Manuel Pellegrini já fez de tudo nesta temporada pelo Real Madrid: 4-4-2 em duas linhas de quatro jogadores; 4-5-1 com três meias ofensivos (ou 4-2-3-1, se preferirem); 4-4-2 com meio-campo em losango (o 4-3-1-2). E neste emaranhado de indefinições táticas, com jogadores demais no elenco, não conseguiu encontrar a formação ideal, ou a escalação definitiva.
Na vitória de hoje sobre o Almeria, o Real Madrid jogou no 4-4-2 bem brasileiro. Sistema tático aprimorado e desenvolvido desde a Copa do Mundo de 1982, com Telê Santana: dois volantes centrais, tendo à frente dois meias articuladores, também centrais – formando praticamente um quadrado; dois atacantes; laterais apoiadores.
Gago foi o primeiro volante – mais pegador, marcador - com Xabi Alonso ao lado, fazendo a saída de bola, principalmente devido à qualidade e à precisão no primeiro passe. Na segunda linha do meio-campo, posicionaram-se Guti à direita, e Van der Vaart à esquerda. Ambos com função ofensiva, aproximando-se por dentro da dupla de ataque (Cristiano Ronaldo e Higuaín).
Com as diagonais de Vaart e Guti, abriram-se os corredores laterais para Arbeloa e Marcelo. E eles utilizaram o avanço aberto insistentemente. Os dois laterais do Real Madrid assumiram posicionamento inicial muito adiantado, e a todo momento apareceram no ataque. Estratégia que fez também os zagueiros Sérgio Ramos e Albiol subirem suas linhas, avançando a marcação na perda da posse de bola.
O principal acerto, entretanto, não me parece apenas a escolha do 4-4-2 em quadrado, ou as diagonais dos meias, ou a fixação de Gago na proteção, ou o avanço dos laterais. Benzema, que pouco vinha contribuindo, parou no banco de reservas. E, sem ele, Pellegrini pode equilibrar melhor a estratégia sem a necessidade de utilizar jogadores ofensivos em excesso, o que compromete a organização tática e contribui para a indefinição constante.