Não é fácil falar de algo que não se conhece. Celso Roth será oficialmente apresentado ao meio-dia desta terça-feira, e só entra em contato com os jogadores na próxima sexta. A partir de então vai comandar os treinamentos, conhecer o elenco, testar possibilidades, para enfim definir um sistema tático preferencial, e o time-base do Inter para o segundo semestre de 2010.
Mas, com base no histórico de Celso Roth, é possível fazer algumas projeções, espelhando no Inter legado por Jorge Fossati escolhas que o novo treinador colorado já fez noutras oportunidades. VALE DESTACAR (em caixa alta, para não dar margem a dúvidas): as indefinições nos nomes para a maioria das posições apontadas nos três diagramas táticos se justifica porque não sei quais jogadores Roth vai escolher. Como tem mais de uma alternativa para a maioria das funções, a dúvida será tirada apenas nos treinos.
4-4-2 com dois volantes e dois meiasFoi com este desenho tático que Celso Roth apresentou-se ao futebol brasileiro, no próprio Inter, em 1997. O 4-4-2 com meio-campo praticamente em quadrado parece-me ser a escolha mais lógica e mais equilibrada para a característica do elenco.
Combinar Tinga e Guiñazu na primeira linha é oferecer ao time capacidade física, empenho, disposição e saída qualificada de jogo pelos dois lados. Dupla que sustentaria com muita competência a articulação de D’Alessandro, e de Giuliano ou Andrezinho, além de cobrir o apoio alternado dos laterais.
4-4-2 com um volante na coberturaEste modelo Celso Roth aplicou ao Atlético-MG no ano passado. Ele utilizava Jonílson como primeiro volante, entre a linha defensiva e os meias – Correa, Márcio Araújo e Ricardinho. É uma escolha que nos remete ao velho Roth, ao treinador com predileção especial por volantes.
Partindo desta premissa (preferência por meias marcadores, e estrutura tática idêntica à do Galo de 2009), Roth escolheria um volante combativo para a cobertura – Sandro, e depois Wilson Mathias, assim que o primeiro partisse rumo ao Tottenham. Pelos lados, o lógico seria optar por Guiñazu e Tinga, apoiadores que marcam e atacam, como fazem Correa e Márcio Araújo. E por dentro, D’Alessandro na organização.
3-5-2 com triângulo de base baixaÉ o sistema que provoca muitos calafrios em qualquer pessoa razoavelmente a par do contexto colorado. Jorge Fossati não conseguiu associar bom desempenho e resultados quando jogou com três zagueiros – e por isso foi dispensado. Fernando Carvalho declarou abertamente, com o apoio de lideranças do grupo de jogadores, que o elenco do Inter foi planejado para o 4-4-2.
Mas Celso Roth se encontrou no 3-5-2 no Grêmio de 2008. No Atlético-MG, apesar do 4-4-2, Jonílson muitas vezes aprofundava o posicionamento para marcar individualmente um atacante adversário, reproduzindo na prática o 3-5-2. E agora, em 2010, Roth estruturou o Vasco no 3-5-2.
Se Roth decidir desafiar a lógica, a preferência de Carvalho, e a vontade dos jogadores, o 3-5-2 provavelmente seria de base baixa no meio-campo. Um sistema que deixaria de fora simultaneamente Andrezinho E Giuliano, para ter mais um zagueiro. Uma lástima.