Assisti hoje pela manhã à vitória do Spartak Moscou sobre o Tomsk, na transmissão do Campeonato Russo da ESPN. E foi bom acordar cedo para conferir os desempenhos de uma dupla brasileira que rege o meio-campo alvirubro com muita qualidade: Alex e Ibson.
Comecemos pelo sistema tático. O Spartak é russo, mas se utiliza do britânico 4-5-1 em duas linhas (ou 4-1-4-1). Na defesa permite-se o apoio moderado dos laterais, que recebem a cobertura do volante central Shyeshukov. Logo à frente, outra linha, com dois meias-centrais (Alex e Ibson), e dois extremos (Kombarov e o brasileiro Ari). No ataque, mais um natural do Brasil – o centroavante Welliton.
Alex, ex-Inter, é a referência técnica. Não há jogada que transcorra sem passar pela sua habilidosa canhota. Não atua como um “box-to-box” característico do futebol inglês, mas sim como um organizador tipicamente brasileiro: passe longo e aproximação para a conclusão. Distribui as jogadas, lançando os laterais ou os extremos, virando o jogo, ditando a velocidade, controlando a posse.
Ibson, este sim, reveste-se da função do jogador que combate em seu campo e conduz a bola à região adversária. É o box-to-box do Spartak, ou o carrillero para quem prefere a denominação argentina, ou ainda o apoiador para nós brasileiros. Do meio para a direita, oferece a Alex uma excelente opção de passe, ingressando por entre volantes e zagueiros para receber.
É uma combinação que dá vitalidade à linha de meio-campo: um organizador cerebral, e um apoiador. Ambos, ainda, beneficiam-se do oportunismo de Welliton, jogador do último toque, da conclusão das jogadas. Alex e Ibson trabalham a bola, sob a proteção de Shyeshukov, chamam os wingers para as tabelas, e acionam Welliton na área.
Não é um time brilhante, mas a análise é curiosa pela reunião de culturas diferentes no futebol: time russo, sistema britânico, característica brasileira.