Assisti ontem à noite ao jogo de abertura das semifinais da Copa Libertadores 2010, o empate em 1 a 1 entre Chivas Guadalajara e Universidad de Chile, no México. Logicamente, o blog Preleção não poderia perder a oportunidade de acompanhar o adversário de Inter ou São Paulo na decisão do principal campeonato das Américas. Vamos então à análise tática das duas equipes.
Chivas Guadalajara
Os mexicanos atuam no clássico 4-4-2 em duas linhas de quatro jogadores. Sem a bola, os meias-extremos alinham-se aos centrais, e o centroavante recua de forma centralizada. Recuperada a posse, a transição ofensiva se dá com estes wingers – Arellano na direita, Medina na esquerda – espetados no alto do campo. O centroavante Bautista, apesar de claras e manifestas limitações técnicas, participa na distribuição em pivô, girando sobre a marcação e partindo para a área na tentativa de receber a devolução.
A vocação desta transição ofensiva é pela direita. Arellano, camisa 9 velocista, centraliza as atenções dos companheiros, recebendo a bola com frequência. Bravo, o atacante mais adiantado, abre pelo setor para tabelar com Arellano, trazendo a marcação e permitindo a Bautista ingressar na área.
A compensação se dá no outro setor com o lateral-esquerdo Ponce, que apoia em auxílio a Medina. Ponce não chega à linha de fundo, mas aproxima-se do meia-extremo canhoto e arrisca muitos chutes de longe. Também pela esquerda, o meia central Báez é o apoiador, enquanto Mejía permanece mais restrito à proteção da linha defensiva.
Os zagueiros não são confiáveis, principalmente Reynoso, que entregou o gol da Universidad de Chile. Ele gosta de dar arrancadas à moda Lúcio, mas sem a mesma eficiência, obrigando Mejía a recuar na cobertura, o que abre espaços no meio-campo.
Universidad de Chile
Os chilenos jogam no 4-5-1 em duas linhas com um ponta-de-lança à frente (ou 4-4-1-1). Este sistema, e a própria formação básica, permanecem desde o início da temporada passada, quando La U estagiou em campanhas nas copas Libertadores e Sul-Americana. O grupo agora tem experiência em competições continentais, e está muito entrosado.
A estratégia é defensiva, mas sem abdicar do contra-ataque. As duas linhas compactam-se com laterais de pouco apoio, e meias centrais muito marcadores – Seymour e Iturra. O uruguaio Victorino comanda com maestria a linha defensiva, dando sequência à grande fase que o levou até a Copa do Mundo 2010.
Com a bola, La U procura o camisa 10 Montillo. O ponta-de-lança argentino atua de acordo com a característica do futebol em seu país natal: movimenta-se de lado a outro, apresentando-se ao jogo curto, às tabelas, procurando manter a posse de bola em triangulações com os companheiros até encontrar espaços para acionar o centroavante Olivera.
Olivera é alto, e além da bola aérea – nos cruzamentos e bolas paradas – participa do jogo recuando para reunir-se às tabelas curtas coordenadas por Montillo. A equipe também busca, quando Montillo não encontra espaços, a bola longa para o centroavante.
Pelos lados, os meias-extremos participam de duas formas: na direita Contrera faz a linha de fundo, enquanto na esquerda Puch prefere a diagonal para o centro, abrindo espaço aos raros apoios do lateral Rojas. A equipe ainda se ressente da saída de Álvaro Fernandez, uruguaio que não renovou contrato e foi para o futebol norte-americano.
Vale destacar ainda, para fechar: La U conta hoje com o melhor goleiro em atividade nas Américas. Miguel Pinto é um monstro. Joga demais.