Recebi um e-mail hoje que me deixou chateada. Nele uma leitora aqui do blog relata a situação difícil que está enfrentando no seu relacionamento. Ela namora há quatro anos o mesmo cara, há dois estão morando juntos, uma vida bacana, com muito mais altos do que baixos. Pelo menos até dois meses atrás, quando ela descobriu estar sendo traída pelo “namorido” e, pior, com uma amiga. Apaixonada pelo cara, ela não tem coragem de contar que sabe tudo e ser trocada definitivamente. Por outro lado, não suporta a idéia de ser a escolhida e ter que acreditar que o cara vai, realmente, ser fiel outra vez. Por conta disso, mantém a amizade com a amiga traidora e se sente constrangida e envergonhada com a situação, sem jeito de abrir o que sabe e o que sente. E mais, termina o e-mail dizendo que jamais imaginava que fosse reagir assim a uma traição, mas descobriu que ama muito seu parceiro e não tem forças para dar um fim a história.
Não é a primeira vez que alguém passa por isso, é fato. Infelizmente a traição é algo que acontece muito na vida de alguns casais e pode ter mil justificativas. Eu particularmente não concordo com nenhuma. Acho que quando a vontade de trair acontece é porque o namoro (ou o casamento) já não faz mais sentido, precisa acabar. O problema é que nem sempre o sentimento é o mesmo dos dois lados e um sofre muito mais que outro. Daí vem a fraqueza e a falta de iniciativa em tomar uma decisão. Coisas da vida.
Estou trazendo esta questão para o blog porque foi o pedido da pessoa que me mandou o e-mail. Ela gostaria de saber minha opinião, a opinião do Alexandre e também a dos leitores que comentam aqui. É um caso delicado, muito triste eu diria. Nessas horas é inevitável pensar: “o que eu fiz pra merecer isso?”. Na real não fez nada, foi o tempo que fez. O mesmo tempo que transforma a paixão em amor e depois em parceria e aí em convivência e um dia, talvez, em amizade – não em todas as relações, mas em algumas e em tempos diferentes para cada envolvido. Só que quando se trata de sentimento, cada um sabe da sua dor.
Acho que é difícil tocar uma relação depois de uma traição, isso só vale para quem sabe perdoar e para quem sabe respeitar um perdão e não cometer novos erros. Eu não sei se conseguiria, mas admiro muito quem é capaz. Nessas horas a gente tem é que ser meio egoísta, ver a situação com frieza e se imaginar daqui para frente. O tempo cura tudo, então não precisa achar que vai sofrer para o resto da vida – um dia passa. Importante é tomar uma decisão, tentar ser forte e respeitar seus limites.
Para esta pessoa, que hoje me escreveu, meu conselho é: conversa com teu parceiro, conta pra ele que já sabe, demonstra tua tristeza e indignação, escuta o que ele tem a dizer. Não adianta empurrar esta situação com a barriga, só vai piorar. Ninguém é feliz vivendo uma mentira, mais fácil é gastar teu tempo investindo em retomar a relação, se essa for tua decisão, ou em retomar a tua vida sozinha e com um futuro pela frente. Não posso te aconselhar mais nada, não posso te dizer que eu já teria terminado o namoro, que já teria mandado minha amiga (que amiga?) para bem longe e que nestes dois meses que passaram, já estaria me sentindo bem melhor. Não posso te dizer isso, porque esta seria a minha reação.
Pra seguir a tua vida, essa é uma decisão só tua. Mas tem que ser uma decisão rápida, certo?
Então, boa sorte.
Postado por Rodaika