
Entre café moca no Starbucks em Guarulhos, jantar nas alturas rumo a Miami, cara amassada em Montego Bay e 120 minutos chacoalhando em um carro rumo a Oracabessa, o relógio girou 25 horas. (Oracabessa: pequena cidade localizado em Saint Mary, na Jamaica, com cerca de 4 mil habitantes e o mar mais azul que já encontrei na vida).

Quando, apaixonada por destinos inusitados que sou, deparei com a ilha de GoldenEye, não tive dúvidas do próximo carimbo para o mapa-múndi que decora o meu quarto. Antes de começar o relatório sobre os cinco dias no paraíso, acho importante salientar que o nome GoldenEye não é uma mera coincidência com o título do 17 º filme da franquia James Bond, que lançou Pierce Brosnan.

Ian Fleming, jornalista britânico idealizador do 007, escreveu todos os livros da saga em uma casa – que se mantém conservada e pode ser reservada por uma quantia generosa – dentro do hotel. Afinal, com um visual como o da foto acima, deve ser mais fácil dar conta de um best-seller.

Com apenas 11 cabanas disponíveis, por vezes, a sensação é a de estar em uma ilha deserta ou particular. As casas têm acesso direto ao mar, que impressiona pelas águas calmas, transparentes e mornas para banhos e mergulhos – e que, em determinado ponto, transformam- se em uma lagoa salgada, na qual é possível embarcar em um caiaque particular – cada quarto tem o seu – ou encarar um passeio de stand up paddle.

Por sinal, lá não tem academia. O estímulo local é para que os exercícios sejam todos praticados ao ar livre ou de acordo com a agenda da recepção, que oferece treinos funcionais e sessões de yoga e reggaelates.

No mesmo clima, os atendentes sugerem que os hóspedes não liguem o ar-condicionado e aproveitem para dormir com as janelas abertas, deixando a brisa entrar ( nem sempre é possível por conta dos 30ºC que fazem em média). Além disso, o chuveiro é instalado na área externa do bangalô – sim, os banhos são no pátio.

Aos fãs de 007, surpresa: os quartos estão equipados com a obra completa do espião, tanto em filmes quanto em livros. No material estudado sobre a região, identifiquei que o roteiro era um dos preferidos pelas celebridades chegadas em mais privacidade. Faz sentido. Os visitantes mal se cruzam pelas areias do hotel.

Mesmo assim, foi possível tomar um drinque com a atriz Kirsten Dunst no Bizot Bar – uma homenagem ao jornalista francês Jean-François Bizot, cuja revista, Actuel, tem suas páginas decorando as paredes – e dançar um hit de Bob Marley ao lado do ícone dos anos 1980 Grace Jones.

Para finalizar, vamos às perguntas clichês. Reggae? Sim, toca muito. Maconha? Liberada para consumo próprio, mas a quantidade é controladíssima. Rastafári? Poucos, a maioria da população é cristã.

Ah, e as 25 horas em trânsito valeram a pena. Até tentei, sem sucesso, adiar a passagem de volta. Yaman.
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