EssesGATOS DE VIAGEM estavam esquecidos no desktop do meu computador.
A memória falhou, e eu não conseguia lembrar de onde vinham as fotos. Ficaram ali, esperando que um dia recordasse a origem delas.
Eu não lembrei, mas minha co-mãe Márcia, que foi quem me enviou, as salvou do esquecimento.
Elas vêm dos AÇORES (a-do-ro aquelas ilhas e tenho muito boas recordações de uma passagem por lá; sugiro incluir como um destino na sua lista, caso ainda não estejam).
Os dois gatinhos abraçados e que depois aparecem vendo a vida pela janela pertenciam a uma sobrinha de dona Márcia que vive no FAIAL, uma das ilhas do arquipélago português. Falo no passado porque, nesse meio tempo, entre outubro e agora, a gatinha cinza morreu.
As outras são numa casa de chá da ilha onde ela mora. Felinos são lindos em qualquer lugar do mundo.
Das muitas frases que falam deles, achei que essa é a melhor para retratar os gatos açorianos (de autoria de W.L. George):
É um descida de 100 metros, onde se pode ver estalactites e um lago de águas claras.
Tem escadarias e um esquema de segurança que parece muito bem feito, tudo apropriado para receber turistas etc e tal.
Não tenho problemas com lugares fechados, nada contra subterrâneos e afins e recomendo a visita.
Mas quase tive de sair carregada dali. Me senti tão mal… Tive de ficar um tempão sentada no carro, tomando ar, enquanto meus dois companheiros terminavam a visita.
Não sei exatamente o que aconteceu. A partir de então acho melhor ver vulcões do lado de fora. E de longe, é claro.
Nesse vídeo abaixo, com imagens belíssimas, você pode ter uma ideia do lugar…
Era óbvio o que eu encontraria ali e me preparei para isso. Desde 1865, acredita-se que pelas características do solo, corpos enterrados numa determinada região da cidade adquirem características de múmias e são reunidos num museu que já tem mais de 100 exemplares.
Sabendo disso, é ir ou não ir. Fui. Como eu sou do tipo que aguenta até o final mesmo filme sabidamente ruim, enfrentei até o fim aquele labirinto com corpos em sequência e fui tentando imaginar a história de cada um, com base nas descrições que ali estão.
Ao final, saí correndo e tive uma breve crise de choro. Passou, mas pra museus de múmias não me convidem mais.
Na foto abaixo, apareço em frente ao museu (não tenho nenhuma só dele!), bem faceirinha. Ainda bem que ninguém me fotografou na saída…
Quando lá estive (só para usar uma construção típica portuguesa!!!) vi muitas das capelas do Espírito Santo que pipocam no arquipélago dos AÇORES, mas não cheguei a participar de nenhuma festa.
Pois minha amiga Cecília Gregory, que está se despedindo daquelas ilhas, fez o favor de registrar as festas da freguesia da Ribeira Seca, que pertence à cidade da Ribeira Grande.
Comemorações como essas são características dos Açores. Na época do ano em que ocorrem, pessoas que saíram das ilhas e se instalaram no território ou na América do Norte costumam regressar às ilhas para celebrar.
Conforme a tradição, em geral uma criança é coroada na igreja paroquial, com um cetro e uma placa de prata como símbolo do Espírito Santo. É essa criança que preside as festas todos os domingos durante sete semanas após a Páscoa. Depois, no sétimo domingo do Pentecostes (o dia em que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos), há uma grande celebração.
É feita uma sopa com carne e legumes, distribuída com pão a todos os que não pertencem ao império local.
O centro das cerimônias é uma pequena capela ou império. É ali que a coroa, a placa e o cetro estão em exposição no altar. Os ilhéus reúnem-se para a festa, acompanhada por bandas, danças e mostras de flores.
Que a nossa caipirinha faz sucesso aqui e lá fora eu sempre soube, mas nunca tinha conhecido ninguém que vivesse da bebida (de preparar, não de beber!) até deparar com Milton, há mais de uma década, no sul de Portugal, no Algarve. Anos depois, conheci a Cecília, nos Açores. Eles estavam casados e viviam numa linda casa na Ilha de São Miguel e me receberam como se fosse alguém da família.
Cecília é portuguesa, engenheira ambiental. Milton é brasileiro, está concluindo os estudos agora e vive fazendo caipirinhas em festas pelas ilhas do arquipélago. Usa como base para a bebida a nossa cachaça, o único produto nacional com denominação de origem controlada.
Milton conta que tem clientes de todas as idades, dos cinco aos 90 anos. Calma, ele não vende álcool para crianças. É que ele também faz caipirinhas sem álcool (no lugar da cachaça vai suco de maçã, por exemplo).
No início, a venda era só para as crianças, mas o sucesso fez com que hoje ele acabasse vendendo mais para os adultos do que para crianças.
Na fila da caipirinha estão representadas todas as classes sociais. Milton, que fala pelos cotovelos, adora ver gente de todos os tipos ali, incluindo políticos, por exemplo. Conversar com o povo enquanto prepara a bebida é a parte mais interessante do trabalho, conta.
As melhores festas nos Açores, garante Milton, são as da Ilha Terceira, as São Joaninhas em Angra do Heroísmo e as da Praia da Vitória, festas gastronômicas para as quais são convidados os melhores restaurantes do continente, além de um país estrangeiro.
Em sete festas, Milton consome centenas de quilos de açúcar e muuuuuitos litros de cachaça!!! É caipirinha para ninguém botar defeito.
Sempre com saudade da terra, mas com um sotaque português inigualável, Milton mandou algumas fotos que mostram a ilha (a primeira é a da Lagoa do Fogo) e seu estande montado para uma das festas (acima).
P.S.: este post foi programado com bastante antecedência. Estou em férias até 3 de maio e, como de costume, deixo para contar as “aventuras” desses dias de descanso depois. Mas o blog segue com material que preparei previamente. Um abraço!
Perfil
Viajo muito menos do que gostaria. Talvez um pouco mais do que a maior parte das pessoas. Mas sempre que viajo, mesmo em férias, por mania de ofício, ando sempre com caneta e bloquinho, fazendo pequenas reportagens.
Gosto de dividir com os outros o que vejo, embora às vezes sinta um ímpeto egoísta de não revelar para ninguém aquele lugar especial e pouco conhecido, temerosa de que tudo mude quando eu voltar uma segunda vez. Pensamento passageiro. Acabo contando tudo aos quatro ventos.
Resolvi contar aos quatro ventos em um blog: o que vejo na cidade (Porto Alegre, no caso), no Interior (do Rio Grande do Sul) ou incursionando pelo Brasil ou Exterior.
Gosto de me mover, sem objetivo nenhum. Na infância, minha mãe me chamava de "porquinho de Santo Antônio" — quando o santo saía para pregar, dizia-me ela, era sempre seguido por um desses animais que, naquela época, conquistaram o direito de se mover livremente pelas ruas.
Por essa falta de objetivo, ao tomar carro, ônibus, barco, avião, identifico-me com o escritor e viajante Roberto Louis Stevenson, que uma vez escreveu: "Eu não viajo para ir a algum lugar, mas para ir. A grande emoção é se mover".
Sem nenhum outro objetivo que não compartilhar experiências, escrevo aqui dicas e curiosidades de viagens. Não são roteiros de uma especialista. São pequenos relatos de uma viajante comum. Envie os seus!