Ao contrário do que se previa antes da partida contra o Atlético-MG, o técnico Celso Roth não alterou a estrutura tática com a qual o Inter havia vencido as duas primeiras partidas pós-Copa. Mesmo com o ingresso de Tinga no time titular – e dos treinos dele como apoiador em um 4-5-1 com três volantes (ou 4-3-2-1), o jogador substituiu Giuliano sem prejuízo à formação dos bons resultados recentes.
Com Tinga, o Inter venceu o Atlético-MG utilizando-se do 4-5-1 com dois volantes e três meias ofensivos (ou 4-2-3-1). De camisa 11, o voluntarioso predador colorado ocupou a faixa central da segunda linha do meio-campo, tendo nas meias-extremas os jogadores de pés invertidos – canhoto D’Alessandro na direita, destro Taison na esquerda. Sandro e Guiñazu alinharam-se na primeira função.
A presença de Tinga privilegia a estratégia de posse de bola e trocas de passes com aproximações elaborada por Celso Roth para o Inter. Participativo e qualificado na execução dos passes curtos, Tinga transitou de lado a outro, sendo responsável pelo controle da posse a partir das viradas de pé em pé. Tinga apareceu na esquerda, quando triangulou com Kleber e Taison; na direita, trocando passes com D’Alessandro e Nei; e pelo centro, com Alecsandro, Guiñazu e Sandro.
Roth encaixou a característica do atleta à estratégia que aplica ao seu 4-5-1. Aliás, este é o principal mérito que vejo no treinador colorado: reconhecer as virtudes do elenco e buscar um sistema tático e uma estratégia adequados a elas. De nada adiantaria Roth impor um desenho tático que não aproveitasse o que os jogadores têm a oferecer – como tentou fazer Fossati com os três zagueiros e seis meio-campistas de sucesso da LDU. Ele chegou ao Beira-Rio e constatou: há meio-campistas de bom nível sobrando. O que fazer? Abrir espaço para o maior número deles, elaborando uma estratégia que valorize a posse de bola, o passe curto e preciso, e a movimentação constante de todas as peças. O Inter faz isso há três jogos. Méritos totais de Celso Roth.
Ontem também caiu um mito. Sobre a suposta irresponsabilidade tática de Guiñazu. Cholo calou os críticos atuando como volante pela esquerda, ao lado de Sandro, na primeira linha do 4-5-1. Sem um “volante da sobra”, ou um zagueiro da sobra protegendo, Guiñazu foi obediente ao posicionamento inicial exigido por Roth, combatendo à frente da linha defensiva, fazendo a cobertura de Kleber, e ainda apresentando-se ao apoio – sempre na sua área de atuação, sem desguarnecer a equipe. Sandro, para compensar, permaneceu mais fixo.
Outros jogadores também demonstraram abnegação tática sem a bola. Taison e D’Alessandro foram verdadeiros meias-extremos, marcando pelos lados o avanço dos laterais adversários. O argentino, camisa 10, foi visto afastando bola na área colorada no segundo tempo. Empenho que não compometeu a transição ofensiva do Inter, quando todas as linhas avançavam em busca da ocupação de espaços no campo adversário.
Quem melhor explica a estratégia de bola no chão, passes curtos, linhas adiantadas e movimentações constantes dos meias é o próprio Inter. No primeiro gol, Tinga toca para Taison, que lança Alecsandro; no segundo, Sandro aciona Guiñazu, que encontra Alecsandro. Dois gols, quatro meio-campistas tocando na bola, na intermediária ofensiva.