“Se Deus quiser, aos pouquinhos, a gente vai conseguir juntar e fazer tudo de novo”.
A frase espontânea e sincera, somada aos olhos cheios d’água do Seu Jacir Gonçalves são exemplos de otimismo e fé em meio a uma tragédia. Horas antes, o operário de uma indústria presenciava o telhado da própria casa sendo arrancado pelo vento, sem que pudesse fazer nada. A chuva forte parecia inundar o esforço dele e da esposa. Paredes e móveis molhados.
O casal foi um dos 300 moradores de Ernestina que foram surpreendidos nesta semana por um temporal. Menos de cinco minutos de ventos fortes foram suficientes para transformar a rotina daquelas famílias. Mais do que isso. Suficientes para destruir o que Jacir e a mulher levaram mais de dez anos para construir.
Ainda com a expressão de susto e os olhos marejados, contou a mim e ao cinegrafista Jeferson Barbosa, que, há alguns meses, conseguiram erguer as paredes de tijolo, substituindo a madeira. Uma conquista para quem vive com pouco mais de um salário mínimo por mês. O fogão, que estava sendo pago em dez parcelas, os móveis da cozinha, o forro da casa. Tudo se foi em menos de cinco minutos. Mas nem por isso ele perdeu a força. Com a ajuda de vizinhos, cobriu a casa com uma lona e quando perguntado sobre como recomeçar, não teve dúvidas: largou a frase que abre este texto.
São exemplos assim que nos fazem ver a vida de outro jeito. Para nós jornalistas, fatos como este são sempre dramáticos de cobrir. Afinal, lidamos com as emoções e a dor das pessoas. Mas em momentos tristes como este, é possível perceber que o tamanho da esperança parece ser proporcional ao tamanho do obstáculo.
Postado por Mateus Rodighero