
Sei que este debate pode provocar atrito com a imensa comunidade de fãs do atacante Jonas, por exemplo. Portanto, antes de introduzir o assunto, lembro que o blog Preleção é um fórum para se discutir teoria tática e que é muito importante a participação construtiva dos leitores. Quem discorda da ideia por favor faça isto com argumentação.
Sem entrar no mérito político, organizacional ou estrutural, o Grêmio tem muitos problemas em campo. O principal é a falta de um bom primeiro volante, de um camisa 5 que ofereça verdadeira proteção à linha defensiva, com posicionamento correto, combate qualificado, e bom passe; depois há a carência de laterais, que pode ser resolvida com Gabriel, e com Lúcio retornando à boa forma; mas eu acredito, ainda, que a insistência no 4-4-2 para dar espaço a Jonas também possa ser relacionada entre os problemas.
Contra o Santos o Grêmio jogou no 4-4-2 (conforme o diagrama tático que abre o post). Renato Portaluppi formou a defesa convencional de quatro jogadores, alinhou dois volantes à frente, abriu Souza pela esquerda, deixou Douglas flutando entre a direita e a articuação central, liberou Jonas para se movimentar à vontade, e centralizou Borges no pivô. Os laterais receberam autorização para o apoio. Com marcação agressiva no campo adversário, este modelo funcionou bem no primeiro tempo, mas se desorganizou na segunda etapa.
Há muita instabilidade no meio-campo gremista. Boa parte dos jogadores oscilam demais em suas atuações. É um risco despovoar este setor. Quanto menos jogadores no meio-campo, maiores são as chances de perda da posse de bola, ou de vulnerabilidade defensiva. Acredito que o 4-5-1, qualquer que seja a variação, é uma boa alternativa para amenizar este desempenho desequilibrado dos volantes e meias.
Nesta projeção, é possível se cogitar a saída de Jonas, dando lugar a mais um volante, ou a mais um meio-campista ofensivo. Apesar dos muitos gols marcados – é um dos principais artilheiros do futebol brasileiro em 2010 – Jonas destaca-se pelo jogo para si. Ele é um atacante que não se integra ao coletivo. Quando recebe a bola, dribla até abrir espaço, e chuta. Faz poucas assistências, troca poucos passes, triangula pouco. Recebe e chuta. Assim fazia gols, mas quando não acerta o alvo, apenas devolve a bola para o adversário.
A primeira alternativa no 4-5-1 seria o desdobramento para o 4-2-3-1. Modelo que se tornou tendência após a Copa do Mundo. Com todos os bons jogadores à disposição, projetei o seguinte:

Gabriel e Lúcio apoiariam alternadamente, recebendo cobertura do respectivo volante do setor. No meio, Souza, Douglas e Maylson (ou Leandro) atuariam agrupados. Quando Souza recebesse na esquerda, atrairia Douglas para a triangulação, e Maylson ingressaria em diagonal para auxiliar Borges na área. Valeria o mesmo do lado contrário: Maylson (e Gabriel) com Douglas fechando o triângulo, Souza em diagonal na segunda trave. E um volante adiantando-se para o rebote ofensivo.
A outra possibilidade é o 4-3-2-1 “Árvore de Natal” – o sistema Christmas Tree de Carlo Ancelotti no Milan: tripé de volantes, dois meias centralizados e um atacante. Alternativa mais defensiva, concentrando ainda mais o posicionamento dos jogadores na faixa central, para proteger a defesa e manter a posse de bola com jogadas curtas.

Sei que é um tabu para os torcedores cogitar a troca de Jonas por um meia ou por um volante, principalmente porque as opções não empolgam: Maylson, Adilson, Leandro, Fernando, Magrão, Rochemback, Douglas, Souza…todos oscilam, todos alternam boas e más atuações. Mas o Grêmio está precisando de maior consistência no meio-campo. E a regularidade de atuações recentes de Jonas, dominando e chutando, tem sido baixa.