Poucas seleções, como podemos constatar nesta série diária de posts sobre a Copa do Mundo, chegam à África do Sul tendo o 4-5-1 com dois volantes e três meias (desdobrado em 4-2-3-1) como sistema tático preferencial. O Brasil do técnico Dunga é uma destas raras equipes.
O 4-2-3-1 do Brasil é assimétrico. Não há alinhamento entre os três meias ofensivos. Na comparação com Kaká e Robinho, Elano atua em uma faixa mais recuada. Ele é um dos responsáveis pela proteção ao lateral-direito Maicon, sempre liberado para o apoio incisivo.
Na esquerda, o lateral – ainda indefinido – sobe menos, porque o campo ofensivo é ocupado pelo meia-extremo Robinho. Mas o jogador não costuma chegar à linha de fundo, priorizando a diagonal na direção de Luís Fabiano, o centroavante de referência.
Sou voto vencido entre boa parte da imprensa esportiva, mas vejo em determinadas circunstâncias uma variação no Brasil, do 4-2-3-1, para o 4-4-2 com meio-campo em losango. Isso acontece principalmente quando Nilmar substitui Robinho. Gilberto Silva tende a centralizar, protegendo a linha defensiva e cobrindo ambos os lados. Felipe Melo apoia pela *esquerda, alinhando-se com Elano. E Nilmar avança mais que Robinho, ultrapassando a tênue fronteira conceitual entre meia-extremo e segundo atacante. Eu vejo desta forma.
A estratégia do Brasil é a veloz transição ofensiva. Dunga não se importa que a equipe ofereça posse de bola ao adversário. As quatro linhas compactam-se, mantendo um bloqueio agrupado. Recuperada a bola, o contra-ataque é sincronizado e rápido.
O centralizador da transição é Kaká, jogador reconhecido pelo talento na condução agressiva de bola. Ele os outros dois meias partem em disparada, invertendo posicionamentos se preciso for, e contando com o eventual apoio de um dos laterais. Este grupo chega rapidamente ao encontro do centroavante, sem desorganizar a equipe. Felipe Melo se adianta para a segunda bola, Gilberto Silva mantém-se atento às coberturas, centralizado, e a equipe não se torna vulnerável.
O sistema e a estratégia a ele aplicado são eficientes. Desta forma o Brasil vem conquistando títulos e bons resultados, mesmo que em detrimento de uma característica cultural do nosso futebol. Em um campeonato curto, com apenas sete jogos e sucessivas fases eliminatórias, pode ser uma boa maneira de se chegar ao hexa.
Dunga convocou 23 jogadores, todos já sabem quem são, mas aí está a lista:
Goleiros:
Julio César – Inter de Milão (ITA)
Gomes – Tottenham (ING)
Doni – Roma (ITA)
Laterais:
Maicon – Inter de Milão (ITA)
Daniel Alves – Barcelona (ESP)
Michel Bastos – Lyon (FRA)
Gilberto – Cruzeiro
Zagueiros:
Lúcio – Inter de Milão (ITA)
Juan – Roma (ITA)
Luisão – Benfica (POR)
Thiago Silva – Milan (ITA)
Meio-campistas:
Felipe Melo – Juventus (ITA)
Gilberto Silva – Panathinaikos (GRE)
Ramires – Benfica (POR)
Elano – Galatasaray (TUR)
Kaká – Real Madrid (ESP)
Josué – Wolfsburg (ALE)
Julio Baptista – Roma (ITA)
Kleberson – Flamengo
Atacantes:
Robinho – Santos
Luis Fabiano – Sevilla (ESP)
Nilmar – Villarreal (ESP)
Grafite – Wolfsburg (ALE)