Contra o Liverpool, após vencer em Portugal, o Benfica alterou o planejamento tático original e partiu de uma formação diferente – mais defensiva. E não suportou a pressão dos ingleses, levando uma goleada de 4 a 1, caindo nas quartas de final da Liga Europa.
Acredito que a intenção do técnico benfiquista fosse o espelhamento tático. Ao invés do 4-4-2 com meio-campo em losango, o Benfica entrou em campo utilizando-se do mesmo 4-5-1 em duas linhas com um meia-ofensivo, desdobrado em 4-4-1-1. Não deu certo.
Sem o atacante Saviola, o meia Fábio Coentrão, e o lateral Maxi Pereira, o técnico escolheu como substitutos respectivamente o meia Aimar, o zagueiro Sidnei, e o lateral Rubem Amorim. Repito: trocou um atacante e um meia por um meia e um zagueiro.
Ao contrário do bom losango com Javi Garcia de vértice, Ramires e Di Maria como apoiadores, e Coentrão no enganche, o Benfica teve uma linha de quatro jogadores – dois volantes marcadores por dentro (Javi Garcia e Carlos Martins), e Ramires e Di Maria mais abertos pelos lados; à frente da segunda linha, Aimar fez o enganche para o isolado Cardozo na frente.
No banco, o técnico tinha opções para manter o sistema 4-4-2 com meio em losango. Felipe Menezes, ex-Goiás, é meia ofensivo. E os também brasileiros Alan Kardec e Éder Luís são atacantes natos. Desfalques, portanto, não servem de justificativa para a alteração no sistema tático. A mudança faz parte de uma estratégia mais defensiva.
E sempre é arriscado buscar um espelhamento contra times ingleses na Inglaterra. Em campos mais curtos, equipes como o Liverpool adiantam suas linhas de marcação, e sabem se utilizar dos sistemas em duas linhas – tática que nasceu em Anfield Road. Contra “expertises” no assunto, melhor não arriscar. Na teoria, embates espelhados em duas linhas oferecem vantagem a quem domina o assunto, familiarizado com as virtudes e a vulnerabilidades.