jogador, e Júlio César (ex-Goiás) tem os requisitos exigidos pela função – principalmente a incursão em diagonal do lado para o meio. Sem Conca, Marquinho deve ser o organizador, mantendo a perna canhota na articulação do tricolor.
Na frente, sem Alan, jogará o garoto prodígio Wellington Silva. Jogador rápido e driblador com a bola. Imagino, entretanto, que sem a posse Muricy pedirá que o futuro atacante do Arsenal recue centralizadamente, variando para o 3-6-1, no combate ao primeiro volante gremista – Adilson, certamente – enquanto Marquinho encaixe a marcação em Willian Magrão, permitindo a Diguinho e Everton pegar os meias do tricolor gaúcho. Assim, dois zagueiros podem cuidar de Jonas e Borges, sobrando um para as coberturas.
A estratégia, além da saída em velocidade com os alas, suponho que seja “à Muricy”: bola longa para o centroavante de referência. Fred é um jogador que sabe atuar de costas, no pivô, utilizando-se do corpo do zagueiro como referência. Nesta ligação direta, ele segura a transição e dá tempo para a chegada dos alas, do segundo atacante e do meia, jogadores com os quais pode tabelar para o giro e a conclusão.
Também imagino que Muricy aposte muito nas jogadas de bola parada – faltas laterais (Wellington Silva deve cavá-las) e escanteios nascidos das jogadas em profundidade dos alas. Isso porque, com bola rolando, apenas Fred é cabeceador. Com a bola parada, os zagueirões podem subir.
Segundo a imprensa carioca, Muricy testou ainda um 4-4-2 com Equi Gonzalez no lugar de Digão. Seria uma grande surpresa para mim o Fluminense jogar neste sistema tático, em dia de estreia do “pai do 3-5-2″ no histórico recente do futebol brasileiro.