Me sinto muito honrada toda vez que os ouvintes do Pretinho Básico que me dizem que sou a representante das mulheres no programa. Como eu circulo muito por aí em função das gravações para o Patrola sempre foi comum as pessoas chegarem pra bater um papo, dar um beijo, tirar uma foto e tal. Depois que entrei no Pretinho este assédio aumentou bastante e entendo o motivo: num programa mais solto, onde os participantes dão suas opiniões sobre as coisas, é mais fácil que o ouvinte se identifique ou não, se sinta mais íntimo daquela pessoa, tenha menos constrangimento pra chegar.
Encontro muitas gurias, todos os dias, que me dizem “é isso aí, continua defendendo a mulherada lá, que aqueles pretinhos são uns machistas…”. Normal, né? Junta um monte de homens e um microfone para falarem o que vem a cabeça pra ver o resultado: piadas machistas!
Só que ser a única mulher no Pretinho Básico e defender sempre minhas idéias com os argumentos que eu acho convincentes não faz de mim uma mulher feminista. Longe disso! Não gosto do oito nem do oitenta. Acho que a vida tem meio termo pra tudo e a regra sempre vai ser o bom senso.
Então, fico a vontade pra comentar aqui o que tenho reparado no trânsito ultimamente: mulheres num ringue! Disputando contra quem? Contra mais mulheres no ringue!
Não, elas não estão praticando box na calçada ou na faixa de segurança, estão lutando do trânsito mesmo, dentro dos seus carros, numa eterna guerra contra as próprias mulheres.
Sempre defendi a ideia de que as mulheres são mais conscientes no trânsito, talvez por serem mais inseguras ou responsáveis, dirigem mais devagar, causam menos acidentes. Continuo pensando assim. Mas foi-se o tempo que só os homens se mostravam grossos na direção. Agora percebo que as mulheres não tem mais tanta paciência com outras mulheres e travam uma luta diária pra ver quem vai passar na frente, pegar o sinal aberto, estacionar primeiro, escolher a fila que anda mais rápido. Como se estivessem todas solteiras numa festa disputando a atenção de um único homem.
Por outro lado os homens seguem afoitos no trânsito, mas parecem mais tolerantes com as mulheres, disputam menos espaço, cedem mais. Não são todos, que fique claro. Estou falando de uma impressão que tenho no geral, nos trajetos que faço todos os dias.
E confesso que me incluo no grupo de mulheres que estão com cada vez menos paciência no trânsito. Nosso dia está cada vez mais corrido, tantos carros na rua só complicam, a sinalização é péssima… Existem muitas razões pra deixar a paciência em casa, mas tudo tem limite. Não concordo com a disputa feminina nesta área. Aí acho uma bobagem mesmo! Toda vez que percebo uma atitude assim perto de mim gosto de fazer aquela cara de paisagem e deixar a apressada passar.
A vida já é muito complicada pra gente ter que se preocupar em “vencer” no trânsito também. Ainda mais quando as adversárias somos nós mesmas.
Postado por Rodaika