O Tottenham Hotspurs goleou ontem o Young Boys, da Suíça (4 a 0), garantindo vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa. O sistema tático, logicamente, foi preservado: é o convencional 4-4-2 britânico, em duas linhas de quatro jogadores. E com as principais premissas exigidas por ele.
No 4-4-2 em duas linhas, o Tottenham não abre mão de figuras clássicas: o meio-campo combina na área central um jogador mais combativo e marcador – ontem foi Palacios, mas invariavelmente é Huddlestone quem cumpre esta tática individual; e um box-to-box, meia que ao mesmo tempo protege a linha defensiva à frente da própria área (“box”, em inglês) e adianta o posicionamento quando o time tem a posse, aproximando-se da área adversária. Um apoiador, que vai de área-a-área. Ontem foi Huddlestone, mas será Modric o encarregado assim que se recuperar de lesão.
Pelos lados, outra característica ortodoxa do legítimo 4-4-2 britânico: por um lado o winger-organizador que, embora aberto, prioriza as inversões, aciona os atacantes nas infiltrações pelo chão, faz lançamentos e também joga curto (Bale, pela esquerda); pelo outro, o velocista que aprofunda as jogadas, que busca a linha de fundo com a bola ou então parte em diagonal na segunda trave quando o winger oposto tem a bola, para receber às costas dos zagueiros (Lennon, na direita).
Neste cenário, Sandro vai disputar posição com Huddlestone. Será o meia-central defensivo, um volante, mas com atribuições diferentes daquelas conhecidas pelos jogadores assim reconhecidos no Brasil. Com meias-extremos abertos pelos lados, o volante não é um simples entregador de passes curtos para os “camisas 10′s”. Sandro terá de distribuir o jogo, entregando curto para o box-to-box, mas também arriscando a bola longa para os wingers, ou o passe esticado pelo chão para os atacantes entre os zagueiros.
Além – muito importante – de adiantar o posicionamento para apanhar o rebote ofensivo, porque neste 4-4-2 as equipes costumam imprimir marcação em pressão-alta no campo adversário. O combate começa imediatamente à perda da bola, com uma transição defensiva agressiva, retirando espaços. Recuperada a bola, é a hora de arriscar os chutes de fora da área.
Ser meia-central defensivo no 4-4-2 em duas linhas é muito diferente de ser volante nos 4-4-2′s brasileiros. Sandro está consciente disso, e já deu belas entrevistas à imprensa inglesa, afirmando que chega para aprender com os companheiros. Está certo. A convivência com Huddlestone, um inglês que nasceu jogando nesta função, sempre neste sistema, será fundamental para que a adaptação do ex-jogador do Inter ao modelo britânico seja rápida e bem sucedida. Eu, daqui, ficarei na torcida. Bola ele tem para aprender e superar o professor.