O Santos perdeu ontem para o Vitória por 2 a 1, no Estádio Barradão, mas o resultado foi suficiente. A equipe paulista conquistou a Copa do Brasil, graças à vitória de 2 a 0 no jogo de ida, na Vila Belmiro. Assisti ao jogo pela TV, e por isso trago ao debate o sistema tático e a estratégia das duas equipes.
O Santos recorreu ao seu bem sucedido 4-3-3 – conforme o diagrama tático que ilustra o post. Dorival Júnior posicionou o meio-campo em triângulo de base alta, com Arouca no vértice de marcação, Wesley como apoiador pela esquerda, e Paulo Henrique como o articulador, na direita. Os dois laterais – principalmente Pará na direita – receberam livre autorização para o apoio alternado.
Na frente, o trio formado por Robinho, Neymar e André. Os dois primeiros pelos lados, mas não como pontas à moda antiga. Ao invés da linha de fundo, tanto Robinho na direita, como também Neymar na esquerda, priorizaram as diagonais para o meio, conduzindo a bola na direção da área, facilitando as tabelas com André e os meias.
Depois de sofrer alguma pressão no início da partida, o Santos controlou a posse de bola aproximando Paulo Henrique e Robinho. Apesar do campo embarrado, ambos comandaram as tabelas curtas, retirando velocidade do jogo. Quando o título era iminente, Dorival trocou André pelo meia Marquinhos, o que intensificou ainda mais essa posse baseada em aproximações.
O Vitória se utilizou do 4-4-2 com meio-campo em losango. Neto Coruja foi o volante central, com Elkeson e Bida de apoiadores, e Ramón na legítima ponta-de-lança. O veterano camisa 10 jogou espetado entre os atacantes, não como um organizador clássico, mas sim como um definidor de jogadas.
Na frente, dois centroavantes: Schwenck, deslocando-se para a direita para abrir espaço aos avanços de Ramón, também retornava à área para acompanhar Júnior. A estratégia foi clara desde o início: abdicar do jogo pelo chão, em função das condições do gramado, buscando a bola alta.
Neste aspecto, a equipe foi prejudicada pela carência técnica de alguns jogadores. O lateral-esquerdo Egídio, muito acionado – Gabriel, que substituiu Nino Paraíba no início da partida, é zagueiro e permaneceu na base marcando Neymar – consagrou-se como um cemitério de jogadas. O Vitória insistentemente procurou por Egídio, e ele não conseguiu completar praticamente nenhum passe ou cruzamento, desabastecendo os atacantes.
No confronto das duas estratégias – Santos controlando a posse, com passes curtos; Vitória com intenção de pressionar lançando a bola na área – os paulistas se deram melhor. A consolação para os baianos foi conseguir a virada em casa, vencendo a partida.